Fernanda Lessa, presidente da FIA/RJDivulgação
Presidente da Fundação para a Infância e Adolescência (FIA/RJ), Fernanda Lessa já foi educadora ambiental e coordenadora do Projeto de Esporte e Lazer de Rio Bonito. A Fundação que comanda atualmente tem importantes programas em prol de crianças e adolescentes, entre eles o Núcleo de Atendimento à Criança e ao Adolescente Vítimas de Violência. "O NACA tem como recorte de público alvo de atendimento, crianças e adolescentes de famílias envolvidas em dinâmicas com violências intrafamiliares, as quais podem ser físicas, psicológicas, negligência/abandono e sexuais", explicou.
Em agosto foi sancionada lei que garante crianças e adolescentes visitarem pais internados em instituições de saúde. O que muda em relação ao que antes era feito e a importância da lei?
A liberação para que crianças e adolescentes visitem seus pais internados tem importância significativa na qualidade de vida do paciente e da família. O apoio emocional para quem está enfrentando um momento hospitalar pode proporcionar um grande alívio no processo de cura. Ver seus filhos, para quem está internado, pode ajudar a levantar o ânimo, reduzir a sensação de solidão e reforçar a motivação para a recuperação. Para as crianças e adolescentes, isso pode significar uma sensação de normalidade e pertencimento, mesmo em um período difícil. As visitas podem ajudar as crianças e adolescentes a entenderem melhor a situação do pai ou da mãe. Isso pode auxiliar na aceitação e na adaptação desse contexto, além de reduzir o medo e a ansiedade em relação à doença. Nada disso era possível antes da lei sancionada. Além disso, observamos o caráter de desenvolvimento social: Para as crianças e adolescentes que visitam seus pais internados, pode ser uma experiência formativa. Pode ensinar empatia, responsabilidade e a importância de apoiar os membros da família em momentos de dor. A relevância dessa lei, que garante esse contato íntimo entre os familiares, está em contribuir para uma recuperação mais rápida e do bem-estar de todos.
Desde 1996, quando iniciou o Programa SOS Crianças Desaparecidas, quantas crianças e adolescentes foram encontrados? Há quantos desaparecidos no momento e como é feito o trabalho?
Desde o início do Programa, foram recebidos 4.545 casos de crianças e adolescentes desaparecidos. Desses, 3.902 foram localizados e ainda há 643 desaparecidos. O trabalho do SOS Crianças Desaparecidas tem como objetivo identificar e localizar crianças e adolescentes. Os casos são recebidos pelo Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente, bem como por demanda espontânea. Nesse processo, são realizados o acolhimento da família, o cadastro do caso de desaparecimento, a divulgação do caso por meio de cartazes, a articulação com parceiros midiáticos e com a rede de equipamentos, o recebimento de denúncias e o atendimento psicossocial das famílias, além de outras atividades específicas de acordo com cada caso, com o objetivo de garantir os direitos das crianças e adolescentes.
O que a FIA pode auxiliar adolescentes em vulnerabilidade social na preparação para o mercado de trabalho?
Um dos programas da Fundação para a Infância e Adolescência (FIA/RJ) é o PTPA (Programa Trabalho Protegido na Adolescência), cuja proposta é a oferta de um curso de qualificação profissional seguido da possibilidade de estágio em órgãos/empresas parceiras. O programa se destina a adolescentes de 15 a 18 anos incompletos, e está inserido no rol das políticas públicas que buscam através da qualificação profissional, seguida da inserção protegida no mundo do trabalho, minimizar os efeitos da vulnerabilidade social de adolescentes.
Como funciona o Programa de Atenção à Criança e ao Adolescente com Deficiência?
O Programa de Atenção à Criança e ao Adolescente com Deficiência da FIA-RJ visa oferecer serviços de proteção a crianças e adolescentes com deficiências físicas, mentais, sensoriais, múltiplas e com transtornos psíquicos; privados de seus direitos e em situação de vulnerabilidade por meio de atendimento psicossocial especializado nas modalidades de convivência dia e acolhimento institucional, próprias e em entidades colaboradoras. Contamos hoje com 58 instituições conveniadas, entre elas um Abrigo FIA, localizado em Niterói, APAES, PESTALOZZIS, Acolhimentos Institucionais e Associações em 45 municípios do estado do Rio de Janeiro. No programa atende-se mensalmente aproximadamente 4548 crianças com deficiência, em Atendimento Especializado em regime ambulatorial nas áreas de habilitação e reabilitação. Atenção sistemática em unidades de atendimento-dia; atividades terapêuticas, educacionais, de assistência social, de cultura, esporte e lazer.
Como é o atendimento a crianças e adolescentes vítimas de violência doméstica?
NACA significa Núcleo de Atendimento à Criança e ao Adolescente Vítimas de Violência, sendo a instituição executora do Programa. Sua história é uma continuidade do extinto Programa de Atenção à Criança e Adolescente Vítimas de Maus Tratos, implantado em 2001 e financiado pelo governo federal. Com a consolidação do Programa, o governo do Estado do Rio de Janeiro assumiu a gestão dos serviços a partir da FIA - Fundação para a Infância e Adolescência. O NACA faz parte da administração indireta da Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos do Estado do Rio de Janeiro e é gerido em parceria com a UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro. O NACA tem como recorte de público alvo de atendimento, crianças e adolescentes de famílias envolvidas em dinâmicas com violências intrafamiliares, as quais podem ser físicas, psicológicas, negligência/abandono e sexuais. Ao não atendermos demandas espontâneas de possíveis usuários, trabalhamos a partir de demandas solicitadas por órgãos pertencentes ao Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente (SGDCA). Por ora, em especial, temos consolidadas parcerias com Delegacias (DCAV), Tribunais de Justiça, Conselhos Tutelares, DEAM’s, Defensoria Pública e Ministério Público.
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