Maria Beltrão em foto antiga nos bastidores da cobertura do Oscar - Reprodução
Maria Beltrão em foto antiga nos bastidores da cobertura do OscarReprodução
Por Gabriel Sobreira

Rio - Maria Beltrão, 47 anos, é o rosto do Oscar na Globo desde 2006. Só duas vezes ela não comandou a transmissão da maior festa do cinema mundial na tela da emissora. Uma foi porque coincidiu com o Carnaval e outra por licença médica. Sempre que vira o ano, a jornalista entra em contagem regressiva e a pensar e esperar pela cerimônia, cuja 91ª edição será transmitida hoje, a partir da meia-noite, logo após o 'Big Brother Brasil'.

"Os memes da Glorinha (Gloria Pires, atriz que em 2016 comentou o Oscar na Globo e os memes viralizaram) ajudaram a promover essa festa do cinema entre os mais jovens. Muita gente passou a me conhecer por isso. Inclusive, achei muito divertido. A própria Glorinha se divertiu com a repercussão", lembra Maria.

PITACOS

Quais são seus palpites para as principais categorias? "O meu favorito hoje é 'Green Book'. Para atriz, Glenn Close. Para ator, Christian Bale. Para diretor, Pawel Pawlikowski, apesar de acreditar que Alfonso Cuarón leve a estatueta", aposta ela. "Faço bolão com a minha turma da GloboNews", confidencia ela, aos risos.

MACETES

Casada com o advogado Luciano Saldanha e mãe de Ana, Maria entrega os "macetes" para apostar no bolão — que é feito embasado nas pesquisas que a própria jornalista faz e nos desempenhos dos filmes em outras premiações, um termômetro importante. "Mas aposto sempre nos meus filmes preferidos, que nem sempre são os favoritos. Normalmente, acabo perdendo, mas vale a brincadeira", diverte-se ela, que na transmissão de mais tarde estará acompanhada pelos comentaristas Artur Xexéo e Dira Paes.

"Xexéo é meu parceiro mais antigo, que já conheço bem, e a Dira foi uma gratíssima surpresa ano passado, que temos o prazer de ter de novo em 2019. Sabia que ela era uma craque em cinema, mas ela foi um espetáculo total como comentarista", afirma.

MAIS DIVERSIDADE

Em 90 anos de premiação, apenas cinco mulheres foram indicadas na categoria de Melhor Diretor. Acha que isso mostra o quanto a organização do Oscar ainda é limitada? "Esses números chamam atenção, mas acho que está mudando. Sou otimista, acho que cada vez mais teremos mulheres representadas em todas as categorias", torce Maria Beltrão.

No ano passado, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, responsável pelo Oscar, anunciou 928 novos membros, dando preferência para maior presença de mulheres, negros, latinos e LGBT. "Você percebe que os indicados a melhor filme são completamente diferentes entre si", argumenta a apresentadora.

"Você tem um blockbuster, como 'Pantera Negra'; um filme de época, como 'A Favorita'; dois filmes que abordam o racismo de formas completamente diferentes, como 'Green Book' e 'Infiltrado na Klan'; personalidades políticas da história recente americana, como em 'Vice', o clássico revisitado, com 'Nasce Uma Estrela'; e 'Roma', um filme que não é de língua inglesa. Gostei muito dessa seleção, não só na categoria Melhor Filme", acrescenta.

E O BRASIL?

Quando o assunto é Melhor Filme Estrangeiro, Maria diz que o longa brasileiro 'O Grande Circo Místico', de Cacá Diegues, poderia estar "com certeza" entre os indicados. "É um filme poético, maravilhoso, que faz sentido em qualquer país", justifica a jornalista. E pondera: "Mas as escolhas da premiação são feitas por americanos, dentro de um contexto político e histórico deles, e muitas vezes o que chama a atenção deles é diferente do que chama a atenção em outros países do mundo".

ESTUDO

Para que tudo saia nos conformes, Maria estuda, e muito. Essa preparação começa normalmente um mês antes do Oscar, quando ela assiste aos filmes, recolhe curiosidades sobre os indicados das categorias e as personalidades que vão apresentar os prêmios. "Uso um percentual mínimo do que pesquiso", confessa ela, cujas pesquisas se intensificam duas semanas antes da cerimônia. Tanto Maria quanto Artur e Dira recebem um script básico dos organizadores do Oscar. No de Maria, na página dos indicados, ela coloca o máximo de informações que pode. "Tem muita coisa que eu sei de cor, mas dias antes da cerimônia eu fico ali, passando a limpo essa pesquisa imensa", diz.

"Eu adoro apresentar. O que realmente é exaustivo é o trabalho de pesquisa. O desafio é conseguir falar a maior quantidade de informações sem atrapalhar a transmissão em si. Afinar o timing dessas informações com a tradução simultânea e com os comentários dos meus colegas", explica.

ANFITRIÃO

Ao contrário do ano passado, que teve a presença do comediante e apresentador Jimmy Kimmel no comando da cerimônia, o posto de anfitrião ficou vago depois da desistência do ator e comediante Kevin Hart, que teve tuítes antigos com teor homofóbico divulgados. Este ano, a organização acabou optando por um elenco de primeira de celebridades para apresentar as categorias. Isso já aconteceu em 1989. "Vamos ver se eles conseguem suprir o tradicional humor do anfitrião da cerimônia. Estou curiosa e ao mesmo tempo otimista", diz a apresentadora.

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