Por karilayn.areias

Rio - ‘Cara, numa hora dessas, a gente fica é lembrando dos amigos que não estão mais aqui...”. Criador do Trem do Samba — que completa 20 anos e sai da Central rumo a Oswaldo Cruz amanhã, pontualmente às 18h04 — Marquinhos de Oswaldo Cruz esforça-se para espantar a tristeza pelos que se foram e junta bambas, baluartes e novidades do samba todos os anos. Como fez durante a semana para O DIA, animado pela recente ida do Trem do Samba para a França, com shows em Lille e Nice.

Sambistas na estação de Oswaldo Cruz%2C ponto final do Trem do SambaMaira Coelho

“Foi ótimo e vou até voltar lá para participar do Festival de Jazz de Nice no ano que vem”, anuncia Marquinhos, para quem Oswaldo Cruz, com suas esquinas cheias de bambas e sua ligação com a história da azul-e-branca Portela, é o próprio Museu do Louvre do samba. “Um museu de bens imateriais, culturais. É como acontece também na Feira das Yabás (outro evento que Marquinhos organiza). O espírito é de comunidade, o morador sai para ver a própria história dele ao vivo e leva até cadeiras de praia”.

Nos 450 anos do Rio, o evento traz vagões específicos para sambistas que vêm de outros estados — há o Trem de Minas no sétimo vagão do primeiro trem, e o Samba das Rocas, de Natal (RN), no sexto vagão do segundo trem.

“E há muitos sambistas paulistas espalhados em todos os vagões. O Dia Internacional do Samba (comemorado na última quarta) mobiliza muita gente de todo o Brasil, vem gente de todo o país para cá”, diz Marquinhos, só chateado porque o Trem do Samba não sai mais no dia 2 desde 2010. “É porque ficava superlotado. Mas o dia deveria ser feriado. Quando começamos, nem imaginávamos que o evento fosse ter esse tamanho”, espanta-se o músico. 
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Samba da tarde à noite
O Trem do Samba vai começar e o batuque está por toda parte. O primeiro vagão (são cinco trens, quatro deles com oito vagões) sai amanhã da estação Central do Brasil, no Centro, às 18h04, que era a hora em que o fundador da escola Azul-e-Branca Paulo da Portela pegava o trem de volta para Oswaldo Cruz. Mas a festa começa muito antes, às 15h, na Central, no Palco Vó Maria, com shows de velhas-guardas de cinco escolas (Vila Isabel , Império , Mangueira , Salgueiro e Portela) e mais bambas históricos como Osmar do Breque, Wilson Moreira , Nelson Sargento, Tantinho, Baianinho e Dunga. Dentro dos trens, escolha o seu vagão e fique na companhia de turmas como a do Bip-Bip (bar de Copacabana), do bloco Cacique de Ramos, do Bloco dos Cachaças e do Cartola de Noel. Ainda tem outras apresentações, como a de Analimar (filha de Martinho da Vila)e A Turma da Vila, Democráticos de Guadalupe, Criolice, Nossa Arte Niterói e a turma do Beco do Rato.
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Saindo dos vagões, tem mais festa a partir das 19h, em três palcos montados em Oswaldo Cruz — Tia Doca (na Rua Átila da Silveira), Dona Zica (Rua João Vicente) e Tia Eunice (na Praça Paulo da Portela, onde Marquinhos faz também a Feira das Yabás). Nomes como Marquinhos Diniz, Dorina, o próprio Marquinhos de Oswaldo Cruz e as velhas-guardas juntam-se a grupos como o Samba Social Clube, o Arruda e o Casuarina e a sambistas recém-chegadas ao universo dos batuques, como Branka e Thaís Macedo. “A ideia é fazer uma festa grande, com muita gente, com toda a diversidade do samba mais tradicional. Mas não pode ter oba-oba. Se trouxer gente que não tem a ver com o espírito original do samba, o evento perde totalmente seu sentido”, delimita Marquinhos. “O que estamos fazendo é reflexo de toda a nossa história.”
A entrada nos trens é gratuita, mediante a entrega de um quilo de alimento não-perecível. Toda a programação da edição 2015 pode ser conferida no site www.tremdosamba.com.
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