Daniel Gimenes, oncologista do Centro Paulista de Oncologia (CPO) - Divulgação
Daniel Gimenes, oncologista do Centro Paulista de Oncologia (CPO)Divulgação
Por Gabriel Sobreira

Rio - A imunoterapia é um método recente que é apontado como o principal avanço no combate ao câncer. No Brasil, ela tem aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e, na última segunda-feira, o Prêmio Nobel de Medicina foi entregue a James P. Allison e Tasuku Honjo, os dois cientistas responsáveis pela descoberta dessa terapia, que permite que o sistema imunológico reconheça e combata as células doentes.

RESSALVA

Apesar dos avanços promissores, especialistas explicam que ainda é cedo para afirmar que a imunoterapia seria a chave para a cura do câncer de mama. "A imunoterapia tem alguns efeitos colaterais, porém o paciente tem melhor qualidade de vida. É um tratamento mais sustentável para a saúde do paciente, pois ataca diretamente o tumor", diz o médico Daniel Gimenes, oncologista clínico do Centro Paulista de Oncologia (CPO) unidade de São Paulo do Grupo Oncoclínicas. "E uma das principais vantagens da adoção desses imunoterápicos da nova geração é que, mesmo após o fim do tratamento, a imunidade desse indivíduo pode continuar respondendo a células tumorais, diminuindo a recidiva de tumores e aumentando o tempo livre de progressão da doença", completa.

Durante a Reunião Anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) 2018, maior congresso científico da área no mundo, estudos mostraram que em casos classificados como tumor de mama triplo-negativo, a imunoterapia combinada com quimioterápicos traz boas respostas aos pacientes no tratamento oferecido antes da cirurgia. 

Para Daniel Gimenes, o câncer de mama triplo-negativo tem grandes chances de recorrência e em muitos casos promove uma sobrevida menor em comparação a outros subtipos de tumores mamários. "Para esses casos de câncer especificamente houve poucos progressos terapêuticos nos últimos anos. Por isso, os estudos internacionais preliminarmente divulgados na ASCO são animadores por indicarem um novo caminho para tratar esse tipo de câncer de mama", afirma.

ESTUDO

O médico usa como exemplo o estudo GeparNuevo, que analisou 174 pacientes com câncer de mama triplo-negativo metastático ou localmente avançado. Um grupo recebeu um tipo de imunoterápico associado à quimioterapia. Já as demais pessoas receberam placebo. O resultado demonstra um aumento significativo na redução do tumor nos casos que receberam a combinação da imunoterapia com a quimioterapia.

"Apesar de ainda ser uma primeira etapa de análises, esse avanço já pode ser entendido como um progresso terapêutico importante para médicos e pacientes. Essa combinação de imunoterapia com quimioterapia desponta como uma opção estratégica importante para mulheres com a doença, em especial pelos benefícios para a qualidade de vida dessas pacientes", conclui.

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