Rio - Com traços que evidenciam sua ascendência familiar de índios, negros e europeus, Giovana Cordeiro, a Cleo de 'O Outro Lado do Paraíso', esclarece a potência da combinação. "Meu avô materno é uma mistura de índio com negro. Lá de Natal e diz até hoje: 'Sou orgulhosamente potiguar'. Minha avó era descendente de europeus... Uma bagunça só", diverte-se.
Bagunça boa que presenteou a atriz com uma beleza pra lá de exótica. "Minha família é bem miscigenada e acho que, por isso, me acham tão brasileira, por essa mistura toda".
Giovana tem apenas 21 anos, mas avalia com sensatez a oportunidade de estar no folhetim das 21h contracenando quase que diariamente com nada mais que Fernanda Montenegro. "Fiquei muito nervosa no início. Achei que não ia ficar tanto, até porque sempre acho que estão todos ali pra trabalhar, aprender. Mas ela sempre foi uma referência grande no teatro pra mim", confessa. "Agora, já temos uma intimidade, uma sintonia. Às vezes, olho pra ela em cena e ela já sente o que quero dizer. E é muito melhor".
Ao que tudo indica, Cleo vai seguir os passos de Mercedes (Fernanda Montenegro), a avó sensitiva. Giovana revela que tem contado com a experiência e generosidade de Fernanda Montenegro também nessas cenas. "Agora, a personagem começa a ouvir as vozes. Então, consulto ela sobre como construir mais essa etapa da Cleo", diz.
E a atriz fala de suas próprias crenças.
"Tenho fé numa força maior. Em Deus e em guias espirituais. Acredito na mediunidade das pessoas, que algumas têm um canal aberto para se comunicarem com outro plano astral. Não consigo pensar que só existe isso aqui que a gente vê".
TRAJETÓRIA
Para Giovana, a personagem permitiu que desenvolvesse um trabalho rico em composições. "Ela passou por coisas muito diferentes. Era introspectiva, depois desabrochou, foi em busca da liberdade num bordel. Agora é quase uma santa. Isso é muito positivo para um ator, porque dá várias possibilidades".
E quase na reta final da novela, que termina em maio, ela faz suspense: "Sabemos que o Xodó (Anderson Tomazini) viu o que aconteceu com o Rato (César Ferrario). Pode ser que Cleo ajude a desmascarar Sophia (Marieta Severo) e proteger o marido de alguma forma. Mas não sei o que vai acontecer".
Solteira, ela acha graça quando insinuam nas redes sociais que o casal Cleo-Xodó teria saído da ficção para a realidade. "Eu e o Tomazzini somos amigos. Temos a mesma idade, é a primeira novela dele e a minha primeira das 21h. Trocamos muito".
ONDAS PODEROSAS
Dona de cabelos lindos e cacheados, a carioca conta que nem sempre foi assim.
"Já alisei no passado porque queria me encaixar, ficar igual a todo mundo", observa. "Hoje, só quero usar natural, me vejo com esse cabelo e me reconheço. Mas sou a favor de você usar o que se identifica, vê referências. O belo é variado", emenda.
Giovana diz que é procurada na internet por conta dos cachos. "Gosto do carinho que recebo das meninas. Dou dicas de cuidados. Como por exemplo, a nutrição de 15 em 15 dias. E passar óleo de coco diariamente nas pontas, porque o xampu resseca. Divido isso no Instagram. Mas é fácil de cuidar, não dá trabalho", diz.
Morando com a mãe, as duas irmãs e uma sobrinha ("É uma casa de mulheres"), a atriz comenta a importância das referências desde a infância. "Hoje, sou uma referência para minha sobrinha de 5 anos. Ela diz que o cabelo dela é lindo. Vê TV e quer ser a personagem negra, de cabelo ondulado, reconhece essa beleza".
ALÉM DO PARAÍSO
Quase se despedindo de Cleo, ela compara a atriz que entrou na trama de Walcyr Carrasco com a que sai.
"Estreei na TV na série 'Dois Irmãos', ano passado. De lá, fui para 'Rocky Story' e emendei na novela. Isso é muito bom, mas tive que ir fazendo e hoje entendo melhor o trabalho. Sou sonhadora, vou atrás do que acredito", analisa. "E gosto de assumir responsabilidades, de pagar meu aluguel. A Giovana que sai desta novela sonha mais, mas com os pés no chão. Mesmo com todas as inseguranças de não saber o que vai acontecer na carreira, tenho uma visão otimista e trabalho. Quero fazer bons personagens, cinema, teatro e TV, e continuar pagando as minhas contas. Sempre me imaginei trabalhando e sendo bem sucedida para ajudar a minha família", diz.