Em seu governo, Lula instituiu o Dia do Evangélico, mas uma fake news diz que ele persegue cristãosMIGUEL SCHINCARIOL/AFP

No momento em que a pauta ambiental é uma tônica no exterior, o candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, defendeu nesta segunda-feira, 29, em encontro com eurodeputados aliar preservação e exploração na Amazônia. A combinação, defendeu Lula, aconteceria em um eventual novo governo petista com ajuda internacional, mas sem o Brasil abrir mão da soberania da floresta.
"A gente não quer transformar a Amazônia em santuário da humanidade, mas explorar o que a biodiversidade possa oferecer", declarou.
O petista defendeu a importância da União Europeia nas cooperações para a Amazônia e lembrou que a floresta abrange outros países da América Latina, como a Venezuela. "Pode-se utilizar Amazônia para que da Amazônia a gente possa extrair da riqueza da biodiversidade o suficiente para sustentar quase 30 milhões de brasileiros que moram naquela região", avaliou.
Para Lula, o Brasil precisa compartilhar pesquisa com outros países para descobrir tudo o que existe de riqueza na biodiversidade da Amazônia. "O Brasil pretende construir parcerias com outros países para que a gente possa dizer, embora o Brasil seja dono do território da Amazônia, a Amazônia é de interesse de sobrevivência da humanidade e portanto todos têm responsabilidade para ajudar a cuidar da Amazônia", declarou.
Ao comentar a questão ambiental, Lula relembrou uma conversa com o ex-presidente americano Barack Obama, que teria proposto a ele um fundo verde para funcionar de forma semelhante ao Fundo Monetário Internacional. "Eu falei: "Obama, pelo amor de Deus, não fala no FMI. Aqui no Brasil, a gente tem ojeriza ao FMI. Não nos interessa um fundo para funcionar igual ao FMI", relatou o candidato aos eurodeputados.
O candidato do PT afirmou ainda que, se eleito, fará esforço para aprovar o acordo comercial União Europeia-Mercosul, hoje travado nos parlamentos locais europeus em parte devido à política ambiental do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), criticada internacionalmente.
"O trabalho para que a gente possa fazer e possa concretizar o acordo Mercosul-União Europeia vai ser trabalhado com muita força por nós. Porque acho que nós precisamos, mais do que nunca, um dos outros", declarou Lula.
Pelo lado europeu, a comitiva foi liderada pela Presidente de Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas da União Europeia, a eurodeputada Iratxe García. Durante o encontro, Lula avaliou que a transição energética pode demorar. "Enquanto petróleo for barato, enquanto o petróleo tiver acesso a todo mundo, eu acho que muita gente não terá interesse em mudar matriz energética do seu país. Você precisa ter consciência que esse país é um dos países que tem matriz energética mais limpa do planeta", destacou o candidato, que, por sua vez, voltou a se comprometer a trabalhar pelo hidrogênio verde se eleito presidente.
Ucrânia
O petista criticou também a invasão da Ucrânia pela Rússia, chamada por ele de "coisa desagradável". "Para nós, é muito claro que a gente não concorda em hipótese alguma com ocupação territorial de um país por outro país. Acho que a guerra foi precipitada, faltou conversa, liderança, faltou interesse de evitar a guerra", disse. "É lamentável que essa guerra esteja acontecendo no quintal da Europa", acrescentou, que pediu o fim da guerra "o mais rápido possível".
Aos europeus, Lula afirmou que o mundo precisa voltar à normalidade e reiterou que, em um eventual novo governo dele, as relações do Brasil com a União Europeia serão fortalecidas. "Queremos uma relação de parceria, de troca, onde todos possam ganhar alguma coisa e ninguém perca", afirmou. "Se voltarmos a governar o Brasil, nossa parceria com a União Europeia será mais forte do que foi", seguiu.
"Se nós ganharmos as eleições, vai ficar muito claro que o Brasil precisa da União Europeia. Precisamos de ajuda, de parceria, de investimento, de troca. O Brasil precisa da União Europeia e a União Europeia precisa do Brasil", acrescentou Lula O petista avaliou ainda que a Europa é modelo de bem estar social para o mundo e tem organização política "razoavelmente avançada".