Por luana.benedito
Cirque du SoleilDivulgação

Rio - Quarenta e oito artistas. Este é o número de pessoas que se apresentam em 'Amaluna', nova espetáculo do Cirque Du Soleil que estreia dia 28 no Rio. E não é que há dois brasileiros infiltrados nessa trupe top? Gabriel Christo, de 30 anos, é um acrobata mineiro, ex-ginasta da seleção brasileira de trampolim. Em cena, ele vive um marinheiro que, após uma tempestade, desembarca em uma ilha governada por mulheres. Gabriel está no Cirque há quase dez anos.

"Fui competir no Canadá e um olheiro do Cirque me viu. De início, eu não queria vir porque o foco eram os Jogos Olímpicos de 2008", disse. Mas aí a equipe não conseguiu ser classificada, e ele resolveu aceitar o convite: "Fui campeão brasileiro em 2006. Acho que cumpri meu ciclo no esporte". Para o atleta - que além de dez shows por semana treina duas horas por dia -, a oportunidade de estar em diferentes lugares e fazer ginástica são as melhores coisas do Cirque. A pior? "Abrir mão das coisas naturais da vida, como viver com a família, passar aniversário longe da minha mãe, namorar...", enumera o solteiro bonitão.
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PALHAÇA BRASILEIRA
Gabriella Argento, de 42, é outro talento 'made in Brazil' que brilha no Cirque. Em 'Amaluna', ela interpreta a palhaça Maïnha, que diverte a plateia antes mesmo de o espetáculo começar. Maïna passa o tempo todo tentando beijar um tímido palhaço e arranca gargalhadas do público.
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A história dessa paulista com a companhia começou em 1997, quando era treinadora de palhaços. Ela foi aprovada numa audição do Cirque, mas ficou fazendo parte de uma espécie de banco de talentos. Em 2004, recém-separada, recebeu a ligação que mudaria sua vida.
Cirque du Soleil - espetáculo AmaLunaDivulgação

"O Cirque estava me procurando. Tinha colocado anúncios na cidade porque meus contatos haviam mudado. Um amigo me ligou avisando, e eu, que só sabia chorar por conta da separação, fui correndo. Havia um papel para mim. Perguntaram se eu ainda estava gordinha. Queriam uma palhaça fora desse padrão de atleta. Então eu, que sempre fui sozinha, me agarrei nesta oportunidade. Não havia nada que me prendesse no Brasil. Sou filha única, neta única e não tenho filhos. Ah! Vou logo avisando que sou sozinha, mas não sou triste, não, viu?", brinca ela, que pretende retornar de vez ao seu país de origem para trabalhar com arte e educação.

Para o diretor artístico James Santos, é um prazer ter dois brasileiros no espetáculo que conta com 19 nacionalidades diferentes. "É um grupo diverso, e os brasileiros estão sempre dispostos. Na temporada que fizemos em São Paulo, parece que o público entendeu que haviam brasileiros no palco. Eles vibravam", observou.

Cirque du Soleil - espetáculo AmaLunaDivulgação

E Gabriel faz questão de deixar claro de onde vem. Tanto que, no final, ele dá até uma sambadinha marota no palco. Nos bastidores, o idioma predominante é o inglês, embora o francês, o espanhol e até o português estejam presentes. Mireille Marchal é canadense, mas fala português porque morou três meses no Rio. No espetáculo, ela é a percussionista de uma banda formada só por mulheres. "Eu vim para conhecer o Carnaval. Amo a música brasileira. Ouço Bethânia, Gil, Caetano, Lenine, Marisa Monte... No show, eu toco chocalho e triângulo".

'Amaluna' mostra o empoderamento feminino. "Sessenta por cento do show é composto por mulheres", revela James. A história se passa em uma misteriosa ilha governada por deusas. Para marcar a passagem de sua filha Miranda à idade adulta, a rainha Prospera comanda uma cerimônia que homenageia a feminilidade, a renovação, o renascimento e o equilíbrio. Depois de uma tempestade causada por Prospera, um grupo de jovens chega à ilha, desencadeando uma história épica e emocional de amor entre a filha de Prospera e seu pretendente: Romeo. Mas o amor deles será posto à prova a todo tempo.
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Reportagem de Fábia Oliveira
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