A escritora e poetisa Leïlah Accioly (D): livro (abaixo) une artes visuais e poesia, além de outros temas.
A escritora e poetisa Leïlah Accioly (D): livro (abaixo) une artes visuais e poesia, além de outros temas. "Falo de experiências pessoais, de uma mulher tentando entender o lugar dela no mundo", contaDivulgação/Luciana Sposito
Por RICARDO SCHOTT

"Tirei uma carta do tarô para cada pessoa que comprou meu livro no lançamento", conta a escritora e jornalista Leïlah Accioly, que lançou ontem em Ipanema o livro de poesias 'Alguma Coisa Sempre Esteve Para Acontecer' (Ed. Chiado, 149 págs, ). Leïlah, a cabeça por trás de projetos que unem música e artes visuais como o Sarau Eletrônico, fez do seu próprio livro um experimento que junta texto e colagens. No lançamento, Leticia Novaes e Arthur Briganti (Letrux) fizeram uma performance unindo cartas de tarô, leitora das poesias de 'Alguma Coisa...' e uma trilha feita no sintetizador por Arthur.

"Eu e Arthur temos um projeto de fazer poesias e paisagens sonoras, com o sintetizador. A Letícia adorou, parecia a trilha do 'Twin Peaks'", conta Leïlah, que está de mudança para Portugal e deve se apresentar lá com Arthur, num festival, em 27 de março. Leïlah também escreveu sobre música em publicações de caráter feminista, como o finado site Vertigem. "Pena que o mundo da crítica musical seja muito masculino, especialmente o do rock".

Cartas

O tarô aparece como tema em vários textos do livro, embora ela faça questão de falar que estuda bastante o tema, mas não é taróloga.

"Quando tirei as cartas, colocava uma dedicatória de acordo com o que eu estava sentindo na hora. Algumas pessoas disseram que parecia que eu estava psicografando. A única carta que, quando saía, eu não tirava, era a do Enforcado. Ela é muito punk", brinca ela, que preferiu não abordar arquétipos do tarô diretamente nas poesias. "Não é ao pé da letra. Falo de experiências pessoais de vida, de uma mulher tentando entender o lugar dela no mundo. O que ela está buscando, a quebra de padrões, rupturas".

Grande cruz

O título do livro não é à toa: as dificuldades, as vibrações e os sucessivos questionamentos de valores pelos quais os mundos vêm passando, estão nos textos. "De 2010 para cá vivemos o que os astrólogos chamam de 'grande cruz no céu', uma quadratura formada por Netuno, Plutão, Saturno e Urano. Isso cria uma grande tensão, traz todas as merdas das relações, dos países, das pessoas. O planeta está em xeque", conta.

"Mas isso tem um lado bom, porque as pessoas passaram a olhar mais para suas insatisfações. Aquela coisa de trabalhar para o patrão, ter um tipo só de família. O Brasil está olhando mais par suas próprias feridas, para as relações escravocratas, para o patriarcado. Falo muito de livre arbítrio nos textos do livro, em poesias como 'O Livro Aberto O Livre-Arbítrio'", completa.

Você pode gostar
Comentários