Marcelo Freixo (PSB) é candidato ao governo do RioREPRODUÇÃO INSTAGRAM

Nascido e criado no município de São Gonçalo, Marcelo Freixo (PSB) é casado e pai de dois filhos. Formado em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF), trabalhou 20 anos como professor, sendo também diretor do Sindicato dos Professores de São Gonçalo e Niterói entre 1993 e 1995. Elegeu-se deputado estadual em 2006, 2010 e 2014. Como parlamentar, presidiu a CPI das Milícias da Assembleia Legislativa em 2008 (que lhe rendeu grande notoriedade), a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Alerj de 2009 a 2018 e a CPI das Armas em 2011. Concorreu à Prefeitura do Rio em 2012 e 2016, sem sucesso. Em 2018, foi eleito deputado federal com 342.491 votos, sendo o segundo mais votado do estado. Em entrevista ao Jornal O DIA, Marcelo Freixo (PSB) fala sobre como pretende governar o Rio de Janeiro, caso eleito.

Qual será a sua primeira medida, caso seja eleito para o Governo do Rio?
Minha primeira medida será o aumento do salário mínimo regional, que está congelado pelo Cláudio Castro desde 2019. É o único Estado que fez isso. O salário mínimo, hoje, no Rio de Janeiro, é quase o mesmo valor do nacional, sendo que o custo de vida no Rio é muito maior. Daí a necessidade de existir um salário mínimo regional. Baseado nos estudos da nossa equipe, a gente vai colocar o salário mínimo em R$ 1.585. Isso recupera o poder de compra do salário do ano de 2019. O impacto disso é absolutamente compatível com o orçamento do Rio de Janeiro. Se for uma medida retroativa e valendo para as seis faixas, isso dá R$ 680 milhões de gasto, o que representa 1,5% da despesa. E, ao mesmo tempo, remete a um crescimento econômico, poder de compra e redução da fome, que é hoje um drama muito grande. É uma medida muito efetiva e está dentro da responsabilidade orçamentária que a gente tem que ter. Isso é um estudo feito pelo Conselho de Trabalho e Renda do Estado.
Com relação a transportes, especificamente metrô, qual a sua proposta?
Temos três desafios: a Linha 2, a Linha 3 e a estação da Gávea. A Linha 2, de todos, possivelmente é a mais barata. Você pode resolver a junção das linhas 1 e 2 completando algo que já está semi-pronto, que é o caminho Estácio/Carioca. A partir daí, você consegue desmembrar essas linhas, o que faz com que os intervalos possam ser menores e a estrutura de trens maiores. Isso melhora muito a qualidade do transporte de massa. Esse complemento da estação, que está praticamente pronto, pode e deve chegar até a Praça XV. Se acontecer, isso reativa a barca, que hoje perdeu uma quantidade enorme de passageiros, porque você desce da barca e não tem mais o Mergulhão da Praça XV onde se pegava ônibus. A Linha 3, que envolve Itaboraí, São Gonçalo e Niterói, é também muito importante. Quanto à estação Gávea, a gente não pode mais deixar aquele poço cheio de água, até porque você começa a colocar em risco os moradores do bairro. É preciso retirar a água, dar garantias de segurança daquele investimento e depois fazer um planejamento para a conclusão. Mas, para isso, temos que sentar com o governo federal, com o BNDES e com investidores. A gente não consegue fazer tudo ao mesmo tempo porque não há dinheiro para isso, tem que ser responsável.
Em fevereiro termina o período de concessão das barcas. Caso eleito, como o senhor pretende trabalhar para oferecer um melhor serviço à população?
Eu já me reuni com a CCR. A primeira coisa é estabelecer um diálogo de confiança, um elemento de credibilidade com essas concessionárias — a gente vai ter uma agência reguladora forte — e oferecer um contrato que seja razoável para a concessionária e importante para a qualidade do serviço para a população, que é quem mais interessa. Eu acho que, no que diz respeito às barcas, é um transporte muito importante para a população de Niterói e de São Gonçalo. A qualidade desse serviço vai melhorar muito. Agora, é preciso ter a barca também no cumprimento do contrato, que até hoje vem falhando muito.
O senhor já citou como solução para alguns problemas do estado a presença de uma entidade metropolitana. Caso eleito, como será a atuação dessa entidade no seu governo?
