Especialistas apontam que, apesar de conquistas, mulheres ainda tem muito pelo que lutar - Pixbay
Especialistas apontam que, apesar de conquistas, mulheres ainda tem muito pelo que lutarPixbay
Por KARILAYN AREIAS

Rio - Apesar das diversas conquistas que as mulheres obtiveram nas últimas décadas, ainda há muito pelo que se lutar, é o que apontam especialistas. E as estatísticas confirmam: de acordo com o ranking de igualdade de gênero do Fórum Econômico Mundial 2018, o Brasil ocupa o 95° posição quando o assunto é equidade. Entre os desafios há assuntos espinhosos como aborto, que ainda é tratado como tabu, violência contra a mulher, planejamento familiar, liberdade sexual, igualdade salarial, entre outros. 

De acordo com informações da Organização Internacional do Trabalho (OIT), quando o assunto é a participação das mulheres nas empresas, por exemplo, a parcela ainda é pequena: apenas 48% para pessoas com mais de 15 anos, contra 75% entre os homens. Mas, um estudo da consultoria McKinsey mostrou que, se essas diferenças forem superadas, o resultado pode impactar positivamente a economia. Cerca de US$ 12 trilhões seriam adicionados ao PIB global anual em 2025 caso haja avanços na igualdade entre gêneros. 

"É preciso equalizar essas oportunidades, mas a atenção para este tema ainda é algo muito recente. A primeira constituição que equiparou os direitos entre homens e mulheres no Brasil só foi promulgada em 1988. Até então, uma mulher só podia abrir uma conta bancária com a autorização do marido ou do pai. Esse cenário se modificou, mas ainda temos muito o que avançar", diz Denise Hills, presidente da Rede Brasil do Pacto Global das Organizações das Nações Unidas (ONU). 

Denise Hills, presidente da Rede Brasil do Pacto Global das Organizações das Nações Unidas (ONU) - Divulgação

O Pacto Global é um programa que estipula dez metas para serem atingidas pelos países participantes. Entre os objetivos está o estímulo de práticas que eliminem qualquer tipo de descriminação no emprego. Para Denise, há algumas formas de se alcançar a igualdade de direitos no mercado de trabalho e as empresas mais maduras já estão atentas a isso. "Programas que auxiliem a mulher no momento da gravidez, subsídios para creche, trabalhar a equipe e o gestor para quando ela muda de fase são só alguns exemplos do que pode ser feito para avançarmos nesse assunto. E todo mundo ganha com uma empresa que segue esses passos".  

Combate à violência doméstica: um desafio

Além da equiparação entre homens e mulheres no âmbito profissional, outro assunto que preocupa é a violência contra a mulher. Nesse ranking, o Brasil também não está nada bem: segundo pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em parceria com o Instituto Datafolha, uma a cada quatro mulheres sofreu algum tipo de violência em 2018.

Casos como o da empresária que foi espancada durante quatro horas em seu primeiro encontro na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, ou da baiana Eva, que revelou através de uma publicação no Instagram as atrocidades cometidas contra ela e sua mãe pelo padrasto evidenciam o que os dados mostram. Na ocasião, a jovem relatou que chegou a denunciar o caso quando tinha 13 anos, mas que foi obrigada a retirar a queixa.

Denise Rocha: advogada já atuou em casos de violência doméstica - Divulgação

"Precisamos que diversos mecanismos sociais sejam mais eficientes. Uma política pública educacional, que reformule o papel da mulher na sociedade, é uma das saídas. E também precisamos rever até que ponto essa esfera privada tem que ficar blindada do estado", disse a advogada Denise Rocha ao se referir ao fato do crime de violência contra a mulher só poder se comunicado pela vítima.

"Ainda não conseguimos chegar em um aparelhamento 100% eficiente, que projeta totalmente essa mulher do agressor. A lei é elaborada conforme as demandas da sociedade. Mas, é preciso que a mulher que sofre de violência doméstica entenda que, dentre as possibilidades, a melhor é a de confiar na Justiça", enfatiza. 

Relembre o histórico de conquistas das mulheres

Como nem tudo é problema, também fizemos uma linha do tempo dos direitos conquistados. O marco dos avanços no direito das mulheres no Brasil foi a concessão do voto, em 1932. De lá pra cá, muitos vitórias derivaram da luta. Confira quais foram:

1932 - Mulheres conquistam o direito de votar; 

1934 - Brasil elege a primeira deputada mulher, Carlota Pereira Queiróz; 

1960 - Comercialização da pílula anticoncepcional e a revolução sexual; 

1997 - Sancionada a lei que garante a reserva de, no mínimo, 30% de mulheres candidatas durante as eleições; 

2006 - Sancionada a Lei Maria da Penha; 

2010 - Brasil elege a primeira presidente mulher: Dilma Rousseff;

2012 - Mulheres conquistam o direito ao aborto de anencéfalos    

2015 - Sancionada a Lei do Feminicídio; 

2018 - Criminalização do assédio sexual;

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