Chacrinha - Divulgação
ChacrinhaDivulgação
Por Filipe Pavão*
Rio - Quem foi Abelardo Barbosa, o Chacrinha? “Um revolucionário”. Essa é a palavra usada pelos diretores do documentário “Chacrinha - Eu Vim Para Confundir e Não Para Explicar”, os cineastas Claudio Manoel e Micael Langer. A cinebiografia, que estreou nos cinemas nesta quinta-feira, acompanha a história do Velho Guerreiro desde seus primeiros passos até o fim da vida, trazendo fatos desconhecidos, bastidores politicamente incorretos e a irreverência da figura que jogava bacalhau nas pessoas e tinha bordões inesquecíveis.
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“[O documentário] é um retrato fidedigno da história de um ícone do pop brasileiro, que é um mito fundador de quase tudo da indústria do audiovisual e do show business brasileiro. Ele não é só um apresentador, ele é o cara que toma conta do horário, traz o patrocinador, mede a audiência, pensa em todos os detalhes e atrações, se preocupa com o rival e arregaça limites. É o cara que é empresário, produtor, meticuloso e palhaço. É anárquico também. Isso que é inusitado”, conta Claudio Manoel.
Já para Micael, ele “trouxe o Brasil de verdade para a televisão brasileira “, ao ponto de popularizar o tropicalismo, o rock dos anos 80 e diversas outras vertentes da cultura. “Ele tornava algo popular e pegava o popular e tornava televisivo também. Era um gênio! Mas eu acho que pouca gente percebe o quanto daquele palhaço e maluco, que jogava bacalhau nos outros, tinha de meticuloso, obsessivo, detalhista e competidor. Tem um 'Q' de show business na veia que é fascinante”, detalha Claudio Manoel.
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Questionados sobre como seria o Chacrinha 30 anos depois, os diretores afirmam que é impossível prever o que aconteceria diante das transformações sociais e tecnológicas. “Essa questão de como o público reagiria a um programa como o do Chacrinha é recorrente. Na verdade, o programa ainda está presente, ele influenciou muita coisa que ainda está aí e, com certeza, influenciará muitos outros ainda por vir”, diz Micael.
“Você não tem algo de lazer que aglutine tanto como na época do Chacrinha quando os meios eram mais escassos. Você ter 70% ou 90% de audiência diz mais sobre as poucas opções daquela época do que só da capacidade daquele produto. Você vivia em uma época em que pilha e fósforo eram os maiores anunciantes, você tinha 2 ou 3 canais. Hoje, quantos canais você tem no YouTube? Quantos canais tem a disposição no stream? Então, ter algo com todo esse impacto é impossível, assim como ninguém vai vender mais 40 milhões de CDs porque ninguém compra mais CD”, completa Claudio Manoel.
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Entrevistas
Além de pesquisas em materiais já gravados, os diretores entrevistaram nomes conhecidos da televisão brasileira que conviveram com o apresentador, como o diretor Boni, a ex-Chacrete Rita Cadillac, a cantora Wanderléa e os apresentadores Pedro Bial e Angélica, além da família – os filhos Jorge Barbosa e Leleco e a viúva, Dona Florinda. Traz também o olhar de “herdeiros televisivos” como Luciano Huck e Gugu Liberato, um pouco antes de seu falecimento. Entrevistas antigas de Elke Maravilha e Chico Anysio também foram usadas.
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“Fomos muito felizes de conseguir entrevistar pessoas importantes para a história da TV. Infelizmente alguns outros já nos deixaram, o que sempre acontece quando contamos a história de alguém que já estaria com mais de 100 anos, mas um caso em especial tem um certo sabor agridoce, que foi a entrevista que o saudoso Gugu Liberato nos deu um pouco antes de sua morte inesperada. Vale destacar a sua fala, em que diz que “o mundo hoje está muito chato”, conta Micael.
Outras entrevistas interessantes são as de Boni, que detalha uma briga com o Chacrinha nos bastidores da Globo, e a de Tony Belotto, já nos créditos finais, que fala sobre a presença de cocaína e uísque paraguaio nos bastidores do programa. "Chacrinha - Eu Vim Para Confundir e Não Para Explicar" é um longa distribuído pela Bretz Filmes, tem produção da Media Bridge com coprodução da Globo Filmes, Globonews e Canal Brasil.
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* Estagiário sob supervisão de Tábata Uchoa