Sofia ManzanoPCB / Divulgação /JC

Na tarde da última sexta-feira, 19, a candidata do Partido Comunista Brasileiro à Presidência, Sofia Manzano, concedeu entrevista à imprensa na sede do Partido, acompanhada pelo candidato do PCB ao Governo do Estado do RJ, Eduardo Serra.

Em uma exposição dos principais pontos de seu programa de governo, Sofia salientou que o eixo principal é ter um corte assumidamente anticapitalista e anti-imperialista, voltado para atender aos interesses da classe trabalhadora.

A presidenciável salientou a necessidade de uma mudança profunda na política macroeconômica, tendo como elementos principais uma reforma tributária progressiva e progressista, uma mudança completa nas prioridades do orçamento público, o fim das terceirizações e a retomada do papel do Estado como financiador e indutor do desenvolvimento econômico.

A candidata comunista também enfatizou a necessidade de uma reforma agrária popular que enfrente o agronegócio e implemente a produção de gêneros alimentícios principalmente pela agricultura familiar, que é o segmento da agricultura que majoritariamente fornece os gêneros alimentícios consumidos pela população trabalhadora brasileira. Nas palavras de Sofia Manzano, "agro é a indústria pobreza do Brasil: produz essencialmente commodities agrícolas para a exportação, intensifica a concentração da propriedade da terra, é poluente, utiliza indiscriminadamente o veneno dos agrotóxicos e impulsiona o aumento da violência no campo".

A candidata do PCB ainda defendeu mudanças profundas na política monetária, com o fim da independência do Banco Central, que em seu governo passará a ter como objetivos da política monetária, além do combate à inflação, a manutenção do pleno emprego e o crescimento do PIB. Manzano afirmou que seu governo mudará também a gestão da dívida pública, com o fim da política de superávit primário. Na política fiscal, a candidata se compromete com a revogação do teto de gastos e também com a revogação da Lei de Responsabilidade Fiscal, que será substituída por uma Lei de Responsabilidade Social priorizando o gasto público voltado para o atendimento às necessidades da população, especialmente a população trabalhadora.

Em relação à politica de emprego e renda, Sofia Manzano defendeu, além da revogação das contrarreformas trabalhista e previdenciária, a redução para toda a classe trabalhadora da jornada de trabalho para 30h semanais sem redução de salário. Nas contas da candidata comunista, tal medida tem o efeito de aumentar, em curtíssimo prazo, em 50% a quantidade de vagas formais de trabalho, especialmente nas grande empresas; além disso, a redução da jornada de trabalho proporcionará ao trabalhador mais tempo para estudo, lazer, atividades culturais recreativas e desportivas, melhorando a qualidade de vida e a saúde física e mental da classe trabalhadora brasileira.

A candidata presidencial comprometeu-se ainda a ratificar a Convenção 158 da OIT, que garante a estabilidade no emprego para todos os trabalhadores. Manzano enfatizou também a importância da garantia da estabilidade do servidor público e comprometeu-se com o fim das terceirizações no serviço público e a realização de concursos públicos, especialmente nas áreas de saúde, educação e assistência social.

Manzano citou a importância de resgatar o status estatal e público dos equipamentos culturais e comprometeu-se com a demarcação de terras dos povos originários sem nenhum "marco temporal", pois os indígenas já estavam aqui antes da chegada dos europeus brancos colonizadores.
Um perfil claramente de esquerda
Presente ao evento, o candidato do PCB ao Governo do Rio Eduardo Serra relembrou o resultado da recente pesquisa DataFolha que o coloca em terceiro lugar na disputa, em empate numérico com o candidato do PDT e ex-prefeito de Niterói, Rodrigo Neves.
"Por que isso? Porque nossas propostas estão sendo ouvidas, e porque uma parcela expressiva do eleitorado fluminense quer uma candidatura com perfil claramente de esquerda que apresente propostas avançadas e radicais, porém realizáveis", disse Serra.
O candidato lembrou alguns de seus pontos programáticos mais relevantes, como a estatização do transporte público com a redução imediata das tarifas de transporte rumo á tarifa zero no médio prazo; a reformulação total da política de segurança, com o fim da Polícia Militar e da atual polícia civil e a criação de duas novas polícias civis, uma fardada para o policiamento ostensivo e outra de caráter investigativo; o fortalecimento da educação pública, notadamente a expansão do ensino médio público rumo à universalidade com qualidade e o fortalecimento das universidades estaduais (UERJ e UENF); e a expansão do serviço público de saúde rumo a universalidade, articulando o fortalecimento do SUS com o governo federal e as prefeituras.