Rio - O medo de lidar com o dinheiro quando não se tem renda fixa, formas de limpar o nome e até como utilizar o Fundo de Garantia de Tempo de Serviço (FGTS) são questões presentes na vida de muitos brasileiros, principalmente de uma parcela que recebe até cerca de R$ 1.000 mensais. Para ajudar pessoas com esse tipo de dúvida, a estudante Nath Rodrigues, de 21 anos, moradora de Nova Iguaçu, na Baixada, começou um canal de educação financeira no YouTube há 11 meses.
Atualmente, o 'Finanças com a Nath' tem mais de 35 mil inscritos, e Nath é referência nas redes sociais, com 78 mil seguidores no Twitter e 25 mil no Instagram. "Criei uma comunidade na internet, isso foi incrível para mim", celebra.
A ideia do canal surgiu após Nath cursar uma aula de Matemática Financeira na faculdade de Administração, em que está no 7º período. Motivada com o que aprendeu, a estudante decidiu criar o projeto para ensinar tudo o que aprendia na faculdade, divulgar cursos que fizesse de maneira acessível. A percepção inicial de Nath foi de que muitos canais e pessoas falavam sobre educação financeira, mas de um jeito que não atende as pessoas de baixa renda — "falando com fórmulas mágicas de ficar rico", segundo ela. Alcançar esse perfil é um dos objetivos.
"Optei pela baixa renda porque eu não sou a pessoa que pode guardar 1.000 reais para investir, sou a parcela da população que ganha esse salário. A maioria dos brasileiros ganham esse. Estava sentindo falta de pessoas que ganham pouco como eu falar sobre finanças na internet", diz.
Emancipação
Segundo a estudante, a educação financeira é uma das formas que temos de questionar o sistema em que vivemos. Nath explica que, quando o pobre entende que não é obrigado a pagar tarifa bancária de banco, segundo a Lei dos Serviços Gratuitos do Banco Central (Resolução 3.919, art. 2º, inciso I), ou quando descobre a importância de não ter vários cartões de crédito, isso é uma forma de emancipar as pessoas. A partir daí, ela afirma que possivelmente pode-se ter mais vontade ainda de lutar em outras pautas, como racismo, machismo e desigualdade social.
Planejamento
Em 2020, os planos de Nath são terminar a faculdade, ter um editor dedicado ao canal dela, realizar palestras gratuitas de finanças pessoais para a periferia e fazer consultoria financeira individual. Nem críticas na internet, como ser chamada de "coach de pobre", impedem Nath de continuar. "Enquanto ajudar pessoas a entenderem gastos, taxas bancárias, e a terem uma educação financeira saudável, estarei no caminho certo", comenta.