Daniela do Waguinho e Talíria Petrone encabeçam candidaturas femininas do Rio em Brasília
Daniela do Waguinho (União Brasil) e Talíria Petrone (Psol), foram as mais votadas no Rio. Benedita da Silva (PT) é reeleita e vai para o seu quinto mandato, sendo o terceiro consecutivo
Talíria Petrone (Psol) é a segunda mulher mais votada no estado do Rio - Divulgação
Talíria Petrone (Psol) é a segunda mulher mais votada no estado do RioDivulgação
Rio - As mulheres continuam chegando com força na política e ocupando lugares que antes eram majoritariamente masculinos. A deputada federal Daniela do Waguinho (União Brasil) quebrou recordes e foi a mais votada no Rio de Janeiro, sendo reeleita com 213.706 votos. A deputada federal Talíria Petrone (Psol) foi a terceira mais votada do estado, alcançando 198.548 votos, ficando atrás apenas do General Pazuello (PL).
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As deputadas federais Daniela e Talíria estão entre as oito deputadas mulheres que foram eleitas e reeleita no último domingo (2) no estado do Rio. Deputada federal desde 2018, Daniela, que foi a mais votada este ano, é esposa do prefeito do município de Belford Roxo, Waguinho, e é considerada uma representante forte da Baixada Fluminense.
Formada em pedagogia, suas pautas são voltadas principalmente para proteção das mulheres, crianças, idosos e autistas. Daniela é autora da lei que cria o Dia Nacional da Luta contra a Endometriose, publicada em abril deste ano. Ela acompanhou a votação do último domingo em Belford Roxo, ao lado de seu marido e familiares.
"Quero agradecer a todos pela votação linda e histórica do estado do Rio, especial da Baixada Fluminense. Vocês sabem que eu sou uma representante muito forte da baixada, então quero reafirmar aqui meu compromisso e seguir minhas pautas", disse a deputada ao ser reeleita. "Quero muito continuar contribuindo, fortalecendo a nossa Baixada e gerando empregos. Podem esperar o melhor de mim", afirmou ela em seu discurso no palanque.
Daniela se emocionou e homenageou seu marido. Seu público chegou a gritar "Segue o líder" após o resultado das votações. "Chegar a ser a primeira do estado é porque eu tenho um exército que não é um time, mas uma seleção. Para as pessoas guerreiras que não mediram esforços para estar comigo nas ruas, eu quero agradecer e retribuir da melhor forma", declarou. "Foi Deus que me escolheu estar aqui em 2018 e, agora, ele permitiu que eu fosse reeleita", concluiu.
A deputada federal ainda afirmou que já sofreu preconceito, em sua trajetória política, por ser mulher e esposa de prefeito. "As maiores dificuldades que encontrei foram o preconceito por ser mulher e esposa de prefeito. Mas, sou muito persistente e estudiosa, as dificuldades não me abatem. A voz feminina com poder contribui para irmos reduzindo as resistências, por isso eu luto para que as mulheres tenham cada vez mais espaço nas casas legislativas", acrescentou.
Taliria Petrone, professora de história e mestre em serviço social, se elegeu como vereadora em 2016, sendo a mais votada de Niterói, Região Metropolitana do Rio, e foi a única mulher em exercício na Câmara dos Vereadores a presidir a Comissão de Direitos Humanos. Em 2018, ela foi eleita deputada federal e suas pautas principais são ligadas aos Direitos Humanos, Educação, Gênero e Meio Ambiente.
Durante seu mandato federal, apresentou mais de 100 projetos de lei e teve sua primeira filha. A deputada federal se considera mãe feminista, defendendo o direito da mulher de maternar. Em sua campanha para reeleição deste ano, Taliria engravidou de seu segundo filho.