Acho que o Instituto Rio Metrópole é uma grande ideia, mas ele precisa ter autonomia e capacidade de ação e decisão, o que não tem ainda. Ele acaba sendo hoje um órgão consultivo. É muito importante que a gente tenha políticas para a metrópole, que o governador tenha a capacidade de articulação permanente com os prefeitos, e aí não é só nos transportes. Por exemplo, na educação. É muito importante o governador garantir que toda criança seja alfabetizada na idade correta. Isso é uma responsabilidade do prefeito, mas se o governador não for parceiro do prefeito e garantir investimentos para que a criança seja alfabetizada na idade certa, vai acontecer uma defasagem de aprendizagem. Hoje, no Rio de Janeiro, 27% dos jovens de 15 a 17 anos estão fora da escola. Outro é na área da saúde. O atendimento primário, o médico de família, é responsabilidade da Prefeitura. Mas cabe ao governador ser parceiro dos prefeitos e garantir que, nos municípios com mais dificuldade, as famílias tenham acesso a esse atendimento primário. Isso ajuda a desafogar as demandas de alguns hospitais.
Como governador, como pretende fortalecer o combate às milícias e ao crime organizado?
Acabou de sair um relatório feito pela Universidade Federal Fluminense, em que eles apontaram que as milícias avançaram 380% no seu domínio territorial. Precisamos enfrentar a milícia e o tráfico da mesma maneira. Isso se faz com dois braços: o braço policial, prendendo bandido, com uma polícia treinada, integrada, com meta, que tem tecnologia e a capacidade de combater o crime e ao mesmo tempo respeitar os moradores das áreas que já são vítimas do tráfico e das milícias. Por outro lado, a gente precisa ter projetos sociais efetivos nas áreas onde esses grupos criminosos agem. É importante investir em esportes, em assistência, em educação integral. São medidas que a gente já apontou o que fazer, como fazer, já deram efeito. Nosso governo vai investir na polícia e dar melhores condições.
Que outras pautas o senhor entende como urgentes para o Estado?
Nós temos pessoas esperando por quatro anos para conseguir uma cirurgia e morrendo na fila. A primeira coisa que o governo do Rio de Janeiro vai fazer é parar de roubar na saúde. O dinheiro desviado para o Ceperj ou o dinheiro da propaganda que o Cláudio Castro usa é suficiente para contratar 3 mil médicos e fazer a fila do Sisreg andar. Mais do que isso, a gente precisa garantir que o secretário de Saúde não seja alguém do “toma lá, dá cá” da Assembleia Legislativa. Nós vimos nos governos de Witzel e de Cláudio Castro que, durante a pandemia, o Rio foi o lugar onde mais morreu gente. O secretário de Saúde foi preso durante a pandemia. Isso vai acabar. A gente vai blindar a Secretaria de Saúde para não ter influência política nem roubalheira. E o governo do Rio tem que se relacionar bem com o governo federal. São seis hospitais federais de grande porte no Rio hoje. Nós vamos conversar com os prefeitos, com o governo federal e organizar a oferta de leitos para que as pessoas sejam atendidas o mais rápido possível, com maior contratação de médicos e garantindo remédios nas unidades.
O senhor já defendeu a descriminalização das drogas e agora voltou atrás. O que o fez mudar de ideia?
Eu sou contra a legalização das drogas, justamente pela capacidade de ouvir, principalmente as mulheres, mães e avós que moram em lugares onde já tem muita droga, muitas armas, tiro, morte e não tem governo. Por isso que eu estou defendendo o Bairro Prosperidade, um investimento que está dando muito certo no México e eu quero trazer para o Rio de Janeiro, onde a criança vai ter esportes, integração da escola com o que acontece nas áreas de lazer, formação e capacitação para que as mulheres consigam ter profissões melhores, investimento social nas áreas de violência. É isso que as mulheres, mães e avós estão esperando da gente. Foi ouvindo elas que eu mudei de opinião, e mudar de opinião, eu te garanto, é uma coisa muito boa. Eu acho que quem vai governar o Rio tem que ter a capacidade de ouvir a sociedade e mudar de opinião. Quem diz que não muda de opinião nunca não tem condições de governar o Rio de Janeiro.
Por que acha que os eleitores deveriam escolher o senhor?
Os moradores do Estado têm como principal característica a honestidade e o trabalho, assim como foi a vida do meu pai e da minha mãe. Eu venho de uma família de trabalhadores, honesta, como a imensa maioria das famílias do Estado do Rio. O trabalho com honestidade pode mudar nossa história. A gente vai cortar essa corrente do mal e colocar o Rio de pé, trazer emprego, renda, prosperidade, oportunidade. O Rio não pode mais continuar tendo ameaça de governador preso, cinco secretários presos. A gente já não sabe mais a diferença entre crime e política. É isso que a gente precisa romper. Derrotar essa máfia e colocar um governo que traga a possibilidade de realizações, através de trabalho e honestidade. É isso que está em jogo e é por isso que eu tenho certeza que a população vai votar no 40.