Marylin (Letícia Colin) - Globo/Marcos Rosa
Marylin (Letícia Colin)Globo/Marcos Rosa
Por Gabriel Sobreira
Rio - Ela é arretada, formosa, daquelas bem apetrechadas (dotada de beleza física), mas invocada que não tem tamanho. Nada de ser babaquara (pessoa do interior ou pateta) ou engabelada (iludida). Moderninha, mas com um 'Q' de tradicional. Não leva desaforo para casa. E ai de quem pise no calo dela. Essa é Marylin, a personagem de Letícia Colin, em 'Cine Holliúdy', série que estreia terça-feira, na Globo. A produção marca a estreia da atriz na comédia em se tratando de TV.
"Eu tinha feito 'Hair' no teatro, uma personagem bem cômica, uma hippie muito divertida. Na TV, é a minha primeira experiência no gênero, e eu adorei fazer", conta a atriz, que agora grava como protagonista, uma médica viciada em crack, na série 'Onde Está Meu Coração', exclusiva para o Globoplay.
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Paulistana de Santo André, Letícia, de 29 anos, conta que para a série cômica da Globo aprendeu a falar "cearês", dialeto do Ceará. "Por exemplo: 'ispilicute', que significa toda bonitinha, faceira. Vem de uma expressão em inglês 'She is pretty cute'. 'Voadora na pleura', que é um chute no peito, uma provocação. Tem também 'Pegar o beco', que é quando você quer que a pessoa vá embora: 'É melhor você pegar o beco'", lista com humor.
O fato de contracenar com nomes como Heloísa Périssé, Matheus Nachtergaele e Edmilson Filho, entre outros, é considerado pela atriz como "um luxo". "Primeiro que tinha o elenco do Ceará, que tem uma raiz de humor supertradicional, muito forte. Isso, por si só, já era um aprendizado gigante. Um jeito diferente de atuar, uma leveza, uma inteligência, uma sagacidade, uma rapidez", argumenta. "Depois, a Lolô (Heloísa Périssé) que é um panteão dos humoristas, admiro muito, minha amiga, ativista de proteção animal. O Matheus é um artista fascinante, um gênio na construção dos personagens. Vejo tudo o que ele faz. Então, foi muito bonito interagir e poder trocar com eles", comemora ela, que já tinha ficado loura para a série 'Nada Será Como Antes', da Globo.
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"Mas era um louro mais amarelo, mais inteiriço, de uma década diferente. Eu nunca tinha tido esse cabelo assim, de cabelo grande e franja, e adorei. Achei muito lindo", avalia.
A TRAMA
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Na série de Marcio Wilson e Claudio Paiva, baseada no longa-metragem homônimo escrito e dirigido por Halder Golmes, Marylin (Letícia) é uma garota da cidade grande, que chega a contragosto na pequena cidade de Pitombas, no sertão cearense. Quando ela pede para a mãe, a primeira-dama Socorro (Heloísa Périssé), casada com o prefeito Olegário (Matheus Nachtergaele), arrumar uma TV para passar o tempo, não imagina que a chegada do aparelho, que acaba instalado na praça da cidade pequena, coloca em risco o interesse do público pelo único cinema local. Francisgleydisson (Edmilson Filho), dono do cinema, se apaixona perdidamente pela loura e, com o tempo, ela percebe que o sentimento é recíproco. A partir daí, os dois se unem em prol da sétima arte.
"A série tem como ponto de partida a resistência da arte, a resistência do cinema, o que é um assunto superatual. 'Cine Holliúdy' é o encontro do Brasil com a sua criatividade, com a sua inventividade, com o seu potencial transformador e com o cinema", afirma a atriz. "Ela é nossa mocinha. Como a Marylin e a Socorro são as personagens 'importadas', a gente podia ter atrizes mais conhecidas do público justamente para dar esse balanço legal com o elenco. Ela é muito boa atriz e fez a Marylin com muita graça. O curioso é que a TV veio parar em Pitombas por conta dela, mas ela é a grande defensora do cinema e se junta ao Francis para lutar por isso. Então, tem a resistência do velho diante do novo, uma disputa muito interessante do cinema com a TV", acrescenta Patricia Pedrosa, diretora artística do projeto.
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Marylin (Letícia Colin), Olegário (Matheus Nachtergaele), Socorro (Heloísa Perissé) - Globo/Marcos Rosa
CONVITE
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Aliás, o convite para participar da produção veio de Patricia. Bem na época em que Letícia estava na reta final de 'Novo Mundo' (2017), novela da Globo. "Fiquei superfeliz porque já tinha visto o filme e lembrava dessa sensação muito gostosa, um momento muito prazeroso no cinema, de me divertir, de ver o Brasil de um jeito tão lúdico, esperançoso, debochado", lembra a atriz, que teve uns dias de férias e logo comecei a entrar no processo da Marylin. "Começamos a ensaiar no Rio de Janeiro e fomos depois para Areias, no interior de São Paulo", conta.
AREIAS
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Foram necessários quase três meses para deixar a pequena cidade de Areias (com menos de quatro mil habitantes), na Serra da Bocaina, em São Paulo, com ares da fictícia localidade de Pitombas dos anos 1970. Ao todo, oito caminhões e duas vans repletos de equipamentos, cenários e elementos de produção de arte foram levados até a cidade. A produção usou mão de obra local para ajudar na construção de Pitombas: pintores, pedreiros, marceneiros e cerca de 500 figurantes trabalharam durante todo o período de montagem e durante as filmagens.
"A cidade nos recebeu de braços abertos e se viu transformada com a nossa chegada. A praça principal ganhou fachadas diferentes, ficou com um acabamento dos anos 70. E a gente viveu lá, se via todos os dias e convivia como uma família. É sempre uma oportunidade muito legal ter uma vizinhança tão especial assim, como esse elenco, a equipe e toda a cidade. Passamos a conhecer cada morador, cada vizinho, cada cachorro da cidade. Tenho uma relação de muito amor pela cidade", derrete-se.
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Letícia explica que a generosidade foi uma das principais características que chamaram sua atenção. Segundo ela, a população tinha alegria em ver todo o movimento da gravação, além de um desejo de aprender como essa engrenagem funciona. Além dos meses de filmagens na região, a produção teve ainda quase duas semanas de gravações em São Paulo, onde foram produzidas as cenas internas do cinema, e quatro dias de trabalho em Quixadá, no Ceará, para a gravação de cenas em estradas. "Era muito lindo ver esse encantamento de quem não conhece a produção de uma série como essa. Acho que tem a ver um pouco com o que os personagens vivem. Especialmente a Marylin, que se descobriu atriz e começa a participar desse mundo de construção de histórias, de sonhos, de faz de conta, de técnicas e equipamentos", compara.
 
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