Rio - Paulinho Vilhena chega ao hotel marcado para a entrevista sem fazer muito alarde, talvez até um pouco tímido. O cheiro do perfume é sentido em todo corredor, ele acena discretamente e procura se distrair um pouco, antes de enfrentar a sabatina. A barba, por fazer, indica que ele ainda não exorcizou o malvado Baroni, de ‘A Teia’. Mas um sorriso em seu rosto, após receber um elogio pelo papel no seriado policial, denuncia que ele não quer mais fazer jus à fama de ‘bad boy’, que ganhou após várias discussões com paparazzi. Durante a conversa com o DIA, o ator falou sobre seu novo filme, ‘Entre Nós’, do sucesso em ‘A Teia’, de frustração, da vontade de ser pai e não recuou quando o assunto foi o possível romance entre sua ex-mulher, Thaila Ayala, e o astro de Hollywood James Franco.
O Gus, seu personagem no filme ‘Entre Nós’, é bem diferente do Baroni, da série ‘A Teia’. Como é estar na pele de um homem frustrado?
A história do filme é um rito de passagem. Um grupo de amigos está em 1992, todos jovens, cheios de sonhos e aí combinam de escrever cartas e enterrá-las para lerem apenas dez anos depois. E essa passagem é muito dura para o Gus, que não consegue realizar seus sonhos e fica um cara frustrado. Ele sente uma tristeza profunda pela falta das realizações tanto na vida pessoal quanto na profissional. Ele também era um cara apaixonado, sonhava se casar, ter filhos e isso não aconteceu. E a mulher com a qual ele se relacionava acabou ficando com outro cara da turma deles.
Você já se frustrou como seu personagem?
Sempre fui muito objetivo. Sou capricorniano. As coisas que eu determino para minha vida, eu costumo lutar até conquistá-las. Frustrações a gente acaba tendo, inevitavelmente. Mas nunca tive nenhuma que me parasse ou me impedisse de continuar. Sou muito feliz com minha vida, sou um sortudo, digamos assim. Trabalho no que amo, tenho minha família, meus amigos, tenho saúde, posso viajar. Acho mesmo que sou um cara de sorte.
Você fala que o Gus é frustrado na vida afetiva e, de certa forma, você se casou com a Thaila Ayala, mas se separou. A separação não é frustração?
Sempre é. Porque você nunca entra numa relação para vê-la acabar. A gente sempre deseja que as coisas aconteçam da melhor maneira e que continuem bem, como é no começo. Mas você não pode abrir mão de sua felicidade, do seu bem-estar. Acho que, quando as coisas não estão bem, tem que ter o discernimento para perceber isso. Tem que tentar, claro, mas não insistir a ponto de se machucar.
Quando você lê alguma notícia sobre sua ex-mulher, te magoa? Recentemente, publicaram que ela está com o James Franco.
Não magoa porque a gente não está mais junto. A partir do momento em que se separa, a pessoa tem que viver sua vida. Sempre é difícil esquecer. A gente é ser humano, sente. Os sentimentos estão sempre guardados. Tem ex-namoradas com quem eu falo até hoje, não consigo fazer com que uma pessoa que fez parte da minha vida durante cinco, dez anos, simplesmente desapareça. Mas torço para que nossas vidas continuem bem e que a gente seja feliz. Cada um vai escolher o melhor caminho para si e assim que tem que ser.
Gosta de fazer planos futuros?
Não. As coisas sempre foram acontecendo no seu tempo. Comecei a trabalhar com meu pai, em uma loja de revelação de fotos que ele tinha. Até que meu irmão comprou uma máquina, fez umas fotos minhas e levei em algumas agências. Depois, comecei a fazer alguns trabalhos como modelo. Quando recebi meu primeiro cachê, enxerguei aquilo como uma oportunidade. Eu sempre fui muito obstinado.
Ter o próprio dinheiro é uma forma de independência. Você também gosta de gastá-lo com bens materiais?
Não tenho apego pelas coisas. Não tenho deslumbre pelo carrão, pelo relógio tal. Meu maior sonho de consumo é prancha de surfe. Toda vez que entro numa loja e vejo uma prancha maneira, me dá esse desejo do consumo.
Vamos falar um pouco da série ‘A Teia’, que acaba hoje. A série emplacou e foi um sucesso, né?
Tenho absoluta certeza que o Baroni é um divisor de águas dentro da TV para mim. É um personagem esperado, desejado por todo ator. Tem gente que espera uma vida inteira por isso e ele veio para mim aos 35 anos.
Você nunca teve fama de bonzinho e conseguiu convencer como um traficante mau, sem piedade, na pele do Baroni. Como foi a composição?
Esse personagem traz uma oportunidade gigantesca de ir nas camadas mais profundas dentro da psicologia humana. O Baroni é um cara com uma questão psíquica bem complexa. Estudamos muito para que as pessoas tivessem apreço por ele. É um cara que preza pelo cuidado da família e tem uma questão paterna que vai ser esclarecida ainda.
Na série, o Baroni diz que não pode ter filhos. Você quer ter filhos?
Muito. Eu morro de vontade. Mas agora vou ter que encontrar uma pessoa para me relacionar e chegar nesse momento.
Com o seu sucesso em ‘A Teia’, você acha que seu passe foi valorizado? Mexeu com seu ego?
Não. Muito pelo contrário. Por estar perto de pessoas que sempre admirei, como o Rogério Gomes (diretor), que penso diferente. Ver o tipo de profissional que ele é e suas qualidades como generosidade, humildade e o não-egocentrismo só me faz saber qual o caminho certo de trilhar.
Dá uma pista para os leitores do que vai acontecer hoje, no último capítulo de ‘A Teia’.
Cenas de muito impacto e o público vai se deparar com uma face bem temerosa do Baroni.






