João Baldasserini Caio Oviedo

Por Filipe Pavão*
Rio - Quem acompanha a novela "Salve-se Quem Puder", da Rede Globo, se diverte com o caipira Zezinho, mas não é só o público que dá boas risadas com o personagem. O ator João Baldasserini conta que se divertia ao receber as cenas e gravar os capítulos, além de revelar que sempre quis fazer um personagem parecido com o par romântico de Alexa (Deborah Secco).
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“O Zezinho é uma alegria. Ele é carismático e fofo. Quando soube que ia fazê-lo, fiquei muito feliz. Quando vi que era um caipira e tinha uma relação conflituosa com a personagem da Alexa, me remeteu a novela ‘O Cravo e a Rosa’ e eu era apaixonado pelo Petruchio. Na época, não imaginava que faria um personagem como o do Eduardo Moscovis. Então, eu já tinha essa vontade de fazer um cara da roça no teatro, mas veio a oportunidade de fazer na TV e consegui atingir mais gente”, diz.
No ar com capítulos inéditos desde maio, João lembra das gravações que terminaram em dezembro do ano passado. Ele conta que não foi fácil gravar durante a pandemia, mas foi necessário para contar a história de Zezinho, Alexa e companhia. Ainda diz que só foi possível graças a um rígido protocolo, que incluía máscaras, álcool em gel, acrílico separando os atores e jogos de câmeras.
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“Gravar durante uma pandemia foi algo inédito para a televisão e para as novelas brasileiras. A gente está acostumado a ter contato, a se abraçar porque é uma profissão que exige uma troca de intimidade e de afeto. No início, houve um estranhamento, mas nada que a gente como artista não tenha se adaptado”, conta ele, que ainda revela o maior incômodo.
“Realmente, a questão do acrílico causou um estranhamento. A gente tinha que fazer um esforço para contracenar com uma parede na sua frente. Nas cenas de beijo, era tudo uma questão de ângulo de câmera, não tinha o beijo de verdade, a gente beijava o ar. Era uma situação engraçada. A gente fechava olho e ficava igual criança que quer aprender a beijar e beija o box do banheiro”, completa João, aos risos.
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Parceria com Deborah Secco
Par romântico de Deborah Secco na telinha, ele não esconde a admiração pela parceira e ainda relembra o primeiro contato virtual com a atriz. “Antes das gravações, recebi uma mensagem dela no Instagram dizendo: ‘que prazer trabalhar com você’. Eu ainda falei com minha esposa: ‘nossa, amor, recebi uma mensagem da Deborah Secco, que incrível’”, lembra.
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“Além de uma grande atriz, é uma grande pessoa. Quando a conheci, ela foi super gentil comigo. Em cena, ela tem uma intimidade inacreditável com a televisão e realiza de maneira simples coisas dificílimas de fazer. Ela grava 30 cenas por dia e decora de um jeito que eu falo: ‘como você consegue?’ É uma atriz que vale a pena ter a oportunidade de contracenar”, ressalta João.
Veia cômica
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Zezinho não é o primeiro personagem que João faz sucesso no humor. Em “Haja Coração”, novela que foi reprisada durante a pandemia, ele também trouxe essa pegada cômica com o vilão Beto e garante que se divertia em cena. “Eu primeiro me divirto para depois divertir o outro. É horrível você contar uma piada que não acha graça porque ninguém vai rir”, diz o ator que não se considera um humorista.
“Eu digo que não sou humorista, eu sou um ator que consegue realizar a comédia. O humor é uma técnica. Se souber pontuar e dar a pausa no momento certo, você pode fazer a mesma frase ser um drama ou uma comédia. No humor, não pode ter julgamento porque a graça vem dos momentos de vergonha. Para fazer humor, você tem de se permitir. E com o Beto, eu pude fazer isso. Foi uma descoberta para mim. Descobri que tinha essa capacidade de ser engraçado. Até então, eu via mais graça nos outros”, confessa.
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Vida no interior
Com as gravações de "Salve-se Quem Puder" finalizadas, João retornou com a esposa, o filho e o cachorro para Indaiatuba, no interior de São Paulo. Curado da covid-19, ele conta o que tem feito durante o isolamento social.
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“Tenho lido bastante e tenho mergulhado em romances para aliviar essa realidade que a gente está vivendo. Também faço terapia para manter a minha serenidade e estou curtindo o meu filhão, que tem um ano e 6 meses. Ele começou a andar agora e dá trabalho, mas é uma delícia, é uma fase boa de acompanhar de perto”, pensa João.
Além da vacinação em massa, João quer de volta os abraços apertados. "Quanto mais tempo passa, com mais receio eu fico de como será abraçar outra pessoa. Será que a gente vai estranhar? Eu torço que a gente não esqueça disso porque somos um país muito afetuoso. Espero que a gente retome logo nossos hábitos", finaliza.
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*Estagiário sob supervisão de Cadu Bruno