Incomodos - Divulgação
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Por BRUNNA CONDINI

Rio - Com apenas artistas mulheres, a instalação cênica 'InCômodos' está de volta à Casa Rio, em Botafogo. E fica até 28 de abril provocando os sentidos dos espectadores.

Com curadoria e direção geral da atriz Kel Cogliatti, a instalação estimula os espectadores sensorialmente. E proporciona um mergulho nas experiências de desconforto e violência que muitas mulheres sofrem diariamente. O projeto mistura artes cênicas e visuais, dança, fotografia e poesia.

"Depois de vivenciar dezenas de situações desconfortáveis diariamente e ouvir de amigas relatos parecidos, me perguntei quantas outras mulheres também não passavam pelas mesmas situações, ou bem piores que as nossas. E comecei a pesquisar", conta Kel.

"Foi quando me deparei com alguns dados assustadores, como o de que uma em cada quatro mulheres já sofreu algum tipo de assédio. E que a maior parte deles vem de alguém próximo à vítima e a grande maioria dos casos é silenciado pela família".

A atriz conta que a ideia de estimular as memórias do público tem o objetivo de colocá-lo no lugar do outro:

"E para realmente imergir as pessoas na experiência, defini que deveria ser no ambiente onde mais ocorrem assédios e com o qual a grande maioria das pessoas consegue se identificar: o ambiente doméstico, os cômodos de uma casa".

E detalha a experiência da 'plateia'. "Cada cômodo é responsável por um estímulo diferente, representando cada um dos cinco sentidos humanos. E neles são utilizados diferentes estímulos sensoriais que geram uma sensação de desconforto, ou simplesmente tiram o espectador do seu lugar de conforto: seja uma leve sensação de aperto, aromas, sabores, áudios, dentre outros", revela. "O público é levado por este circuito cênico, numa jornada que dura cerca de 60 minutos".

O projeto deseja fomentar o debate sobre a violência contra a mulher e desmistificar o conceito de feminismo.

"Precisamos de mais iniciativas que aproximem o tema da sociedade e que não fique só na discussão. Se a pessoa não entende e não se identifica com uma causa, dificilmente vai sentir empatia por ela. E é o que tentamos fazer no 'InCômodos', ser esse ponto de partida. Precisamos também ter o apoio concreto de políticas públicas sociais, dando o suporte que as mulheres precisam para se sentirem seguras de depor sobre os crimes de assédio que sofrem. E com o apoio psicológico necessário. Chega de silenciar e colocar assédios debaixo do tapete", convoca.

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