Martin Moore é diretor do Centro de Estudos de Mídia, Comunicação e Poder da faculdade King’s College de LondresReprodução/ Arquivo pessoal
Essas empresas, segue o autor, vem reestruturando a política, corroendo as instituições existentes e remodelando o papel do cidadão. Martin Moore é diretor do Centro de Estudos de Mídia, Comunicação e Poder e conferencista sênior do Departamento de Política Econômica da faculdade King’s College de Londres.
Em entrevista por email ao O DIA, ele afirma que as redes sociais afetam as eleições, mas ainda não se sabe exatamente como. O jornalista e professor da King's College London aponta o ‘prebunking’ como uma possível prevenção contra os efeitos da desinformação. A ideia por trás deste conceito é se antecipar e preparar a população contra eventuais campanhas enganosas.
Como as redes sociais influenciam as eleições?
Sabemos que as redes sociais influenciam as eleições, embora não tenhamos certeza de como. Sabemos, por exemplo, que as redes sociais aumentam a participação política e que as redes sociais podem levar as pessoas a se registrar para votar, ou a ir votar. Mas é muito mais difícil avaliar exatamente como as redes sociais afetam em quem eles votam.
Há medidas bem-sucedidas tomadas por países para blindar as eleições desses efeitos das redes sociais?
Temos visto muitos esforços para responder aos efeitos negativos das redes sociais – principalmente a desinformação. A resposta no Taiwan é provavelmente a mais conhecida, onde o governo trabalhou com a comunidade de tecnologia e com a sociedade civil para identificar, verificar e desmascarar informações falsas ou malignas.
Como podemos nos proteger ou proteger a população brasileira dos efeitos das redes sociais?
Uma resposta coletiva à desinformação e ao abuso é fundamental. Uma resposta em rede – onde a indústria trabalha com a sociedade civil e com as autoridades eleitorais – provavelmente será a mais eficaz.
Qual é a sua relação pessoal com essas plataformas?
Como foi o trabalho de pesquisa para escrever o livro ‘Democracia Hackeada: como a tecnologia desestabiliza os governos mundiais’ ?
Venho estudando o poder crescente dessas plataformas desde antes de 2016 e pesquiso seu papel na política e nas eleições desde as eleições gerais de 2015 no Reino Unido.
Quem se beneficia eleitoralmente das redes sociais?
Aqueles que trabalham com "o grão das redes sociais" são os que mais se beneficiam – isso significa entender não apenas o que funciona e o que não funciona, mas como os serviços são desenhados e estruturados e para que são melhor utilizados.
Que estratégias podem ser adotadas para minimizar os efeitos das notícias falsas?
As notícias falsas vêm em muitas formas diferentes, e não há uma resposta que sirva para todos os tipos. No entanto, temos visto algum sucesso do 'pré-bunking' – em outras palavras, preparando as pessoas para informações falsas ou distorções antes que elas as vejam.
O senhor também observa que as redes sociais interferem negativamente nas eleições locais além das nacionais?
Há menos pesquisas – até o momento – sobre o papel das redes sociais nas eleições locais, mas vendo o crescente papel dos pequenos grupos de WhatsApp em lugares como a Índia, é altamente provável que eles desempenhem um papel igualmente importante em nível local.
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