Branco Mello, Sérgio Britto e Tony Bellotto lançam o projeto ’Titãs Microfonado’

Rio - Ao contrário do que muitos pensam, depois da grandiosa turnê "Encontro" - que reuniu os integrantes originais dos Titãs em celebração aos 40 anos da banda - Branco Mello, Sérgio Britto e Tony Bellotto não quiseram tirar umas férias prolongadas ou até mesmo cogitaram uma aposentadoria. Apaixonados por música, o trio se uniu em um projeto mais intimista, intitulado "Microfonado", lançado na última quinta-feira (27), com versões atualizadas de canções já conhecidas pelo público, como "Marvin", "Cabeça Dinossauro" e "Sonífera Ilha", além de receber convidados bem especiais. Ney Matogrosso e Preta Gil estão entre eles. 
"As pessoas costumam ver como se fosse um sacrifício o trabalho que a gente faz. Mas, na verdade, é um grande prazer. Então, acho que isso explica tudo. A gente tem prazer em fazer o que faz. Então, a vontade que a gente tem é de se renovar, experimentar coisas novas. Nesse sentido, saindo de uma turnê grandiosa, como em grandes arenas, com uma pirotecnia, você voltar para um formato mais de teatro, de proximidade com o público, tocar num ambiente mais reservado, é uma coisa interessante e refrescante para a gente. Revitalizadora. Tem um prazer novo ali, um barato novo", comenta Sérgio Britto.
"A aposentadoria está fora dos planos", diverte-se Tony Bellotto. "Concordo com o que Brito falou: quando a gente faz um projeto como esse, 'Titãs Microfonado', que é totalmente diferente do 'Titãs Encontro', a gente até se renova ali, se revigora mais até do que se estivesse numa praia de férias. É muito legal, um trabalho que é muito estimulante, a gente gosta muito de fazer isso", frisa o músico. 
Participações especiais
Além de Preta Gil e Ney Matogrosso, Vitor Kley, Lenine, Major RD, Cyz Mendes e Bruna Magalhães fazem parte deste projeto dos Titãs. "A gente chamou pessoas que a gente admira, conhece, gosta do trabalho. Os dois mais óbvios são o Ney Matogrosso, que é um cara que, antes da gente pensar em ser músico já era uma lenda, e Lenine, que é nosso contemporâneo. Os dois se encaixaram como uma luva nas canções que a gente escolheu. O Major (RD) talvez tenha sido (o convidado) mais inusitado mesmo. Quem sugeriu o Major foi o filho do Branco Mello, o Joaquim. Ele é um rapper diferenciado. O Vitor Kley faz sucesso, já conhecia canções que ele tinha feito, ele é um ótimo compositor, toca piano, violão", diz Britto. 
"As outras duas meninas são garotas novas, que são excelentes cantoras. A Cyz Mendes tem uma voz incrível, uma potência, uma capacidade de interpretar qualquer coisa. E a Bruna Magalhães é uma cantora de MPB, compositora, que tem uma voz muito doce. Tem Preta Gil, que, na verdade, é uma amiga nossa de longa data, - antes dela ser cantora - e ela passou, assim como o Branco Mello, por um problema de saúde (câncer) muito grave, e a gente nunca tinha cantado com ela. Foi muito bonito esse encontro dos dois, tendo passado por tudo que eles passaram", opina o artista. 
Tony ainda comenta que revisitar alguns hits do grupo trouxe novas interpretações para as canções. "A música 'Um Mundo' foi composta durante a pandemia muito inspirada por essa ideia da polarização política de pessoas que têm ideologias ou convicções diferentes, e quando a gente gravou no 'Olho Furta-Cor', era muito a premissa da música. Quando a gente resolveu gravá-la no 'Microfonado', a gente chamou a Cyz Mendes para cantar comigo. O fato de ter um homem e uma mulher cantando dá um sentido também de uma relação amorosa, onde, muitas vezes, acontece essa disparidade das pessoas não se entenderem, apesar da paixão. Então, foi legal que a gente conseguiu dar um olhar diferente para as músicas". 
"Isso aconteceu com todas. Acho que não só com as novas, mas com sucessos também. O caso do Britto cantando 'Porque eu sei que é o amor' com a Bruna Magalhães, o fato de ser duas pessoas cantando, falando sobre o amor. Um homem e uma mulher ali, com vozes tão diferentes. Uma voz fininha, assim, suave da Bruna, o Britto com a pegada dele, novos significados aparecem. Então, foi muito legal nesse sentido também", destaca o cantor e guitarrista.
Desafios na gravação
Em um bate-papo descontraído, Sérgio confidencia que não foi tão fácil se apresentar para uma pequena plateia, composta por familiares, amigos e convidados, no estúdio onde ocorreu a gravação do projeto. "Tocar em um ambiente que parece quase como se estivesse na sala da tua casa, até porque não tinha muita amplificação, era praticamente o som dos instrumentos e das vozes... Talvez tenha ficado mais nervoso nesse show do que em shows e em estádios, porque você fica muito exposto. Fica tudo muito mais audível, invisível", explica.
O show de estreia da turnê 'Microfonado' acontecerá no dia 19 de julho, no Vivo Rio, na Zona Sul da Cidade Maravilhosa, com direção do consagrado Otávio Juliano e desenho de luz por Guilherme Bonfanti. "A gente está botando a maior fé. Vão ter todas as canções do Titãs Microfonado e muitas outras. É um show longo, bem cuidado no ponto de vista de cenário, iluminação. É uma apresentação mais intimista. É um espetáculo mesmo, a gente está fazendo com muito capricho. Para quem gosta dos Titãs ou quer conhecer, vai ter tudo ali. A gente está com uma expectativa muito boa", adianta Bellotto.