Rio - Quarenta e oito artistas. Este é o número de pessoas que se apresentam em 'Amaluna', nova espetáculo do Cirque Du Soleil que estreia dia 28 no Rio. E não é que há dois brasileiros infiltrados nessa trupe top? Gabriel Christo, de 30 anos, é um acrobata mineiro, ex-ginasta da seleção brasileira de trampolim. Em cena, ele vive um marinheiro que, após uma tempestade, desembarca em uma ilha governada por mulheres. Gabriel está no Cirque há quase dez anos.
"O Cirque estava me procurando. Tinha colocado anúncios na cidade porque meus contatos haviam mudado. Um amigo me ligou avisando, e eu, que só sabia chorar por conta da separação, fui correndo. Havia um papel para mim. Perguntaram se eu ainda estava gordinha. Queriam uma palhaça fora desse padrão de atleta. Então eu, que sempre fui sozinha, me agarrei nesta oportunidade. Não havia nada que me prendesse no Brasil. Sou filha única, neta única e não tenho filhos. Ah! Vou logo avisando que sou sozinha, mas não sou triste, não, viu?", brinca ela, que pretende retornar de vez ao seu país de origem para trabalhar com arte e educação.
Para o diretor artístico James Santos, é um prazer ter dois brasileiros no espetáculo que conta com 19 nacionalidades diferentes. "É um grupo diverso, e os brasileiros estão sempre dispostos. Na temporada que fizemos em São Paulo, parece que o público entendeu que haviam brasileiros no palco. Eles vibravam", observou.
E Gabriel faz questão de deixar claro de onde vem. Tanto que, no final, ele dá até uma sambadinha marota no palco. Nos bastidores, o idioma predominante é o inglês, embora o francês, o espanhol e até o português estejam presentes. Mireille Marchal é canadense, mas fala português porque morou três meses no Rio. No espetáculo, ela é a percussionista de uma banda formada só por mulheres. "Eu vim para conhecer o Carnaval. Amo a música brasileira. Ouço Bethânia, Gil, Caetano, Lenine, Marisa Monte... No show, eu toco chocalho e triângulo".