No caminho para concorrer ao voto dos fluminenses e comandar o Palácio Guanabara pelos próximos quatro anos, os candidatos ao governo passaram por várias idas e vindas, tanto nas suas alianças eleitorais, quanto nos desempenhos nas pesquisas. Na busca por ampliar, logo de cara, o eleitorado, quem saiu de um ponto de partida mais vantajoso foi o governador Cláudio Castro (PL), que lidera uma coligação de 14 partidos, passando por diferentes faixas do espectro político. Marcelo Freixo (PSB), por outro lado, reuniu as três federações firmadas neste ano, em um total de oito legendas da esquerda ao centro, com a união ao PSDB de seu vice, Cesar Maia. Ex-prefeito de Niterói, Rodrigo Neves (PDT) buscou na parceria com o PSD de Eduardo Paes uma aliança que aumentasse sua visibilidade do outro lado da Baía de Guanabara. No entanto, apesar da coligação entre gestores de algumas das cidades mais importantes do estado, as pesquisas mostraram, consistentemente, uma disputa centrada entre Castro e Freixo, em uma versão fluminense da polarização nacional. A seguir você confere a trajetória dos candidatos ao longo do período de campanha eleitoral e seus respectivos desempenhos nas pesquisas de intenções de voto, de acordo com a média de todas as análises publicadas no agregador do site Poder 360.
Cláudio Castro (PL)
Cláudio Castro fez uma campanha eleitoral maciça com o objetivo de fortalecer sua imagem de governador e se desvincular do ex-chefe do Executivo fluminense, Wilson Witzel (PMB). Castro assumiu o cargo após Witzel sofrer um processo de impeachment e ser afastado definitivamente em 2021.
Na corrida pela reeleição, a primeira opção do governador para vice foi por Washington Reis (MDB), ex-prefeito de Duque de Caxias, cidade com o segundo maior colégio eleitoral do estado. No entanto, Reis renunciou ao cargo depois que o Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro indeferiu seu registro de candidatura devido a uma condenação do STF por crime ambiental, cometido em seu primeiro mandato como gestor do município. Entre os diversos nomes cogitados para assumir a vaga, Thiago Pampolha (União Brasil) foi o escolhido. Em sabatina do O Dia, publicada na edição de domingo passado (25), Castro declarou que a escolha de Pampolha se deu pelo fato dele ser “um deputado jovem, da Zona Oeste, com experiência e que pertence a um partido coligado”.
O encontro de Castro com 63 prefeitos apoiadores de sua reeleição e as 50 carreatas que ocorreu simultaneamente em diversos municípios do Rio, demonstraram a busca do governador por votos em todas as regiões do estado e a sua intenção de construir um governo mais integrado e de diálogo. No cenário pré-eleitoral, o governador teve um ponto de partida consistente. Em março e abril, ele se manteve com 22% das intenções de voto, iniciando a trajetória de crescimento em maio. Após bater 27% da preferência do eleitorado em julho, o governador passou por uma leve queda, retomando o crescimento no mês seguinte. Desde setembro, a liderança se consolidou em percentual acima dos 30%. Na última semana, abriu mais de 10 pontos de diferença para o segundo colocado, chegando perto dos 50% nas contagens de votos válidos, o que pode garantir uma vitória ainda no primeiro turno.
Marcelo Freixo (PSB)
Diferentemente das candidaturas anteriores, nestas eleições Marcelo Freixo (PSB) demonstrou uma postura mais alinhada às pautas conservadoras, afastando-se de temas polêmicos defendidos pela esquerda, como, por exemplo, a legalização das drogas.
A aliança com seu vice Cesar Maia (PSDB) ilustra uma aproximação com o centro, com o objetivo de ter o apoio da bancada conservadora da Alerj e assim, caso seja eleito, ter mais governabilidade. Outro fator para a escolha, é a vasta experiência administrativa de Maia, já que Freixo atuou apenas na área legislativa. O companheiro de chapa do pessebista já foi prefeito do Rio de Janeiro por três mandatos (de 1993 a 1997, e de 2001 a 2009).
Nas pesquisas, Freixo iniciou sua trajetória com 22% das intenções de voto no cenário pré-eleitoral, em março. Este índice se manteve praticamente estável nos meses que se seguiram de abril a julho. Em agosto, o candidato teve uma queda nas intenções de voto e viu sua distância para Castro aumentar. O início de setembro foi o momento em que ele mais cresceu, chegando a estar em empate técnico com o líder nas pesquisas. Finalmente, o postulante consolidou suas intenções de voto em 26% no último dia 29.
Rodrigo Neves (PDT)
Rodrigo Neves (PDT) apostou na sua experiência como prefeito de Niterói para lançar-se na corrida ao governo do Rio. Durante a campanha, o candidato buscou conquistar o eleitorado apresentando os resultados de sua gestão de dois mandatos na antiga capital do Estado do Rio, antes da fusão.
O advogado e ex-presidente da OAB Felipe Santa Cruz (PSD), vice de Neves, foi o responsável por garantir a aliança com o prefeito Eduardo Paes, seu padrinho político e correligionário, fazendo a ponte entre Rio e Niterói. Na reta final da campanha, o pedetista buscou conquistar os votos dos eleitores indecisos e daqueles que não desejam votar nem em Castro e nem em Freixo.
Rodrigo Neves iniciou sua trajetória com 9% das intenções de voto em março, registrando uma queda nos meses seguintes até ficar com apenas 5,4% das intenções de voto em agosto. Neves passou a mostrar uma recuperação em setembro, retornando ao patamar dos 9% no fim do mês.
Demais Candidatos
Ao contrário do que ocorreu em 2018, quando o então desconhecido ex-juiz federal Wilson Witzel, então filiado ao PSC, saiu de um dígito nas primeiras pesquisas para se consolidar como novo governador, em 2020 não houve surpresas. O ex-governador, agora no PMB, tenta voltar a comandar o Palácio Guanabara, mas sua candidatura foi indeferida tanto pelo TRE-RJ, como pelo próprio TSE. Na nova empreitada, manteve-se na casa dos 2%, com variações de acordo com o instituto responsável pelo levantamento. Já o deputado federal Paulo Ganime (Novo), que participou de todos os três debates na TV, teve seu melhor desempenho em 3%. Juliete Pantoja (UP) chegou a 2%, enquanto Luiz Eugenio Honorato (PCO) — que também teve o registro indeferido pela Justiça Eleitoral —, oscilou entre 0 e 1%. A exceção a esta tendência foram Cyro Garcia (PSTU) e Eduardo Serra (PCB): ambos iniciaram a corrida com 4% e 5%, respectivamente, dando margem à interpretação de que estariam sendo confundidos com o presidenciável Ciro Gomes e com o senador José Serra. Na reta final, eles se consolidaram com 2% das intenções de voto.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.