Por karilayn.areias
Rio - ‘Falir a família pela terceira vez seria um lugar comum para o Tino”, dispara Leandro Hassum, após as trapalhadas financeiras do personagem em ‘Até Que a Sorte Nos Separe 1 e 2’. Afinal, o que é perder alguns milhões ganhados na loteria e toda a herança da mulher quando se pode quebrar o país inteiro? Pois no terceiro longa da saga, que estreia dia 24, sobra até para Dilma Rousseff, e outras figuras livremente inspiradas no ex-magnata Eike Batista e na sua ex-mulher, Luma de Oliveira.
Leandro Hassum em 'Até Que A Morte Nos Separe 3'Divulgação

“Passamos a chamar o nosso roteirista de Nostradamus. Parece até que ele previu como o Brasil estaria agora”, diz o ator, referindo-se a Paulo Cursino, que escreveu a história no início de 2014. “Na época, não imaginávamos que estaríamos vivendo um momento de crise tão grande em meio ao lançamento, com CPI, impeachment...”, completa ele. Mas antes de instalar o caos no Brasil, Tino aparece repaginado.

Na primeira cena, a perda de peso do ator após uma cirurgia de estômago é justificada em um quadro do programa ‘Caldeirão do Huck’. O prêmio seria de R$ 1 milhão, mas, por algumas gramas, quem sai vencedor é o apresentador André Marques (que interpreta ele mesmo). “Achei uma saída muito bacana do Paulo. Porque sabíamos que isso seria questionado”, comenta Hassum, após emagrecer 54 kg na vida real. “O André foi muito presente nesse meu processo de emagrecimento. Achei legal essa homenagem, pois fiz a cirurgia com o mesmo médico dele. Aliás, foi ele quem me convenceu a procurá-lo. Tinha muito medo dessas coisas”, revela.
Publicidade
Sem o dinheiro do concurso, Tino e a mulher (Camila Morgado) decidem aceitar que não nasceram para a riqueza. Até que a filha mais velha do casal, Tetê (Julia Dalávia), e o filho do homem mais rico do Brasil, Tom (Bruno Gissoni), decidem se casar. Não por acaso, o pai do pretendente (Leonardo Franco) é a cara de Eike Batista e casado com Malu, uma ex-rainha de bateria, interpretada por Emanuelle Araújo. Tudo parece perfeito até Tino ganhar um emprego na empresa do magnata, atender a um telefonema e fazer a bolsa de valores despencar, falir o sogro da filha e quebrar o país.
“Foi tudo uma grande coincidência. Quando o Tino sai do coma no hospital e pergunta: ‘A Dilma ainda é presidente?’, não tinha nada a ver com o processo de impeachment. Mas agora todo mundo acha que foi por isso!”, diz Cursino, que, ao escrever a trama, confessa que teve medo de que algumas piadas ficassem velhas. “Em uma cena, fazemos uma brincadeira com o Cerveró. Na época, achamos que no lançamento do filme ninguém ia lembrar dele. Mas aí, você vê: ele voltou à tona recentemente, né”, comenta.
Na terceira fase do longa-metragem%2C personagem de Hassum vai levar o país à falência Divulgação

Mesmo fazendo piada com tudo isso, Cursino faz questão de ressaltar que, se a situação está ruim por aqui, todos têm culpa no cartório. “Não gosto muito de filmes que criticam um só lado da questão. Nem quando falam que o Brasil está assim por causa dos políticos, por causa da preguiça do povo ou da crise do mercado financeiro”, dispara ele, que emenda: “Os políticos só estão no poder porque o povo os colocou lá. Estamos duros porque compramos mais do que deveríamos... Por isso, o filme é uma grande lavação de roupa suja. Todo mundo tem uma peça suja para lavar nessa história”, justifica.

No meio de toda essa confusão, é o caçula da família, Juninho (Henry Fiuka), que se revela a pessoa mais centrada da história, justamente para simbolizar que ainda há esperança. “A crítica social está presente na comédia de uma forma sutil. Gosto de fazer isso, pois tenho uma visão otimista do país”, pondera Hassum. “Nossas crianças estão vendo toda a podridão que está acontecendo. Mas acredito que eles farão um futuro melhor. Afinal, crises vêm e vão”, conclui o ator.