Recém-empossado como presidente da Federação das Indústrias do estado do Rio de Janeiro, Luiz Césio Caetano liderou iniciativas de destaque na Firjan como o Projeto da Pequena Empresa, um portal voltado para pequenos e microempreendedores, e o grupo de trabalho Brasil 4.0, com propostas de abrangência nacional e estadual para aumentar a produtividade industrial. "No meu mandato, atuaremos para oferecer uma contribuição ainda maior, avançando, por exemplo, na adoção de práticas ESG nas estratégias de negócios".

SIDNEY: Como está a economia fluminense e o que a Firjan tem ajudado no esforço de alcançar bons resultados?
LUIZ CÉSIO CAETANO: A economia do estado do Rio de Janeiro encerrou o segundo trimestre de 2024 em crescimento, com um avanço de 4,5% em relação ao mesmo período de 2023. Este desempenho refletiu o aumento da produção em todos os segmentos. A indústria cresceu 5% no período, impulsionada principalmente pela produção de óleo e gás (4,4%) e pela construção (6%). Com isto, a economia fluminense apresentou um crescimento de 5,1% este ano, até junho, superando a média da economia brasileira, que registrou um avanço de 2,9%. Apesar do desempenho positivo, setores como a indústria de transformação ainda seguem com um nível de atividade 15% abaixo do máximo já observado. Para curto prazo, a expectativa é de continuidade do crescimento, com projeção de alta de 4% para o PIB fluminense em 2024, apoiada pela manutenção dos investimentos em óleo e gás e pela expansão de grandes projetos de infraestrutura, embora o ambiente de juros elevados possa moderar o crescimento dos serviços. A Firjan atua fortemente apoiando a indústria fluminense. E, em meu mandato, teremos quatro eixos de atuação, em prol do aumento da produtividade de nossas empresas e do desenvolvimento socioeconômico de nosso estado e do país: gestão pública eficiente; mão de obra qualificada; transição, integração e eficiência energética; e infraestrutura e segurança pública.

A mão de obra nas indústrias do estado vem crescendo?

Segundo os dados mais recentes do Ministério do Trabalho, de agosto deste ano, o setor industrial emprega 726,5 mil dos 3,9 milhões de trabalhadores com carteira assinada no estado do Rio de Janeiro, o que corresponde a 19% do total. Em outras palavras, quase um em cada cinco trabalhadores fluminenses tem sua carteira assinada pela indústria. Somente em 2024, o setor industrial contratou mais de 36 mil novos trabalhadores e foi responsável por 30% das vagas formais criadas no estado até agosto.

Qual a importância do setor de petróleo e gás fluminense para o país?

O estado do Rio é o maior produtor energético do país. Nossa posição em produção é conhecida e base para nossa economia. Recentemente, lançamos a 9ª edição do Anuário do Petróleo do Rio de Janeiro, que registra os principais números de produção de óleo a partir de águas fluminenses, ultrapassando a marca dos 3 milhões de barris diários. A manutenção e o aumento de produção, conjugados com a expansão da demanda mundial, representam mais que a presença no mercado global, garante uma segurança energética que o país sempre priorizou. O Rio de Janeiro é o maior exportador de óleo cru do Brasil, que aliás é o produto de maior participação na pauta exportadora do Estado. Temos um óleo com significativa valorização no mercado internacional por apresentar baixa concentração de enxofre e baixo custo de produção. No caso do gás, explorar todo o potencial do pré-sal é chave para a reindustrialização do país. Precisamos seguir investindo na produção, mas também nas infraestruturas de escoamento, transporte e distribuição, de forma a contribuir com a expansão do consumo também dentro do estado do Rio. Está na nossa pauta também a revitalização dos campos maduros e de economicidade marginal que permitem a atividade de operadores independentes que estão colaborando na fixação de renda e empregos no estado.

Como o problema de segurança prejudica a atividade empresarial?

São vários os problemas de segurança, que impactam não apenas as empresas, mas também os cidadãos e precisam ser enfrentados com urgência. É inaceitável o domínio de territórios por criminosos, uma doença cujos sintomas são visíveis: roubo de energia, o que faz das tarifas cobradas em nosso estado uma das mais elevadas do país; tiroteios que resultam em vítimas e impedem a circulação de trabalhadoras e trabalhadores; e a imposição de serviços clandestinos que minam os empregos e a arrecadação de impostos. Isto sem falar nos roubos de carga. Este ano, a Firjan contribuiu com um estudo, “Brasil Ilegal em Números”, que aponta um prejuízo econômico no Brasil de R$ 453,5 bilhões por conta do mercado ilegal. Estamos falando basicamente de mercadorias transacionadas ilegalmente, tributos que deixam de ser arrecadados e perdas com furtos de energia e de água. E isto significa investimentos e empregos que deixam de ser gerados.

O setor de infraestrutura precisa de investimento federal, mas também incentivos para parcerias privadas. O que exatamente?

Em uma conjuntura como a atual de restrição de gastos públicos, em que o Governo Federal precisa fazer escolhas, é imprescindível a realização de parcerias com o setor privado para o desenvolvimento de projetos de infraestrutura. O Brasil tem um histórico bem-sucedido neste sentido. Mas precisamos de um pipeline de projetos que seja estável, com políticas de Estado e não de governo, e um ambiente de segurança jurídica e de respeito aos contratos. Certamente que sempre haverá a necessidade de investimento federal em projetos que não oferecem viabilidade econômica, mas que são essenciais para a população, como pode ser visto naqueles listados no Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC.

Qual a atuação da Firjan no campo da inovação?

Para acompanhar a evolução contínua do mercado, oferecendo soluções inovadoras para a indústria fluminense, a Firjan realizou investimentos no crescimento da infraestrutura e no acúmulo de capacidades tecnológicas. Três Institutos SENAI de Tecnologia, inaugurados em 2015, atuam na prestação de serviços técnicos especializados de metrologia e consultoria: IST Solda, IST Automação Industrial e o IST Química e Meio Ambiente. Além deles, os Institutos SENAI de Inovação (ISI) Química Verde, o ISI Sistemas Virtuais de Produção e o ISI Inspeção e Integridade, inaugurados entre 2015 e 2019, oferecem conhecimento técnico em soluções aplicadas à realidade da indústria, beneficiando em sua maioria pequenas e médias empresas. Em 2018, foi inaugurada a Casa Firjan, um ambiente de inovação, educação, criatividade e tendências, para apoiar as indústrias nos desafios da Nova Economia. O espaço sedia importantes iniciativas, presenciais e on-line, como o Festival Futuros Possíveis e o Pensa Rio. A Casa Firjan também possui um espaço para a fabricação digital, ampliando e democratizando o acesso a recursos tecnológicos. Os Fab Labs, as oficinas de tecnologia e eventos de Open Day ajudam a tornar visíveis as transformações trazidas pela tecnologia. A inovação também está presente em nossa atuação em capacitação profissional, através de uma atualização constante do portfólio de cursos da Firjan SENAI para atualizar as novas exigências do mercado.