Mestre dos Cachos posa com clientes exibindo os cabelos feitos por ele - Junio Ramos/Divulgação
Mestre dos Cachos posa com clientes exibindo os cabelos feitos por eleJunio Ramos/Divulgação
Por Gabriel Sobreira

Com a proximidade do Carnaval, não para de crescer o movimento em um salão instalado num quintal no Centro de Nilópolis, na Baixada Fluminense. Entre serviços como corte, restauração e soltura de cachos, o que mais as clientes pedem é para colorir (em tons vibrantes) os fios. As cores variam: verde, roxo, azul, lilás, rosa, verde turquesa, cinza.

"As mais pedidas são rosa, azul e roxo, nessa ordem. Nesta época, perto do Carnaval, a procura aumentou 100%", comemora o Mestre dos Cachos (@mestre_dos_cachos, no Instagram), apelido de Hemerson da Silva Santos, que aos 20 anos comanda um espaço nos fundos do quintal da casa da avó para atender entre 20 e 25 mulheres por dia em busca do cabelo dos sonhos. Só no Instagram, ele é seguido por mais de 70 mil pessoas.

Entre o atendimento de uma cliente e outra, o Mestre dos Cachos (apelido dado pela clientela) conta que a coloração não é um processo para qualquer cabelo. "Analiso se o fio está forte para receber a descoloração e chegar na tonalidade de louro para poder aplicar a cor", explica ele, que sempre pergunta se o cabelo é virgem, se a interessada já usou alguma química antes.

"Tudo isso tem que saber. Tenho uma conversa com elas para saber. Não é chegar e pintar. Explico qual cor fica melhor, aviso que o fio precisa de tratamento, que tipo de cabelo ela tem. O meu objetivo não é só fazer algo para agredir o cabelo", pontua ele, que acrescenta: "Aqui para van de Belford Roxo. O meu público é Classe C e tenho orgulho disso".

Hemerson, aliás, sabe que muitas mulheres não têm condições de pagar por um tratamento e já pensou em uma forma de ajudá-las. "É uma ideia que estou esquematizando, mas em abril, durante duas segundas-feiras, quem não tiver condição ganha 50% de desconto ao trazer um quilo de alimento não-perecível. Os alimentos serão doados. Alguns profissionais de salão só querem fazer cabelo e tchau. Temos que inovar, ir muito além do cabelo, do salão", aposta.

O cabeleireiro começou a trabalhar aos 13 anos, mas em outro ofício, como monitor de pula-pula. Depois, como ajudante de caixa, em Madureira, ganhava R$ 450. Foi só ficar doente e, ao retornar ao trabalho, ver outro em sua função, que resolveu apostar na paixão por cachos. Trabalhou em domicílio. "Ia para o Vidigal, Formiga, Mangueira, Macaco, Manguinhos. Depois, a minha mãe ofereceu uma parte da casa dela para fazer meu trabalho, mas passava por dentro de casa e foi quando minha avó cedeu o local onde trabalho agora", detalha.

Hoje, o "hair artist especializado em crespos e cacheados" (como ele se define no perfil do Instagram) nutre dois sonhos. O primeiro é ter condição para montar um salão para melhor atender as clientes. "O outro é participar do 'Encontro com Fátima Bernardes', da Globo. Tremo só de pensar nisso", confidencia Hemerson, aos risos.

 

Dicas para cacheadas no Carnaval
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Não molhar todos os dias;
Prender sempre o cabelo seco para não marcar;
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Fazer o cronograma — cuidado dos fios de forma agendada de maneira correta;
Fazer sempre fitagens para os cachos ficarem mais perfeitos;
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Não deixe de se alimentar, isso é muito importante para a saúde dos fios.
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