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Rio - De volta ao comando da Mocidade Independente de Padre Miguel, o capitão do jogo do bicho Rogério de Andrade, de 50 anos, marcou presença, com pompa e circunstância, na Sapucaí, nas quatro noites de desfiles, que incluem os dois da Série A e os dois do Grupo Especial.
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Na segunda noite de desfiles, Rogério chegou antes do desfile começar, às 19h45, e fez questão de passar pela concentração da escola. O famoso contraventor foi visto chorando e até cantando no camarote da escola. Ele ainda garantiu que, em 2015, vai encher a escola de dinheiro e que o desfile deste ano foi apenas uma prévia.
Sobrinho do lendário presidente de honra da escola Castor de Andrade, falecido, Rogério mostrou que queria saborear em boas doses a liberdade na Avenida - nos últimos 15 anos ele esteve foragido ou preso, acusado de envolvimento em homicídios e a máfia dos caça-níques. O contraventor não economizou, gastou pelo menos R$ 500 mil para bancar os custos de quatro camarotes, R$ 65 mil, cada um, o equivalente a R$ 260 mil, além buffet e ornamentação, avaliados em R$ 240 mil. O desenho de um castor era destaque da decoração, inserido no escudo da escola.
O camarote que Rogério ficou foi regado à champanhe da marca francesa Moët & Chandon, uma garrafa custa em média R$ 220, vodka - bebida consumida pelo contraventor - quitutes, presunto de parma, frutas, mullheres bonitas e seguranças, que não usavam credenciais para não chamar a atenção. Cada um da 'tropa de elite' recebeu 18 convites. Até no banheiro, ele contava com a escolta.
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O deleite do bicheiro, na volta ao mundo do samba, começou na Avenida, na última sexta-feira. De camisa social branca justa, marcando os músculos, resultado de tratamento hortomolecular, calça jeans e sapatos de couro, ele curtiu o desfile das escolas do grupo de acesso. No sábado e domingo, ele elegeu camisas da cor verde. Tanto o branco e verde são as cores da agremiação. A cada intervalo do desfile, um DJ mandava ver nas picapes música eletrônica, nova paixão do bicheiro, que fumava quase um cigarro atrás do outro.
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No domingo, Rogério, chegou acompanhado de cinco segurança, à Sapucaí às 22h40, quando ainda desfilava a Grande Rio. No camarote, pelo menos, 30 pessoas aguardavam a chegada do chefe. O contraventor só deixou a Sapucaí, às 5h22, quando a Beija-Flor ainda evoluía na Avenida. Na saída, ele estava de mãos dadas com uma bela loira, seguido por séquito de 24 pessoas, entre elas cinco segurança e mulheres, que por coincidência usavam vestidos modelo tubinho.
BEIJA-MÃO
Sem celebridades, o camarote de Rogério Andrade não deixou de contar com a presença de parlamentares. O primeiro a prestar reverência ao contraventor foi o vereador Marcelo Arar, do PT. Ele chegou para falar com o bicheiro durante o desfile da Mangueira. Outro que fez questão do beija-mão foi o deputado estadual Coronel Jairo, do PMDB, que tem forte atuação na Zona Oeste, reduto de Rogério. Durante 25 minutos, o Coronel Jairo, que chegou com uma comitiva, conversou animadamente com o bicheiro, enquanto o Salgueiro desfilava.
Em abril do ano passado, Rogério conseguiu vitória importante na Justiça. Os jurados do 4º Tribunal do Júri da Capital absolveram, por maioria de votos, ele e seu irmão Renato dos assassinatos do primo, Paulo Roberto de Andrade, e seu motorista, Haroldo Alves Bernardo. Os crime foram cometidos em outubro de 1998. Rogério havia sido condenado a 19 anos e 10 meses de prisão pelos crimes em 2002, mas teve o julgamento anulado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Rogério é acusado de envolvimento com a máfia dos caça-níques em função da guerra pela disputa de território com Fernando Ignácio, genro de Castor de Andrade. Ele é apontado ainda como o mandante do assassinato de seu ex-chefe de segurança, o sargento do Corpo de Bombeiros Antônio Carlos Macedo, em 2010. O bicheiro teria determinado a execução de Macedo como vingança pela morte do filho Diogo, em atentado à bomba, também em 2010.