Rubens Bomtempo, candidato do PSB à prefeitura de PetrópolisDivulgação

Na primeira entrevista da série que o jornal O DIA publica com prefeitos do interior do Rio, Rubens Bomtempo fala sobre o processo que o impediu de tomar posse em Petrópolis por quase um ano, após ter a candidatura indeferida. Ele assumiu o Poder Executivo municipal somente no último dia 18, depois de o Tribunal Superior Eleitoral rever a decisão das instâncias inferiores: a sentença condenatória que suspendeu seus direitos políticos de Bomtempo havia sido anulada. O alcaide aborda os desafios de uma transição a jato e os planos para o quarto mandato: "Nossa principal missão é reconectar a sociedade com o governo, recuperar a credibilidade dessa relação".
O DIA: Como é estar de volta ao comando de Petrópolis um ano depois de ser eleito?
BOMTEMPO: Por um lado, tenho o sentimento de que a Justiça foi feita. Fui impedido de assumir a prefeitura por um processo cuja sentença foi plagiada de outra ação, incluindo até mesmo o nome do outro réu. Provamos a injustiça que foi cometida contra nós. Por outro lado, perdemos um ano de governo por conta dessa situação. Estamos correndo contra o tempo para colocar em prática os compromissos de campanha pactuados com o eleitor.
Como o senhor enxerga o relacionamento entre o Poder Judiciário e a política atualmente?
A judicialização da política é um fenômeno que causou muitos danos à democracia em todos os níveis. Os poderes precisam ser harmônicos, mas independentes. Não é mais possível aceitar a interferência de um poder sobre o outro. No caso do julgamento sobre o registro da nossa candidatura no TSE, houve manobras até a última hora com o claro objetivo de criar ainda mais confusão para o processo.
Como é assumir a prefeitura sem de fato passar por um período de transição?
Estamos tentando fazer algo próximo a um processo de transição agora, nesse início. Temos uma situação muito difícil: a estrutura física do município está em péssimas condições; as secretarias não se conversam; a frota está sucateada; e há a perda de memória do serviço público. Muitos servidores se aposentaram nos últimos anos e não se fez concurso, mas contratações por RPA ou terceirizações. Já ordenei o início dos trâmites para um concurso público em todas as áreas da administração.
Seu secretariado conta com setores da sociedade civil e cinco mulheres no primeiro escalão. Qual será a cara/tom da gestão?
Estamos mesclando a experiência de quadros que contribuíram conosco nos outros períodos de governo com a renovação, apontando também para o futuro. Nossa principal missão é reconectar a sociedade com o governo, recuperar a credibilidade dessa relação, que se desgastou demais nos últimos cinco anos. Pretendemos recuperar as áreas sociais, o desenvolvimento econômico, reduzir as desigualdades sociais e fortalecer a participação popular, com o Orçamento Participativo. Também não abro mão da transparência.
O que o senhor pretende fazer de forma diferente no quarto mandato?
Todo período de governo é diferente um do outro. Agora, queremos deixar um legado de desenvolvimento social e econômico sustentável para o município. Para isso, vamos retomar algumas políticas públicas que se perderam. Um exemplo: na nossa gestão, Petrópolis caminhava para a sua independência financeira, com os maiores repasses de ICMS da história, por meio do Índice de Participação dos Municípios. Isso se perdeu e, no próximo ano, teremos uma arrecadação de menos R$ 40 milhões.
Como está a preparação para a estação de chuvas?
Embora esta ainda seja uma grande preocupação, construímos um legado na Defesa Civil que faz a cidade suportar melhor as chuvas, apesar do abandono que houve do trabalho entre 2017 e 2020. Estamos preparados para dar uma resposta ágil no caso de chuvas fortes.
Como a pandemia afetou o turismo em Petrópolis? Há planos para impulsionar o setor?
O turismo é uma das principais fontes de receita do município. Vamos retomar o calendário de eventos, com o maior cuidado com a cidade e também sensibilizando os próprios moradores.
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