Daniela Santa Cruz está no segundo ano como presidente da Cidade das Artes, o maior complexo cultural do Rio. Carioca, advogada, doutora em Direito da Cidade pela Uerj e artista visual. Casada há 20 anos com o ex-presidente da OAB e atual secretário de Governo do Rio, Felipe Santa Cruz, ela sempre viveu os bastidores dos temas relevantes do Rio. Mãe de um casal de filhos. A paixão pelo Rio e a vontade de fortalecer o setor cultural a motivaram a aceitar o convite do prefeito Eduardo Paes. "É uma forma de devolver à minha cidade tudo o que ela fez por mim", afirma.
SIDNEY: O que ainda vem por aí? Qual a previsão para o segundo semestre?
DANIELA SANTA CRUZ: Nosso objetivo principal é tornar a Cidade das Artes um local de convivência para a população e acessível a todas as formas de arte, seguindo o que o prefeito Eduardo Paes tem buscado com os parques construídos em Realengo e Pavuna, por exemplo. Lugares bonitos e dignos para a população frequentar. Em 2023, fomos visitados por mais de 366 mil pessoas e quase triplicamos nosso público pagante. Além disso, hoje oferecemos à população uma diversidade maior de linguagens artísticas (dança, festival, instrumental, música popular, teatro infantil e adulto, artes visuais, gastronomia e teatro musical). Tudo isso nos levou a ter a maior receita da história do Complexo desde sua inauguração. Claro que a meta em 2024 é aumentar ainda mais esses números, diversificando ao máximo nossos espetáculos e eventos, sempre buscando a diversidade e a inclusão.
Qual é a programação para 2024?
Já tivemos grandes eventos do calendário da cidade neste primeiro semestre: Rio2C, Energy Summit e, em novembro, receberemos novamente a ExpoFavela. Realizamos shows de música brasileira em nossos jardins, vários espetáculos teatrais, recebemos o ballet Floresta Amazônica, da Cia Dalal Achcar, apresentações da OSB e da Petrobras Sinfônica, musicais infantis, shows de MPB nos teatros. Neste segundo semestre, acabamos de transformar nossa sala de leitura na Biblioteca Municipal Ziraldo, teremos as exposições dos artistas Carlos Vergara e Luiz Pizarro, além das exposições pautadas pelo edital, o espetáculo Sagração, da Cia de Dança da Deborah Colker, o musical A Noviça Rebelde, que foi sucesso absoluto em sua primeira temporada na Zona Sul, novas apresentações da Orquestra Petrobras Sinfônica e da OSB, apresentações de duas companhias internacionais de dança, a Parsons Dance Company e a St. Petersburg Eifman Ballet. Receberemos a Ópera Hilda Furacão, com a Orquestra Ouro Preto, o musical Concerto para Dois, com Claudia Raia e Jarbas Homem de Mello, e diversos stand-ups e shows de música.
Haverá lançamento de editais?
Sim, lançamos 2 editais inéditos este ano. Um de ocupação de pauta dos espaços, com 270 projetos inscritos de todo país, e outro de formação de plateia, com o objetivo de democratizar o acesso de ONGs e crianças de escolas públicas aos espetáculos e atividades culturais da Cidade das Artes. Foi a primeira vez que o complexo lançou editais e os processos foram muito bem-sucedidos. Nossa galeria de arte, por exemplo, está toda pautada até o fim do ano, com exposições muito interessantes e diversas.
A Cidade das Artes tem conquistado prêmios. Qual o significado para vocês?
Para nossa alegria, fomos indicados e recebemos 2 prêmios em 2023: o Prêmio Cenym na categoria "melhor teatro ou casa de espetáculos do Brasil" e o Prêmio Musical Rio Destaques na categoria "teatro favorito", com voto popular, o que é muito motivador. Fomos indicados também ao Prêmio Inspira Rio, na categoria Cultura.
Entre as grandes produções, há previsão de ocupação do espaço?
Todo espaço de cultura tem momentos ociosos, já que espetáculos e eventos artísticos não costumam acontecer de segunda a quarta-feira. Pensando nisso, aproveitamos para ocupar os espaços da Cidade das Artes com eventos corporativos, o que ajuda na arrecadação e acaba levando novas pessoas a conhecer nossa estrutura e programação. Aliás, temos também uma visita guiada que fala da arquitetura e mostra as salas de espetáculo por dentro. Os visitantes adoram e sempre se surpreendem. A arquitetura da Cidade das Artes é realmente uma atração à parte. Você descobre todo dia um novo ângulo.
A Cidade das Artes está passando por mudanças, quais são elas?
Ao longo desses 18 meses, conseguimos fazer muitas melhorias físicas. Temos agora um sistema de refrigeração dos teatros e salas totalmente reestruturado e estamos preparados para o próximo verão. Limpamos as fachadas, que estavam muito escuras, instalamos um parquinho infantil em parceria com a Comlurb, limpamos a Maquete do Rio feita com quase um milhão de peças de Lego, criamos novas salas passíveis de utilização pelas produções, instalamos iluminação de galeria em uma sala multiuso, aumentando nossa possibilidade de receber exposições de arte. Recuperamos as pedras portuguesas, melhoramos os elevadores, recuperamos mais de 300 cadeiras e poltronas, instalamos mais bebedouros e vending machines para o conforto do público, entre diversas outras ações.
Entre as mudanças, há melhoria da acessibilidade?
Nossa acessibilidade costuma ser elogiada. É claro que as grandes dimensões da Casa tornam o deslocamento mais complexo, mas temos muitos elevadores e rampas, escadas rolantes, cadeiras de rodas e uma equipe muito atenta às necessidades do público.
A localização da Cidade das Artes é considerada distante por muitas pessoas. Existe algum projeto para facilitar o acesso?
Este é um preconceito cultivado pelo carioca da Zona Sul, de achar que tudo na Barra é longe e tem que ser feito de carro. O acesso à Cidade das Artes, por exemplo, é muito viável. Na própria estação de metrô Jardim Oceânico é possível pegar o BRT amarelo, que está espetacular. Chegando ao Terminal Alvorada há uma passagem subterrânea muito iluminada que leva diretamente à Cidade das Artes. Temos um vídeo em nosso Instagram demonstrando este percurso. Aos poucos, vamos descontruindo este preconceito e temos conseguido trazer espetáculos que antes não teriam a Barra como destino. Temos um estacionamento com mais de 500 vagas e com a ajuda da CET-Rio conseguimos melhorar muito a sinalização externa nas nossas proximidades, sendo possível chegar com tranquilidade às entradas do Complexo. A sinalização interna também está sendo aperfeiçoada, com novas placas e adesivação de áreas.
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