Rio - Ela recebe ligação de Shakira, tem seu próprio avião, sua agenda de shows não para de aumentar, a imprensa faz plantão na porta da casa dela. E a artista ainda precisa lidar com o marido, que caiu no ostracismo, e dar atenção aos filhos adolescentes. Essa é a rotina de Michele (Tais Araújo), a nova diva pop com pitadas de reggaeton, bossa eletrônica e batidas 'à la' dança do passinho de fama internacional da série 'Mister Brau', que estreia hoje, às 22h20, sua quarta temporada na Globo.
"Michele voltará bombando profissionalmente, e Brau (Lázaro Ramos) terá um desencontro com a arte, o que gera um contraponto entre ela se achando artisticamente, e ele perdido nesse sentido. Até que graças aos céus, ele se reencontra com a sua essência numa viagem à África", adianta Tais. "Ele não perde protagonismo. Começa a agir em busca da identidade que, em teoria, ele perdeu", esclarece.
Temas
Além de abordar temas como empoderamento feminino, a nova temporada ainda encontra espaço para tratar de assuntos como Operação Lava Jato, preconceito racial, drama dos refugiados e questões familiares. "Veio uma demanda muito grande da sociedade em rede social para que pudéssemos abordar assuntos sérios. Sempre que começávamos a falar de temas sociais, o retorno era enorme. Pensamos que as pessoas estavam a fim de falar sobre o que estava acontecendo no mundo de maneira leve e divertida", explica Tais. "E acredito que a comédia seja a melhor maneira de fazer isso. Estamos numa mudança de estrutura de sociedade, que urge por isso. Fazer isso num canal aberto me dá o maior orgulho", completa.
Estrela
Mas não pense que viver uma estrela da música mundial é uma missão fácil. Tais sentiu na pele o quão complexa é a missão. Só para ter uma ideia: ao todo, 15 canções inéditas foram compostas para a personagem. Que, além de cantar, dança como nunca ao lado de 12 bailarinos profissionais e de uma banda formada apenas por mulheres.
"Estou dando o truque em tudo como sempre. Dando o truque na dança, e no canto. Desde as Empreguetes (grupo fictício formado na novela 'Cheias de Charme', de 2012, na Globo), eu já percebi que, se eu tivesse talento para ser cantora, não seria, porque não tenho vocação. É muito ensaio, muita dedicação, mas é divertido brincar de popstar. Quando fizemos cenas de shows, com o estúdio lotado de figurantes, foi maravilhoso. Eu dizia para eles: 'Vocês têm que me ajudar, e pelo menos achar que eu sou alguma coisa'", brinca ela, que gravou 12 shows, sendo dez deles realizados em estúdio e dois em locações externas (Rio e Luanda, em Angola). Isso sem contar a apresentação em um trio elétrico. "Muito lindo ver como o povo angolano gosta de Brau, o quanto eles se identificam com nossos personagens e com nosso país. O número de crianças nas nossas gravações me emocionou demais. Fiquei com lágrimas nos olhos muitas vezes", conta.
Preparação
Para não fazer feio no palco, Tais tomou uma decisão: "Comecei a fazer aula antes de todo mundo para facilitar a vida da produção", entrega. A atriz fazia aulas em casa. "Eu não canto e não danço, mas se estou mais preparada, posso dar o mínimo pelo menos", diz a carioca. Até o desespero bateu. "Teve uma música que gravei que eu só chorava. Isso porque estava tão cansada que não conseguia alcançar as notas", lembra.
As danças também merecem um espaço à parte. Tais fez aulas de dança, mas quando o coreógrafo chegou com os passos para que ela colocasse em prática, a atriz descobriu que tirando o espelho da frente dela, não sabia dançar. "Eu estava copiando das meninas o tempo todo e só fui perceber isso no palco, por pura falta de técnica. Ensaiamos de novo sem o espelho na frente. Aí, me disseram que eu teria que usar microfone. Fiquei sem saber o que fazer de novo. Fui estudar as cantoras internacionais, e nenhuma canta com headset, só a Britney Spears. As outras cantoras usam microfone e dão o truque na dança, fazem uns movimentos pequenininhos e fica por isso mesmo", observa.
Beyoncé
Além de Britney Spears, Tais analisou atentamente Beyoncé. "A Beyoncé, por exemplo, na hora de cantar 'Single Ladies', que todo mundo quer vê-la dançar... Ela manda (os vocais) para os backing vocals, e não faz 'nada'. Fui entender como as cantoras fazem, porque dançar para caramba e cantar para caramba ninguém consegue. Mas precisa ter técnica, o que não tenho. E nem consigo ter com dois meses de preparação", explica. "Tenho vários truques. Se esqueço a música, coloco o microfone na frente da boca e vamos lá", confessa, aos risos.
Família
Na história, Michele ficará mais ausente de casa e da educação dos filhos, Lia (Brunna Oliveira), Egídio (Leonardo Lima Carvalho) e Carlito (Serginho Rufino). E Tais fala sobre o fato de sair para trabalhar e deixar em casa os filhos, João Vicente, de 6 anos, e Maria Antônia, de 3, ambos do relacionamento com o ator e apresentador Lázaro Ramos.
"Há três anos tenho trabalhado muito, e essa é uma questão da minha vida. Quando começo a gravar, vejo meus filhos muito pouco, e tem dias que não consigo vê-los acordados. Mas tenho uma profissão que me proporciona descansar de verdade, por dois ou três meses, quando acabarem determinados trabalhos, e ficar dedicada a eles", justifica ela, que frisa existir um equilíbrio.
"Eles estão superacostumados. A gente vai negociando o tempo inteiro. E tem minha mãe também, meu pai, meu sogro, e as meninas que trabalham com a gente. Essa ajuda faz com que eu fique muito segura em vir trabalhar. Fora que controlo o tempo inteiro o que eles estão fazendo, mas nada se compara à presença. Em algum momento, alguma coisa fica no débito", pondera.
