Franklin Mandim PereiraBárbara Pereira / divulgação
Em ano eleitoral, as pesquisas são um elemento importante para acompanhar para onde vai o eleitorado. Em entrevista à coluna, Franklin Mandim Pereira, consultor de marketing e especialista em pesquisas eleitorais do instituto Scany, parceiro do jornal O Dia, falou sobre o cuidado que se deve ter para uma pesquisa ter sua confiabilidade reconhecida. "É fundamental considerar as dinâmicas sociais e tecnológicas atuais, como o impacto das redes sociais e a hesitação dos eleitores em revelar suas intenções de voto e a velocidade em que o sentimento eleitoral pode mudar no mundo moderno".
O que é necessário para uma pesquisa de opinião merecer o reconhecimento de confiabilidade no Brasil?
Para uma pesquisa de opinião ser reconhecida como confiável no Brasil, é crucial adotar metodologias rigorosas e transparentes. A amostragem deve ser probabilística e representativa da população, com margens de erro claramente definidas. Institutos de pesquisa precisam ser transparentes sobre suas metodologias e estar abertos a críticas construtivas. Além disso, é fundamental considerar as dinâmicas sociais e tecnológicas atuais, como o impacto das redes sociais e a hesitação dos eleitores em revelar suas intenções de voto e a velocidade em que o sentimento eleitoral pode mudar no mundo moderno. A parceria do Instituto Scany com o jornal O Dia mostra a busca por precisão e inovação.
Existem diferentes formas de metodologia para a realização de pesquisas. Quando o assunto é eleição, quais lhe parecem as mais eficazes?
Nas eleições, metodologias mistas que combinam abordagens quantitativas e qualitativas tendem a ser mais eficazes. Pesquisas quantitativas oferecem um recorte estatístico representativo, enquanto as qualitativas exploram nuances emotivações dos eleitores. Técnicas de coleta de dados devem incluir entrevistas pessoais, pesquisas telefônicas. A integração dessas metodologias permite uma compreensão mais abrangente do comportamento eleitoral, aumentando a precisão das previsões.
Qual a diferença entre as opiniões expostas nas redes sociais e as pesquisas realizadas com questionários e amostra representativa da sociedade?
Opiniões nas redes sociais refletem um segmento específico e vocal da população, frequentemente não representando a sociedade como um todo. As redes sociais são influenciadas por algoritmos que amplificam certas vozes e criam bolhas de opinião. Em contraste, pesquisas realizadas com questionários e amostras representativas são projetadas para captar uma visão equilibrada e estatisticamente significativa das opiniões de toda a população, proporcionando uma imagem mais precisa e abrangente das preferências eleitorais.
Se levarmos em conta a legislação eleitoral, o fator emocional, o ambiente em que se dá um pleito, existe diferença técnica na aferição de amostras no primeiro turno em comparação àquelas eventualmente colhidas no segundo turno?
Sim, há diferenças técnicas. No primeiro turno, as pesquisas devem considerar uma ampla gama de candidatos e a fragmentação dos votos. No segundo turno, a dinâmica muda para um cenário polarizado entre dois candidatos, o que pode intensificar o fator emocional e a decisão estratégica dos eleitores. Ajustes metodológicos são necessários para capturar essas mudanças, como focar em eleitores indecisos e analisar as transferências de votos dos candidatos eliminados no primeiro turno.
O instituto Scany e o jornal O Dia estarão juntos na eleição deste ano. Como será esta parceria?
A parceria entre o Instituto Scany e o jornal O Dia visa proporcionar análises eleitorais detalhadas e inovadoras. O Scany utilizará sua expertise em pesquisa para fornecer dados precisos sobre as preferências e tendências dos eleitores, enquanto O Dia garantirá a ampla divulgação e contextualização desses dados para o público. Essa colaboração busca oferecer uma compreensão aprofundada do cenário político, indo além das simples intenções de voto para explorar padrões comportamentais e contextos locais.
A rapidez hoje em dia que a informação se propaga pode interferir muito no resultado das pesquisas?
Sim, a velocidade da informação pode influenciar significativamente os resultados das pesquisas. Notícias virais, fake news e campanhas nas redes sociais podem rapidamente alterar a percepção pública e o comportamento dos eleitores. Pesquisas precisam ser adaptativas e realizadas com maior frequência para captar essas mudanças rápidas. Além disso, é essencial combinar métodos tradicionais com análises de tendências em tempo real nas redes sociais para obter um panorama mais atualizado e preciso do cenário eleitoral.
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