Rio - Vanessa da Mata, de 48 anos, fez uma reflexão sobre identidade racial, durante participação no programa "Roda Viva", da TV Cultura, desta segunda-feira (6). Por ter a pele clara, a cantora revelou ter sido ensinada por familiares a dizer que não era negra, apesar dos seus traços.
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"Desde pequena tive um embate. Porque na família meu pai é 'branquelo' de olho claro, a família inteira dele. E a família (por parte) de mãe é indígena, negro e um pouquinho branco. Minha vó era branca, benzedeira e casada com um preto retinto. E ela dizia: 'Fulano é negro'. E eu dizia: 'Vó, a gente é negro'. E ela ficava: 'Mas como a gente é?'. E eu: 'Vó, a gente é negro'. Em uma época que ninguém falava disso. Mas eu fui ensinada a dizer que não era (negra). Aquela coisa: 'Não, você não é. Imagina. Onde que você é?'", recordou a cantora.
Em seguida, ela destacou os seus traços negros. "Minha filha, eu sou (negra). Olha os meus traços, meu cabelo, minha bunda! Eu sou completamente negra. A pele foi do meu pai, mas até o canto é da minha mãe. E isso foi um embate. Até eu demorei um pouco. Porque você é ensinado a não ser. É muito bom ver como as novas gerações se afirmam. É demais, um orgulho. Mas ainda temos essa situação de querer disfarçar e não querer se ver", analisou Vanessa.
Vanessa foi questionada se sente rejeição de movimentos negros por ter a pele clara. "Infelizmente ainda rola uma não aceitação dentro do próprio movimento", disse. Ela, então, relembrou quando foi criticada por usar a palavra "preta". "As pessoas mais sabidas do assunto na internet me condenaram, e foi um erro de palavra. Simplesmente troquei a palavra. Mas esqueceram do meu cabelo, que foi o primeiro da minha geração. Esqueceram das músicas. [...] É claro que o preto retinto sobre imensuravelmente mais. É inacreditável o sofrimento. Mas a gente passa por muito sofrimento também", concluiu.
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