Deputado Otoni de Paula (MDB-RJ) Divulgação
"A decisão do MDB do Rio de apoiar o ex-presidente Lula me apavora. Ingressei no partido com a garantia de ter autonomia e liberdade para caminhar com o nosso presidente, Jair Bolsonaro. Escolhi o melhor lado. Defendo a democracia, mas não deixo de me sentir traído pela direção que o MDB do Rio toma neste momento", critica o deputado.
Magoado, Otoni comenta que chegou a votar favoravelmente à sua candidatura própria, para não inclinar para Lula. "Agora a direção apronta essa molecagem? Recebo uma bolada nas costas. Infelizmente, não fui comunicado ou consultado, talvez por já saberem, desde o início, qual seria a minha posição. Sigo com Jair Bolsonaro, e meu partido continua sendo a família", afirma.
Assim como o deputado, em nota, Família Reis mostra apoio ao presidente Jair Bolsonaro e não concorda com a decisão do seu partido. "A decisão do MDB no Rio de Janeiro em apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não representa o pensamento do candidato a vice- governador do Rio, Washington Reis, do deputado federal Gutemberg Reis, do deputado estadual, Rosenverg Reis, do vereador Junior Reis e do prefeito de Duque de Caxias, Wilson Reis. Essa foi uma decisão do presidente do MDB no Rio, Leonardo Picciani. E não representa a corrente de pensamento da família Reis", declara o clã.
Em sua convenção o MDB alegou que o radicalismo do atual governo e dos grupos a ele associados fomentam uma crise com a possibilidade de graves consequências. Por outro lado, também fornece oportunidade para uma aliança entre diferentes, que tenham em comum o amor à liberdade, o desejo de progresso e a compaixão pelos seus semelhantes.
Leia a íntegra da moção aprovada:
O Brasil está vivendo um dos momentos mais difíceis de sua história. Há mais de quarenta anos nossa economia cresce de modo irregular, a taxas muito baixas e sem sinal de recuperação. Além de uma economia quase estacionária, estamos assistindo agora a um grande crescimento da pobreza e ao achatamento da renda da maioria da população. Se acrescentarmos a isto a inflação elevada e o alto nível de desemprego e de informalidade no mercado de trabalho, temos que admitir que o país precisa mudar de rumo urgentemente. Esta mudança é um trabalho para a política.
O nosso ambiente político, no entanto, está carregado de tensões e de conflitos inúteis, cujos efeitos são a paralisia do Estado e a perda de confiança da população nas instituições. Se mantido indefinidamente, este
estado de coisas vai aprofundar o divórcio entre a população e as instituições políticas, tornando impossível a formação dos consensos necessários para as mudanças de fundo que precisam ser adotadas nas políticas públicas, seja para promover um novo ciclo de crescimento, seja para corrigir as injustiças sociais que marcam tão profundamente a vida do país.
As eleições que se aproximam podem ser as mais conflituosas de toda a nossa vida democrática e podem criar divisões duradouras na sociedade, se as maiorias pacíficas e de bom senso não fizerem valer a sua voz. Para isto é necessário que projetos imediatos de poder e diferenças de opinião sejam postos em segundo plano e que as forças da democracia e do progresso invistam sem reservas num projeto de união nacional, em torno de alguns pontos que possam constituir uma plataforma comum.
A primeira tarefa de um Governo para o Brasil neste momento tem que ser um esforço sincero e paciente de pacificação do país, começando com a renúncia à politização das questões da moral e da cultura que são, por natureza, inegociáveis e não se prestam às soluções de compromisso, que são as únicas soluções de que dispõe a política.
Um Governo para esta hora precisa aceitar ser um Governo de transição, que seja de todos e para todos e não apenas de um partido ou mesmo de uma coalização de semelhantes, cujos projetos e visões do mundo não são compartilhados pelas grandes maiorias do país.
Na crise de representação política que vivemos nenhum dos partidos existentes tem o apoio de grandes frações da opinião pública e nenhum pode querer impor suas ideias e seu pensamento sem causar grandes
traumas e conflitos. Uma coisa é ganhar uma eleição, outra muito diferente é governar em paz e com proveito para o país. Pacificar o país exige dos vencedores capacidade de diálogo e humildade, virtudes raras no cotidiano da política, mas elementos indispensáveis para as tarefas de reconstrução da economia, da sociedade e da política, que temos a oportunidade de tentar.
O radicalismo do atual Governo e dos grupos a ele associados fomentam uma crise que pode ter graves consequências, mas também fornece oportunidade para uma aliança entre diferentes, que tenham em comum o amor à liberdade, o desejo de progresso e a compaixão pelos seus semelhantes.
Brasileiros de diferentes opiniões tem todos os motivos para se unir em torno de um candidato que, além de nos livrar dos retrocessos e da desumanidade que são a essência do atual Governo, se comprometa com sinceridade:
1º - fortalecer as instituições políticas democráticas, não para mantê-las congeladas no tempo, mas modernizando-as e adaptando-as às exigências de um mundo que muda cada vez mais rapidamente e não perdoa os retardatários;
2º - não aspirar à reconstituição do passado, consciente de que temos de procurar nosso lugar no futuro que
está em gestação em todos as esferas da vida:
3º - recuperar o papel do Estado na liderança e na promoção do desenvolvimento econômico e na repartição dos frutos do progresso, do mesmo modo como o fizeram todos os países democráticos do mundo.
4º - governar em nome de todos os brasileiros e para todos os brasileiros e garantir segurança jurídica e estabilidade institucional para os que produzem e trabalham.
Uma coalizão de brasileiros, unidos por estes valores, pode evitar os males que nos ameaçam, dar fim a um momento sombrio de nossa história e lançar as bases duradouras de um verdadeiro desenvolvimento inclusivo e sustentável. Esta é uma oportunidade que não podemos perder.
A gravidade especial do momento, não qualquer desmerecimento à candidatura posta pelo MDB, nos impõe já no primeiro turno das eleições apoiar a candidatura do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o mais
qualificado entre todos para governar nos termos e condições que expusemos acima. Ao fazê-lo estamos cumprindo nossos deveres com o Brasil.
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