Daniel RangelIsabella Manhães / Divulgação
- Você ganhou notoriedade ao integrar o elenco de duas novelas seguidas, ao interpretar o Julio em "Amor Perfeito (2023) e, atualmente, o Guto em "Família É Tudo". Como está sendo essa atual fase da carreira?
Muito boa. Sinto um amadurecimento em relação até aos próprios personagens, tanto o Julio quanto o Guto dão possibilidades de mostrar outras camadas como ator. Acho que o Julio foi o meu personagem mais maduro, num lugar que eu ainda não tinha experimentado na televisão, de fazer um personagem denso e sério. (...) E agora também é tão legal quanto fazer o extremo oposto disso, também pela primeira vez na televisão, que é colocar o meu pezinho ali na comédia.
- Qual foi o sentimento de interpretar dois personagens tão diferentes um do outro?
Eu fico muito feliz de ter essa oportunidade de mostrar, num período tão curto assim (dois personagens diferentes). Abrir um leque muito dramático e um muito na comédia romântica. Dois personagens riquíssimos, dois personagens que cresceram muito ao longo da trama.
- Considera um aprendizado ter contracenado com grandes nomes da teledramaturgia?
Costumo falar que eu sou formado na CAL (Casa das Artes de Laranjeiras) como ator, mas logo depois eu fui formado em Camila Morgado, sendo filho dela por 284 capítulos na 'Malhação', porque isso é uma formação. Imagina, você conviver com Camila Morgado, gravar 284 capítulos como filho dela. Isso é currículo, isso é aprendizado para caramba. 'Amor Perfeito' também é um aprendizado bizarro. Aprendi muito com Camila Queiroz, com a Ana Cecília Costa, que trouxe pra vida. É uma atriz genial, visceral, sempre faz muito teatro associado com audiovisual também, acho que isso potencializa o nosso trabalho como ator.
- Em "Família é Tudo", a demissexualidade, que é uma orientação sexual na qual a pessoa se sente atraída por outra somente quando há um vínculo afetivo, foi abordada com o seu personagem. Você teve algum retorno do público com relação a isso?
Sim, vi muita gente ficando feliz desse tema estar sendo abordado pela primeira vez, porque as pessoas ainda confundem muito. Então, vi algumas pessoas na época que essa trama foi pro ar falando: 'ah, mas isso já tinha sido mostrado em 'Travessia' com outro personagem. Não, em 'Travessia' o personagem do Thiago Fragoso era assexuado, demissexual não é assexuado. Então eu achei muito legal, acho que foi a primeira vez mesmo que isso foi mostrado na televisão aberta.
Sem dúvida alguma. Acho que o nosso trabalho parte muito da sensibilidade, da troca, da sinceridade. Então, quando você dá a sorte de ter parceiros de cena que você admira, que você se identifica, que você cria uma conexão desde o início, o trabalho flui muito melhor. Porque aí você consegue criar mais coisas junto, você fica mais à vontade em cena.
Olha, eu vou te falar que agora eu, o Daniel, estou dividido. Talvez até a minha última entrevista eu tenha falado Lupita, e ainda falo Lupita. Mas agora acho que a Mila também tem grandes chances, porque ela está se mostrando. É muito legal ver uma pessoa se transformando. O Guto sendo um fator que está ajudando ela a ser uma pessoa melhor. Mas é lindo também o amor puro que ele teve pela Lupita à primeira vista, desde o início. É um sentimento muito raro, também muito nobre.
Teve uma sessão do filme "Central do Brasil (1998)", eu lembro que foi uma segunda-feira, eu devia ter uns 11 anos, e aí estava chorando assim no final do filme, muito tocado, muito emocionado na cena que o personagem do Josué lê a carta que a Fernanda Montenegro deixou para ele. E, chorando no meu quarto, me dei um estalo do tipo: 'eu quero um dia poder fazer alguém sentir isso'.
Sinto que ainda tem muita estrada para percorrer. Quero fazer muitos outros tipos de personagens com conflitos ainda mais desafiadores, diferentes e profundos. Confesso que estou com muita vontade de fazer um personagem mais para o lado do mau-caráter, mais para o lado da índole duvidosa, com uma pegada mais vilanesca. Atualmente, estou com muita vontade de fazer isso.