As atrizes Luisa Thiré e Carolyna Aguiar estão em cartaz com a peça "A Inquilina"Divulgação

Elas estão em cartaz com a peça “A Inquilina”, que conta a história de duas mulheres acima dos 50 anos que querem dar uma virada na vida. Na trama, elas se espelham e se revelam. Tão diferentes e com vidas tão distintas, as personagens têm em comum a solidão e suas dores e delícias desta nova fase da vida. Nossos “mulherões” desta terça são as atrizes Luisa Thiré e Carolyna Aguiar, que dão vida à essas personagens de maneira brilhante.
Ambas com 53 anos, no auge e com inúmeros projetos no radar, para elas, diminuir a marcha não é uma opção. Instigadas pela provocação da peça, se misturam às personagens e, ao falar de si mesmas e da peça, falam de todas e todos nós. Amigas de colégio desde a adolescência, Luisa Thiré e Carolyna Aguiar são comadres e dão o show quando o assunto é ressaltar a força feminina.
Luisa tem a arte no sangue e é neta da atriz Tônia Carrero, e filha do ator Cecil Thiré. Na carreira, coleciona inúmeras peças de teatro e também novelas e programas de TV. Por seu trabalho nos palcos já recebeu diversos prêmios, incluindo o prêmio Aplauso Brasil de Teatro e o Internacional Prêmio Copacabana. Na televisão, estreou em 1987, na novela da Rede Globo, Direito de Amar.
Carolyna além de atriz também é produtora cultural, performer e professora de diversas técnicas corporais. Atua no teatro e na televisão desde 1988, foi dirigida por grandes nomes como Sérgio Britto, Domingos Oliveira e Paulo José. Na televisão, participou de novelas e programas de humor. Em 1993 e 1994 ganhou dois prêmios de Atriz Revelação por sua atuação na novela “Fera Ferida”, de Aguinaldo Silva.
“A Inquilina” fica em temporada até o dia 28 de abril na Cidade das Artes, na Barra da Tijuca, aos sábados às 20h e aos domingos às 19h. Mistério, humor, paixão e liberdade são ingredientes da comédia dramática que fala da capacidade das mulheres 50+ se reinventarem. O espetáculo é da premiada dramaturga, escritora e romancista norte-americana Jen Silverman, encenada pela primeira vez no Brasil.
Vamos conhecer um pouco mais sobre esses verdadeiros mulherões? Confiram a entrevista completa!
Os 50 anos são a melhor fase de uma mulher?
Carol: Os 50 anos não são o auge de nossas vidas, são o começo de um novo ciclo, bem mais interessante do que nossas mães e avós nos disseram que seriam. Somos uma geração que ainda respondeu aos preceitos do patriarcado: casando, tendo filhos e também as conquistas do feminismo, dando ênfase às nossas carreiras e independência financeira. Ficamos sobrecarregadas com várias funções. Cuidamos da família e dos negócios e ainda nos obrigamos a estarmos sempre lindas e maravilhosas. Exaustivo. Os 50 anos vem com algumas vantagens para nós: a maioria está com filhos mais crescidos e mais estabelecidas no trabalho. Com isso começa a nos sobrar mais tempo. Não temos mais a energia da juventude, mas estamos mais sábias para gastar a nossa, onde será produtivo e prazeroso.
Quais são os desafios de combater o etarismo?
Carol: Os desafios são enormes. Temos uma população cada vez maior de pessoas entre 60 e 100 anos, andando por aí em um país que dá excessivo valor a juventude. É preciso dar a essas pessoas oportunidades no mercado de trabalho. Podem não ter o mesmo gás da juventude, mas estão mais sábios para discernirem, onde e como colocar a energia. Outro paradigma é: sabemos que o tempo para frente é limitado, então deve ser prazeroso. Envelhecer traz seletividade. Estudos mostram que as pessoas mais felizes do mundo são as mais velhas. Começamos felizes crianças e vamos ficando sérios e cheios de funções e responsabilidades e na maturidade, voltamos a conquistar a nossa liberdade e a autonomia. Até 50 anos atrás, uma mulher com 60 anos era considerada boa para ser avó, cuidar dos netos e do marido. Hoje as mulheres de 60 anos estão batalhando por suas carreiras, sustentando famílias e começando novas profissões.
A peça é um convite aos recomeços da mulher. Ela está preparada para esse desafio?
Luisa: Os desafios são enormes. Lembrei do caso das jovens universitárias gozando uma mulher madura que era caloura. Uma tristeza. Quantas amigas mais velhas eu tenho que estão fazendo cursos, faculdades, mestrados e doutorados. Uma amiga se formou com 69 anos em fisioterapia e está trabalhando e fazendo vários cursos de especialização. A maioria de nós sabe que precisará continuar trabalhando para se sustentar e está se reinventando profissionalmente. Tenho uma mãe de 80 anos que faz questão de morar sozinha e de se manter completamente independente. A mãe da Luisa continua trabalhando como produtora cultural com a mesma excelência de sempre.
Você se acha um mulherão?
Luisa: Se ser um mulherão significa ouvir meu coração, respeitar meus instintos, meus desejos... Se ser um mulherão significa ser mãe atenta e amiga fiel.. Se ser um mulherão significa ouvir meus desejos, meus impulsos e ir atrás dos meus sonhos.. Me respeitar, respeitar o que sinto, querer, poder e dever ser feliz. Saber que tenho escolhas a fazer e faze-las a partir dos meus desejos, minhas reais necessidades. E claro! Adoro de me cuidar. Faço pilates, caminhadas diárias, me alimento bem, faço terapia, durmo bem, mas também tenho noites incríveis de festa, noites para dançar, sair com amigas, rir, gargalhar, namorar, beijar na boca e trabalhar. Amo trabalhar. Pensando bem aqui, agora: acho que sou um mulherão, sim! (risos).