Rio - “Cadê o Amarildo??!”, gritou um espectador enquanto Caetano Veloso cantava ‘Um comunista’ na gravação ao vivo do DVD do show ‘Abraçaço’, sábado à noite. A pergunta foi refeita, onze músicas depois, por parte da plateia que encheu a pista da casa Vivo Rio após ‘O império da lei’, música em que o cantor protesta sobre a impunidade de crimes cometidos no Pará. Por fim, o próprio Caetano se manifestou e, após o samba ‘Reconvexo’, perguntou pelo paradeiro do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, desaparecido há um mês na Rocinha.
Entra 'De Noite na Cama'
A indignação pelo sumiço de Amarildo pontuou a gravação do show inspirado no terceiro disco gravado por Caetano com a BandaCê. Iniciada na sexta-feira, quando foram fetas tomadas somente do palco, a gravação foi concluída no sábado em apresentação com o público na pista.
Em relação à estreia no Circo Voador, em março, a novidade do roteiro foi a inclusão do samba-rock ‘De noite na cama’ (1971) no lugar de ‘Alexandre’ (1997). Ao cantar a música que deu para Erasmo Carlos, Caetano desabotoou a camisa em gesto exibicionista que surtiu efeito entre a plateia jovem.
A gravação foi ágil, sem repetições e interrupções. Nem o tropeço do cantor na letra de ‘Homem’ (2006) parou a gravação, que vai originar CD e DVD editados na série ‘Multishow ao vivo’ ainda este ano.
Dirigido pelo próprio Caetano, o show costura músicas do CD ‘Abraçaço’ (2012) com sucessos antigos do artista. A alegria de estar em cena dissipa a melancolia das músicas.
