Coordenador geral do Sepe diz que "o Rio perdeu quatro anos" com Crivella
Gustavo Miranda diz que sindicato quer encontrar com Eduardo Paes ainda na época de transição
Por RICARDO SCHOTT
Rio - Gustavo Miranda, coordenador geral do Sepe/RJ (Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação do Rio de Janeiro), afirma que o sindicato quer se encontrar urgentemente com o prefeito eleito, Eduardo Paes, e que não sentem saudades do ex-prefeito, Marcelo Crivella.
"Ele foi marcado por um governo sem projeto. Foram quatro anos sem nenhum projeto. O Rio perdeu quatro anos. Criticamos os projetos apresentados anteriormente por Eduardo Paes mas não veio mudança nenhuma", afirma. "Aumentou a precarização, só tivemos aumento em um ano e o Crivella não deixa saudade por causa de sua incapacidade de melhorar os índices de aprendizado no Rio, e de resolver a estrutura das escolas. Nada disso foi resolvido".
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Gustavo espera por um encontro com o prefeito eleito antes da virada de ano, durante a transição. "O Crivella fez isso, quando o secretário de educação Cesar Benjamin nos recebeu ainda em dezembro", conta ele. "Queremos tratar com ele o que não conseguimos com Crivella. E a gente esta numa situação muito complicada, com a questão da pandemia, da reposição das aulas para os estudantes. A eleição dele significa um novo recomeço, já que a prefeitura do Crivella foi muito ruim".
Primeiros discursos
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Analisando as falas de Paes, Gustavo conclui que ainda é cedo para entender o que vem por aí. "As falas dele estão carregadas do clima de eleição. Vamos vislumbrar a posição do governo quando daqui a duas semanas se instalar um gabinete de transição e as primeiras decisões começarem a ser tomadas", conta, já esclarecendo que acha que o "dois anos em um" anunciado pelo prefeito é insuficiente.
"A saída é aumentar a ciclagem para 2022. O ano de 2020 foi perdido e nem sabemos se 2021 vai começar. Não há certeza da vacina e está provado que as pessoas não cumprem o isolamento. Há um clima de manutenção da pandemia que pode fazer com que 2021 nem comece. Estamos inseguros com a abertura. As escolas voltam no primeiro dia de fevereiro. São dois meses, muito rápido".
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Reivindicações
Gustavo afirma que a principal reivindicação para o prefeito eleito é respeito. "Já reivindicávamos isso ao Crivella: respeite a nossa saúde, a vida dos profissionais de educação, os estudantes, seus pais. E não coloque outros interesses no lugar dos da comunidade escolar, que quer apenas se manter viva e com saúde para voltar às aulas", conta.
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O coordenador lamenta que o ex-prefeito tenha adotado a postura de estressar os professores com diversas datas para retorno presencial às aulas, sempre marcadas bruscamente. "Isso não passou de uma medida eleitoreira, com o objetivo desesperado de ganhar o setor negacionista para seu projeto eleitoral. Não havia sentido ou segurança sanitária para isso. Foi uma atitude desastrada e perigosa, que só atendia aos interesses eleitorais dele", conta.
"Havia outras formas de você diminuir o prejuízo do estudante sem colocá-los, e colocar também pais e profissionais, em risco. Um quinto das escolas do município do Rio já estão fechadas por causa de Covid-19. É muito preocupante", completa. Em 1º de dezembro, o Sepe/RJ já havia divulgado nota contabilizando 323 escolas fechadas por causa da ameaça do coronavírus na rede municipal.
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Ensino remoto
Gustavo coloca que no que diz respeito ao ensino remoto, a interação com os alunos tem que permanecer. Mas isso não repõe totalmente o prejuízo. "Não aceitaremos que o governo apresente qualquer tipo de aula remota e transforme isso em ano letivo e dia de aula dado. Precisamos de seriedade. A prioridade é manter a vida das pessoas, interagir com os estudantes e ter ensino remoto, mas sem transformar isso em aula dada como se o aluno tivesse passado por isso sem prejuízo", diz.
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Água
Em outubro, um documento divulgado pela Unicef sobre as eleições, intitulado 'Mais que Promessas na sua Cidade', trazia recomendações como a implementação de plano municipal de saneamento em territórios vulneráveis, e do apoio necessário para a volta às aulas presenciais, já que muitas escolas mal tinham acesso à água - essencial para manter o coronavírus distante. Gustavo conta que a situação das escolas é muito ruim.
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"Todo governo tem escolas-vitrine, que ficam em lugares acessíveis, a imprensa chega mais fácil. Mas e no interior, e nas comunidades? Há escolas que existem em locais nos quais comumente não tem água, e elas também não vão ter água. Quantas aulas são encerradas porque não há água na escola? A prefeitura deve ter índices disso e não divulga, porque quer esconder o pouco investimento", afirma. "Há escolas que não têm luz nem conectividade. Ou escolas nas quais você tem conectividade mas não pode ter wi fi porque a estrutura elétrica não permite".
Greve
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Em assembleia virtual realizada ontem, os profissionais da rede municipal do Rio de Janeiro decidiram manter a greve em defesa da vida contra o retorno das atividades presenciais, incluindo manutenção das atividades remotas e/ou impressas e de home office. Foram 313 votos a favor da manutenção da greve, além de 17 pela suspensão e 39 abstenções. Uma live realizada à noite trouxe avaliações sobre a eleição e sobre a pandemia. No dia 7, haverá ato simbólico na prefeitura às 11h, e no dia 9, haverá assembleia geral da rede municipal.