Por Juliana Pimenta
Rio - A pandemia foi - e ainda tem sido - muito desafiadora em todo o mundo. Além das mortes e da crise que atinge vários setores da sociedade, o isolamento social traz muitos obstáculos na rotina do brasileiro. Por isso, nos últimos meses, diversos criadores de conteúdo se destacaram com a proposta trazer leveza e entreter o público. O riso em meio à dor foi o que consagrou a influenciadora digital Camilla de Lucas. Nascida em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, a jovem de 26 anos também se espanta com a fama recém-conquistada. “Sonhamos que nosso trabalho na internet seja reconhecido, mas eu jamais imaginei que fosse dessa forma. Eu ainda não entendi muito bem tudo o que está acontecendo, risos. Estou deixando a vida me levar, mas não imaginava mesmo! Nunca fiz nenhum planejamento de carreira, mas está dando tudo certo!”, comemora Camilla.


Os vídeos de maior sucesso postados no Instagram, onde já ultrapassa os 2,7 milhões de seguidores, são, em sua maioria, sátiras de práticas comuns da rotina do brasileiro. Apesar de retratar situações tipicamente associadas ao subúrbio carioca, Camilla conta que o trabalho extrapolou as fronteiras estaduais. “Quando a gente entra na Internet, não temos noção de até onde o nosso conteúdo pode chegar. Eu já imaginava que pessoas de outros estados pudessem ter acesso pela facilidade da internet. Um dia você dorme, no outro acorda e vira um meme lá em Rondônia, por exemplo, ou no Rio Grande do Norte, em Santa Catarina, enfim, a internet possibilita que a gente chegue em mais pessoas. Eu fico muito feliz quando alguém me fala que é de outros estados e até países. Já me falaram que estavam vendo meu conteúdo de Angola! É uma loucura”, brinca a influenciadora.

Nova referência

Originalmente, Camilla fazia vídeos sobre cabelo e maquiagem da mulher negra no Youtube. Segundo ela, a motivação veio, porque representava sua própria identidade e necessidade. Com o tempo, mesmo mantendo as dicas de beleza, o humor conquistou o primeiro plano do trabalho. Hoje, ela é uma das referências que sempre quis ter quando pequena.

“Sempre senti falta. As coisas estão mudando, estão melhorando de forma lenta ainda, temos muita coisa que precisa mudar. Para mim, a maior dificuldade de referência era em revistas teens. Eu olhava e não via uma jovem, uma adolescente negra como referência de beleza, simplesmente não tinha”, conta Camilla que se esforça para estar ao altura do espaço conquistado.

“Eu fico muito feliz! É uma responsabilidade muito grande, não tenho noção da grandiosidade disso, mas recebo mensagens diariamente das seguidoras e de outras pessoas falando que eu sou uma inspiração, que assistiram um vídeo meu e que a mensagem dele tocou de uma forma profunda. Eu compartilho muito o meu processo de auto aceitação, do meu cabelo, dos meus traços, então, as pessoas acabam se identificando. Eu fico feliz quando vejo que, através de um vídeo, pude ajudar uma outra mulher negra a se aceitar e se amar da forma como ela é, que é maravilhosa”, destaca.

Queridinha das celebridades

Seguida por nomes como Tatá Werneck, Regina Casé, Giovanna Ewbank e Taís Araujo, Camilla lembra com graça de quando começou a ser descoberta pelas celebridades. “Eu levei um susto! A primeira pessoa que falou comigo foi a Tatá Werneck. Do nada no Twitter, ela me mandou um emoji de coração e eu pensei ‘meu Deus!’ Eu escrevi para ela e falei: - ‘Tatá Werneck, eu não tenho plano de saúde, você quer que eu caia aqui no chão dura? É aqui na sala de casa que eu vou ficar’! Risos. Ainda não me acostumei não. Cada vez que chega uma pessoa nova, eu fico ‘meu Deus, fulana de tal está me seguindo’, ‘fulana comentou na minha foto, o que está acontecendo’. Mas, a que mais me chocou foi a Regina Casé. Ela compartilhou meu vídeo e me elogiou. Tomou uma proporção enorme!”, conta a influenciadora que é uma das apresentadoras convidadas para substituir Giovanna Ewbank em seu canal no Youtube durante sua licença maternidade.