Gkay - IUDE RICHELE/DIVULGAÇÃO
GkayIUDE RICHELE/DIVULGAÇÃO
Por Juliana Pimenta

Rio - Nove milhões de pessoas seguem Gessica Kayane no Instagram. Mas Gkay, como ficou conhecida, está longe de ser a típica influenciadora padrão. Nas redes sociais, são poucas as dicas de maquiagem, viagem e estilo. A praia da paraibana de 27 anos é mesmo o humor, não tem como negar. E, no isolamento, não tem sido diferente. "Esse momento pegou todo mundo de surpresa, a gente teve que se readaptar na pandemia. Eu estou produzindo muito conteúdo em casa, com o Lucas, um amigo meu, que veio morar comigo. É um momento complicado para todo mundo, mas a gente está conseguindo trabalhar e se apoiar", conta a comediante que soube aproveitar o boom de uma nova rede social nos últimos meses, o Tik Tok.

"O Tik Tok tem sido uma ferramenta bem importante nessa quarentena. O pessoal ficou animado para produzir lá e o mais legal é o retorno que tivemos. Recebemos muitas mensagens de agradecimento, de pessoas dizendo que estavam tristes e que se animaram com os vídeos", conta Gkay, que dá um exemplo de como o humor fez o mesmo na sua vida.

"O humor ajuda a aliviar a tensão e eu mesma passei por isso. Na semana em que perdi meu pai, a maior perda da minha vida, eu fiquei destroçada. Aí, mexendo no celular, apareceu um vídeo do Tirullipa. Em meio à toda aquela tristeza que eu estava passando, eu consegui sorrir. Por mais que nada vá se resolver, você dá uma respirada. Naquele dia, aquilo foi muito importante para mim. E, agora, com tantas notícias difíceis, o humor continua como válvula de escape".

Nada de férias

Longe de São Paulo por um dias, Gkay escolheu um resort no Rio Grande do Norte para recarregar as energias. De lá, além de produzir mais conteúdo para as redes sociais, Gkay acompanha o retorno dos fãs sobre seu trabalho na TV, como a Jennyfer no seriado 'Os Roni', do Multishow.

"'Os Roni' é a menina dos meus olhos porque foi a minha primeira oportunidade na televisão. E além disso, eu pude trabalhar e virar amiga desses caras que são meus ídolos (Whindersson Nunes, Carlinhos Maia e Tirullipa). Já é bem mais que um trabalho, é uma família. Me sinto muito feliz e muito honrada por fazer parte", conta, sobre o programa que já está na terceira temporada.

E tem mais novidade por aí. Por conta da pandemia, a humorista teve que interromper as gravações de um filme da Netflix. Mas as expectativas para o longa, que volta a ser gravado em setembro, estão altíssimas. "Gravamos no meio do carnaval de Salvador. Foi uma loucura, uma experiência nova, mas muito gratificante. Tenho certeza que as pessoas vão gostar muito desse filme. Está muito engraçado", adianta Gkay, que mantém em sigilo os detalhes da produção.

Orgulho da trajetória

Há quatro anos fazendo carreira na internet, Gkay sempre tentou se mostrar sem muitos filtros para seus seguidores. "Eu sempre mostrei minha casa, minha mãe, o jeito que eu acordo e que eu vou dormir. Acaba que a pessoa que me segue conhece muito da sua vida. A pessoa sabe da comida que eu como até a calcinha que eu uso. Os meus seguidores são íntimos meu e eu gosto dessa proximidade. Nunca quero me tornar de algo distante", defende a influenciadora, que fala com orgulho da sua trajetória.

"Eu quero contar a realidade da menina pobre do interior da Paraíba que não tinha um real no bolso. Quando eu digo que eu era pobre, eu era pobre mesmo. Eu não tinha dois reais para comprar uma coxinha para o lanche. E eu falo isso para as pessoas verem que as coisas não acontecem do nada. Eu compartilho as minhas vitórias, mas também o meu estudo, o meu esforço, eu mostro que estou correndo atrás", defende Gkay.

Busca por representatividade

Com sotaque forte e sem negar de onde veio, a humorista também fala com gosto das suas origens. "Eu faço questão de levar o nome do Nordeste por onde eu for, porque o Nordeste é o que eu represento. É o que eu sou. Não tem como uma pessoa ouvir a minha voz é não saber. A minha vontade é também de desmistificar o que pensam do Nordeste. Mostrar que aqui as pessoas também estudam e que também temos profissionais incríveis. Eu me sinto no papel de mostrar isso. Até hoje na minha equipe tem gente da Paraíba. Não vai achando que só tem profissional bom em São Paulo, não", defende Gessica, que até na hora de fazer uma rinoplastia (procedimento estético), procurou um médico paraibano.

Além do preconceito por ser nordestina, Gkay ainda enfrenta outra difícil questão no dia a dia: os reflexos do machismo estrutural. "Eu sempre dou um exemplo muito claro de como a gente que é mulher é limitada dentro do espaço humorístico. O Whindersson postou uma foto sem roupa com o Tirullipa que viralizou há uns anos. Se fosse eu, eu ia ser muito criticada, mesmo sendo humor. E assim vai com outras questões de conteúdo, como sexo e pegação. Se eu for fazer, vai pegar muito mal pra mim e as pessoas vão me rotular de um monte de coisa, dizer que isso não é postura de mulher. É muito triste ter essa limitação e ouvir certo tipos de comentário. Se for um homem, é lindo. Se for mulher, é forçada e piranha", questiona a humorista, que ainda abre outra linha de discussão.

"E ainda existem os estereótipos da mulher humorista: ou é a gostosona e burra ou é a desleixada e feia. Se eu apareço dos jeito que eu sou, sem nada já vem toda a cobrança estética. Mas se eu apreço arrumada, as críticas também vêm. Dizem que humorista não é para ser bonita, que estou fazendo muitos procedimentos. Então, na internet, para trabalhar com exposição, você tem que fazer o que você gosta, trabalhar com a sua verdade, porque as pessoas sempre vão falar. As pessoas sempre vão criticar, independente do que eu faça", defende Gkay que ainda dá um conselho para quem quiser se manter online e são.

"Eu faço muita terapia e aconselho a quem puder fazer, fazer também. É muito bom e só com terapia mesmo para lidar com isso tudo. Outro dia, vieram comentar que meu cotovelo era feio. Onde já se viu isso? Eu nunca tinha nem notado que existiam cotovelos diferentes", brinca.

 

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