Ju Massaoka Tatiana Martins / Divulgação

Rio - Incluído na revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID) em 2022, o lipedema ganhou notoriedade nos últimos anos. Famosas como Yasmin Bunet, Juliane Massaoka, do "Mais Você", e a ex-BBB Amanda Djehdian foram diagnosticadas com a doença, que consiste no acúmulo desordenado de gordura em algumas áreas do corpo e traz desconfortos físicos e estéticos para as mulheres.
"Lipedema é uma doença crônica, ou seja, não tem um tratamento definitivo. É um acúmulo diferente de quando você engorda ou emagrece. Está muito ligado a problemas genéticos ou metabólicos, tanto que aumenta muito o aparecimento durante a adolescência, na puberdade, devido às mudanças hormonais, assim como na gravidez ou na menopausa", explica o cirurgião plástico, membro e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Luiz Haroldo Pereira.
O profissional ainda lista os sintomas do lipedema. "Entre as características, notamos um acúmulo muito maior nas pernas, entre tornozelo e coxas, mas pode ocorrer também nos braços. É sempre simétrico, sendo um edema mole, sempre igual dos dois lados. Quando excessivo, notamos uma deformidade nos membros inferiores, o paciente sente dor ao toque e variações de temperatura, prejudicando até o andar, caso atinja as articulações", enumera.
Diagnóstico e tratamento
Não é tão simples diagnosticar o lipedema, já que muitas vezes a doença é confundida com sobrepeso. "O lipedema é uma doença que não tem uma causa evidente, pode ser hereditária. É diferente da gordura localizada, que é apenas o aumento dos adipócitos. O lipedema é aumento desordenado do tecido adiposo. O diagnóstico é complicado, podemos usar o ultrassom para evidenciar a presença da gordura. Não adianta usar roupas muito justas, mas o paciente deve fazer exercícios e, de preferência, com uma meia compressiva para não ter o maior edema nessa região. Além do cuidado severo com a alimentação. O cirurgião vascular também deverá avaliar. Não existe tratamento laboratorial", explica Dr. Luiz.
A cirurgia está entre os tratamentos indicados. "A lipoaspiração, que é o tratamento cirúrgico, é bem importante, mas nem sempre irá resolver desde a primeira cirurgia, porque temos um limite de gordura que podemos retirar em segurança. Além disso, podemos unir ao endolaser, tendo uma queima da gordura e uma melhor retração da pele. Se a deformidade for muito grande, precisamos fazer a dermolipectomia, que é a retirada de pele e gordura em bloco, assim como em um paciente que já fez bariátrica e tem uma sobra excessiva", diz o especialista, ressaltando que o lipedema não vai desaparecer com o emagrecimento. "O paciente emagrece, faz tratamentos, dietas, toma medicações mas a área atingida não diminui. No caso das pernas, o paciente se torna magro, mas com as pernas grossas, desconfortáveis e com dor".
Natálie Vasconcelos foi diagnosticada com lipedema há apenas dois anos. "Mesmo após emagrecer 40 quilos, continuei com gordura nas coxas, de forma simétrica mas irregular e mesmo sendo nova e com uma vida relativamente ativa, sentia muito cansaço e dores nas pernas. Hoje o meu tratamento é com uma alimentação equilibrada e atividades físicas regulares, principalmente com foco em melhorar a circulação nas pernas, como treinos de panturrilha", conta a jornalista, acrescentando a importância de beber água. "A retenção de liquido piora muito o desconforto, e a água acaba sendo a melhor forma de diminuir os sintomas". 
Ju Massaoka descobriu ser portadora de Lipedema em uma pauta do "Mais Você". "O Lipedema afeta todo o tecido conjuntivo do corpo e é caracterizado por um excesso de gordura nos membros, no meu caso, as pernas. No início, foi difícil lidar com o diagnóstico de uma doença que não tem cura e exige mudanças grandes de rotina para ser controlada. Mas depois de um tempo eu entendi que o diagnóstico só me trouxe mais esclarecimentos e informações sobre algo que eu já tinha e a partir de agora tenho a chance de me cuidar melhor", disse a repórter ao DIA, no fim do ano passado.
Tipos de lipedema
A doença é classificada em cinco graus, de acordo com as áreas afetadas. De acordo com a Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV), o estágio 1 atinge do umbigo até os quadris, enquanto no 2 o acometimento se dá até os joelhos. O tipo 3 do lipedema vai até os tornozelos, com acúmulo de gordura acima dos pés. No 4, a condição afeta os braços e é associado aos estágios 2 e 3. Por fim, a classificação 5 atinge a região do joelho para baixo. 
O caso de Natálie é o mais brando, o que faz, segundo a jornalista, com que o tratamento seja eficaz, mas não permite deslizes sem tornar a sentir os sintomas. "O que mais me surpreende é o quanto o lipedema é comum e, mesmo que seja extremamente desconfortável pela dor e ruim para a autoestima, muitas mulheres não fazem ideia e se culpam ou se colocam na posição de cobrança sobre um corpo perfeito, sem se dar o devido cuidado e carinho que o diagnóstico precisa", conclui.