Taliria acompanhou a apuração dos votos em Niterói, no bairro da Cantareira, ao lado do deputado estadual Flavio Serafini, familiares e apoiadores. Em seu discurso após o resultado da reeleição, a deputada federal agradeceu o apoio de sua mãe, do pai de sua filha e de mulheres que a ajudaram durante a campanha. "Eu, como mulher preta e mãe, diferentemente de muitas mulheres, minha filha tem um pai que chega junto. Então, eu queria mandar um beijo para ele. Para que fosse possível ir para a rua, tinham mulheres cuidando da minha filha. Minha mãe, a mãe do Felipe, porque não é possível ter mulher na política sem ter rede de apoio", declarou ela.
"Há quatro anos atrás fazíamos uma campanha em 2018 no meio de muita dor, no ano que Marielle foi executada. Ela morreu com tanto tiro no rosto que nem pudemos olhar para ela no caixão", relembrou Talíria."No meio do luto, da dor, topamos a tarefa coletiva de ocupar o Congresso Nacional com os nossos corpos", completou.
A deputada agradeceu e reiterou seus compromissos com a sociedade em suas redes sociais. "Agradecemos imensamente a quem depositou nas urnas sua confiança ao nosso mandato preto, feminista, antirracista e popular e nos reelegeu para mais quatro anos na Câmara Federal", disse. A deputada mencionou que foram quase 100 mil votos a mais em relação a 2018. "Saímos de 107 mil votos para quase 200 mil. Ampliamos a nossa voz, a nossa política e as nossas cores. Não nos calaram e nem nos calarão", completou ela.
De acordo com o professor e pesquisador da Escola de Ciências Sociais da FGV, Sérgio Praça, o aumento de mulheres na política brasileira se dá, principalmente, pelo fato das pautas de feminismo estarem sendo debatidas atualmente. "Tem havido uma legitimação das mulheres na política e isso é muito positivo. Há 10, 15 anos atrás, isso não era tão comum. Há diversas explicações para isso, mas, principalmente, o meio cultural, no sentido de que a pauta feminista aumentou e melhorou nos últimos anos, tem muita relevância", disse. "No geral, mulheres na política significam uma renovação, muita das vezes sendo mais honestas do que os homens", acrescentou.
Reeleita pela quinta vez
Aos 80 anos e com quase 40 na política, Benedita da Silva (PT) é reeleita deputada federal, com 113.831 votos pelo Rio de Janeiro, chegando ao seu quinto mandato na Câmara Federal.
De origem humilde, a deputada interrompeu os estudos para ajudar a família de 14 irmãos e chegou a trabalhar como tecelã em uma fábrica de tecidos antes de iniciar sua militância nos movimentos negro e feminista nos anos da ditadura militar no Brasil. Voltou a estudar, foi auxiliar de enfermagem e, depois, estudou serviço social.
Durante a pandemia da Covid-19, Benedita propôs na Câmara dos Deputados o projeto de lei que homenageia o compositor Aldir Blanc, instituindo a obrigatoriedade do Governo Federal repassar R$ 3 bilhões aos estados e municípios para ações emergenciais de apoio ao setor cultural e aos artistas.
"A minha reeleição é reflexo da luta necessária que realizamos nas ruas, praças e Parlamento, seja no combate à fome, contra o racismo ou também na defesa de um país mais justo para todos e todas", disse a deputada após ser reeleita. "Nesse sentido, eu costumo lembrar sempre a poesia de Nelson Cavaquinho, pois acredito, seguramente, que o “O sol há de brilhar mais uma vez, que a luz há de chegar aos corações, que o mal será queimada a semente e o amor será eterno novamente", completou.
Deputadas federais no Rio
Além das deputadas Daniela, Talíria e Benedita, outras também fazem parte da lista de eleitas no último domingo (2). A deputada Jandira Feghali (PCdoB), foi eleita com 85.054 votos e irá exercer seu sétimo mandato, a deputada Rosângela Gomes (Republicanos), com 76.292 votos, Dani Cunha (União), filha de Eduardo Cunha, com 75.810 votos, Laura Carneiro (PSD), com 48.073 votos e Soraya Santos (PL), com 130.379 votos.
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