Impactos das Variações Climáticas gráfico de divulgação

A pesquisa da International Fresh Produce Association (IFPA) com associados brasileiros trouxe à tona um retrato preocupante da vulnerabilidade do setor de flores, frutas, legumes e verduras (FFLV) diante das mudanças climáticas. Com 94% dos entrevistados relatando queda na produtividade, os números acendem um alerta vermelho para um setor que sustenta boa parte da economia agrícola e do abastecimento alimentar.

O dado mais impactante da pesquisa é a quase unanimidade entre os produtores sobre a redução causada pelas alterações ambientais. Entre os fenômenos mais danosos, as secas prolongadas lideram com 76% das menções, seguidas de chuvas excessivas (14%) e queimadas (9,5%). Tais resultados evidenciam a crescente imprevisibilidade e seus impactos devastadores.
Fim do Negacionismo Climático

Essa vulnerabilidade, embora conhecida, expõe a falta de preparo estrutural e de políticas públicas para lidar com fenômenos que já não são exceção, mas sim a nova regra. O cenário exige ações coordenadas e urgentes tanto no campo da mitigação quanto da adaptação climática.

Embora a maioria dos produtores perceba um impacto negativo generalizado, é intrigante que 50% dos entrevistados avaliem o impacto das condições climáticas como positivo para a qualidade dos produtos. Essa dualidade sugere que, para alguns cultivos específicos, as variações climáticas podem gerar efeitos inesperados — mas pontuais. No entanto, para 33% dos produtores, a qualidade foi severamente comprometida, reforçando que os extremos climáticos não beneficiam a cadeia produtiva como um todo.

"Os resultados das enquetes da IFPA revelam um setor de FFLV altamente vulnerável às mudanças climáticas, com impactos significativos na produtividade e na qualidade dos produtos. [...] No Brasil iremos colaborar com essa coleta de dados global." relata Valeska de Oliveira, country manager da IFPA

Embora a declaração reforce o compromisso da associação com o monitoramento climático, a crítica recai sobre a falta de ações concretas e efetivas no combate aos desafios. A pesquisa em si, por se limitar a um grupo pequeno de participantes, levanta questionamentos sobre a abrangência e representatividade dos resultados apresentados.
Papeis dos setores públicos e privados
Os dados servem como mais um lembrete da urgência em priorizar investimentos em tecnologia agrícola, práticas sustentáveis e políticas públicas voltadas à resiliência climática. Enquanto isso, a demora na implementação de estratégias de mitigação e adaptação climática compromete tanto a segurança alimentar quanto a competitividade do Brasil no mercado global de produtos frescos.

A pesquisa  funciona como um termômetro de um problema maior e mais complexo. Embora tenha seus méritos em abrir espaço para discussões importantes, ela reforça a necessidade de ações práticas e amplas. Com um cenário climático cada vez mais desafiador, o futuro do setor dependerá de uma resposta coletiva que inclua desde iniciativas privadas até políticas públicas integradas.

Se o Brasil, um dos maiores produtores de alimentos do mundo, não liderar essa mudança, quem o fará?