Mel Lisboa e Seu Jorge gravam ’Paciente 63’Divulgação
Entrando no embalo do principal discurso de seu personagem, Seu Jorge fala da possibilidade de surgirem outras pandemias após a atual. “Ele fala de gerações entre pandemias. Eu fico muito atento com essa mensagem do Pedro Roiter porque uma já causou um caos muito grande e ainda causa. Meu maior medo é que haja uma diversa variação desse mesmo problema e aí a gente tenha que aplicar diversas vacinas. Ele mesmo fala que foi vacinado cinco vezes aos 9 anos de idade. É muito complexo porque ele traz questões que não vivemos, mas que estamos muito próximos de viver. E isso nos aflige muito”, destaca o ator.
Mel Lisboa também analisa esse medo da imprevisibilidade do futuro. “A série é muito poderosa em vários sentidos. Se a gente imaginar que, há dois anos, em 2019, alguém me falasse que ia rolar uma pandemia, que ia fechar tudo... Eu ia falar que não. A gente está vivendo uma distopia. Isso é coisa de filme, a gente não ia achar que esse tipo de coisa acontece. E é isso que nos causa sempre essa angústia. Esse momento de ouvir a série e pensar nas 'gerações entre pandemias', nas mutações, vacinas... Bom, pode acontecer. A gente olha ao nosso redor e pensa no que a gente está vivendo, no que vai ser de nós. E isso é muito poderoso. Os bons produtos de ficção científica batem nessa tecla, eles dialogam com a nossa realidade, com o que a gente está vivendo hoje e com as nossas incertezas e inseguranças. E eu acho que isso é muito potente”, declara a atriz.
Trabalho técnico
Apesar de vivermos na era da imagem, ‘Paciente 63’ estreia em um momento de solidificação dos podcasts no país. Para Seu Jorge, produzir a série foi ainda mais difícil do que gravar canções. “Na música, a voz é importante, mas você tem outras tantas ferramentas. Você tem os músicos, você tem o arranjo. Nesse negócio, eu tinha a Mel, o texto e o microfone. Mas devido às circunstâncias, cada um ocupou uma sala e a gente trabalhava por vídeo conferência. E eu acredito que, à medida que a gente escreva mais projetos assim, isso vai ficar cada vez mais rico, mais interessante. Estou muito feliz de ter participado e aprendi muito. Nunca tinha feito nada parecido, mas sei da memória que existe no público brasileiro em relação às radionovelas. Fico muito feliz de escutar as pessoas dizerem que tiveram a curiosidade aguçada de saber como é o final da história”, revela o ator.
Mel, por sua vez, destaca a possibilidade da série em oferecer nuances únicas a partir de cada ouvinte. “Esse conteúdo de áudio na ficção, ele se assemelha à literatura, porque ele incentiva a capacidade imaginativa do ouvinte, assim como a literatura incentiva a capacidade imaginativa do leitor. Eu leio um livro e você lê o livro, a história é a mesma, mas o que a minha mente cria é único. E a sua mente vai criar uma história, personagens, cores e cheiros totalmente diferente do que eu criei. O conteúdo de áudio de ficção tem esse mesmo poder. Cada um vai criar o seu. A gente não tem muita ideia do quanto é importante que a gente exercite essa imaginação, esse lúdico. Por mais que você ache que está só recebendo, ouvindo seu podcast deitado no sofá, você está sendo ativo o tempo inteiro. Você é parte fundamental da história, porque sem você, não vai ter história. E isso é muito poderoso”, completa a atriz.
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