Rio - Ney Matogrosso, rebolando e cantando com seu inconfundível timbre o provocante refrão “vira, vira, vira homem/vira, vira/ vira, vira lobisomem”, se eterniza como corpo e voz do Secos & Molhados. Porém, o cérebro do grupo de rock que, nos anos 70, bate Roberto Carlos em vendas e se torna um fenômeno musical e comportamental, é João Ricardo. Ele é o autor de praticamente todo o repertório e criador do conceito visual do trio, completado ainda por Gerson Conrad.
“Eu sou o Secos & Molhados!”, decreta João Ricardo, que revive a banda no próximo sábado, no Teatro Rival, em show que celebra os 40 anos do disco de estreia. “Sei que gostariam que voltasse a formação original, mas acho muito difícil. Não falo com mais ninguém que participou daquele disco. Mas, claro, nada é impossível. Para mim, hoje, cantar com o Ney nem seria tão difícil. Agora, tocar com o Gerson não rola mais. Ele valorizou muito sua participação no grupo, coitado. Nunca tocou bem. Fora que já somos todos muito velhos, nunca seria igual ao que esperam”, avalia.
“Vende bem até hoje. Graças a ele, consigo viver modestamente. Os direitos que recebo por esse disco são maiores até que o que me rende quando o próprio Ney, em carreira solo, regrava alguma das minhas músicas dos tempos do Secos & Molhados”, compara João Ricardo.