Edi Botelho, viúvo de Ney LatorracaReprodução de vídeo / TV Globo
Edi Botelho se emociona ao falar sobre casamento com Ney Latorraca
Viúvo do artista também lembra últimos momentos do amado em entrevista ao 'Fantástico'
Rio - Viúvo de Ney Latorraca, Edi Botelho concedeu uma entrevista ao "Fantástico", da TV Globo, exibida neste domingo (29), e falou sobre os últimos momentos do ator, que morreu aos 80 anos, na última quinta-feira, em decorrência de uma sepse pulmonar. O artista estava internado desde o dia 20 de dezembro na Clínica São Vicente da Gávea, na Zona Sul do Rio, em função do agravamento de um câncer de próstata.
"Eu conversava muito com ele. Ficava muito junto com ele para também suavizar, né? Esse momento. Algumas vezes, ele até chegou a falar para mim: eu tô partindo. Eu sei que eu tô partindo. Mas vamos encarar essa", revelou Edi à jornalista Maju Coutinho.
O ator também lembrou do início do relacionamento de 30 anos com Latorraca. Os dois se conheceram em uma peça de teatro. "Eu fiquei fascinado por ele. E acho que ele também por mim, sabe. E aí começou: 'Ah, vamos jantar hoje?, vamos em tal lugar?'. E aí não teve como".
Durante a entrevista, Edi comentou a missão que Ney dizia ter de levar alegria para as pessoas e se emocionou ao recordar a união deles. "Verdade. Ele falava isso mesmo e ele era essa pessoa, sim. A gente se divertiu muito. A gente teve trinta anos de um casamento. É muito tempo. Desculpa. É difícil".
Seriedade no trabalho
O viúvo de Ney revelou que o amado era muito disciplinado no trabalho. "Na verdade, assim, ele era muito sério no trabalho. Muito sério. Tanto é que ele conta. Ele se formou na EAD de São Paulo, a Escola de Arte Dramática, com dez em comédia e dez em drama. E nunca faltou. Ele teve prêmio de frequência. Só que o Ney era essa pessoa irreverente. Então, ele trazia isso para os personagens. A personalidade dele estava sempre na frente. E eu acho que é isso o sucesso dele", opinou.
Um dos papéis marcantes de Latorraca na televisão foi o Conde Vladimir Polanski (Vlad), em "Vamp" (1991). Edi afirmou que o personagem, dono do bordão 'gotoso', era para ser mais sério. Ney, no entanto, decidiu fazer algumas mudanças nas características do vampiro.
"Eu acho que ele sacou: 'gente, eu vou fazer um vampiro sério numa novela das sete? Por que? 'Não. Ele conta uma história que às vezes, vinha um memorando falando que: 'Ney, tá muito exagerado.' Então, ele combinava na época com alguns atores. 'Vamos fazer tudo sério agora. 'Aí foi um horror. 'Não, não, não. Pode voltar. Você tem liberdade para fazer o que você quiser'", lembrou.
Momento marcante no cinema
Ney Latorraca e Tarcísio Meira (1935-2021) protagonizaram um beijo filme "O Beijo no Asfalto" (1980), baseado na obra de Nelson Rodrigues. "Foi um acontecimento. Imagina. O Tarcísio, aquele galã da televisão, aquela pessoa. Eu não sei se é uma piadinha. Mas ele conta que quando ele tá lá virado pro Tarcísio, ele fala: 'me chama de Glória. Me chama de Glória'. É maravilhoso, não é? É maravilhoso. Ele era muito amigo do casal. Muito amigo. Ia muito a jantares na casa deles", declarou Botelho.