Camila Kern com o marido e o filho Arthur, no Canadá - Arquivo pessoal
Camila Kern com o marido e o filho Arthur, no CanadáArquivo pessoal
Por O Dia

Rio - Camila Kern, mãe de Arthur, mora no Canadá há dois. Mas antes mesmo do menino nascer, ela e o marido já pensavam em sair do Brasil para que, quando tivessem um filho, ele crescesse em um ambiente que proporcionasse mais oportunidades. "Sempre fomos avessos ao 'jeitinho brasileiro'. Tínhamos medo da violência das ruas do Rio, não concordamos com o sistema educacional do país e a inflação e os preços também assustavam. Então, quando ele tinha perto de 1 ano, decidimos vir para cá", conta.

Já Tatiana Fanti, mãe da Maria Eduarda, de 11, e Arthur, de apenas 4 meses, partirão em breve para a Alemanha por conta de uma proposta de emprego do marido. E pela segurança que o outro país tem a oferecer, aliada a uma educação de qualidade, a chance dos filhos terem acesso a uma cultura nova e a possibilidade de conhecer países que, morando no Brasil, talvez não conseguissem.

"Minha filha gostou da ideia, mas sofre pelas amigas que está deixando aqui. No começo ela não queria ir, mas pouco a pouco foi se interessando pela cultura do país, buscou informações sobre aprendizado do idioma e agora, mais perto da viagem, está mais animada e fazendo planos para quando chegar lá", diz, lembrando que deixar a família e os amigos é a parte mais complicada para todos.

Segundo a psicóloga Flávia Scigliano, quanto maior a criança, mais reativa negativamente elas será. "Ela se lamentará por deixar seus amigos e parentes, e poderá ficar entristecida, se isolar e fazer birra contra as novas atividades. Cabe aos pais apresentar essa mudança como algo bom para elas, embora com dificuldades", pontua. Além disso, deve-se conversar bastante, explicando cada detalhe do local para onde irão. Assim, as crianças assimilarão melhor a ideia e poderão perguntar e tirar suas dúvidas.

Mas uma mudança de país não envolve apenas o lado emocional da família. A parte burocrática, se não houver um projeto prévio, pode dar bastante dor de cabeça. O advogado Daniel Toledo explica que para quem deseja emigrar, o fato de ter crianças não difere o processo, mas o planejamento precisa ser diferente.

"É preciso escolher o local onde se vai morar, observando escolas, clima, custo de vida, facilidade de hospitais, médicos, dentistas - inclusive ortodontistas - estrutura de lazer etc. Crianças exigem maior cautela e, com isto, melhor planejamento e reserva financeira", pontua, afirmando, ainda, que há inúmeros casos de famílias que acabaram retornando para o Brasil exatamente pela falta de programação. O que, com o tempo, impactou diretamente na adaptação. Já em relação às crianças que estudam, normalmente as escolas em outro país pedem o histórico escolar, passaporte, comprovantes de endereço de origem, carteira de vacinação completa e traduzida e grade escolar anterior ou carta de transferência na língua necessária.

E um alerta bastante importante, para aqueles que desejam se mudar às pressas: mudanças legais demandam tempo. Famílias que resolvem ir sem um processo legalizado correm o risco não apenas de deportação e prisão, mas de serem separadas de seus filhos.

 

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