André Ceciliano, Lula, Daniela do Waguinho e Wagner Carneiro, o WaguinhoDivulgação

A campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conquistou um forte aliado no Rio de Janeiro. Nesta segunda-feira (10) o prefeito de Belford Roxo e presidente estadual do União Brasil, Wagner dos Santos Carneiro, o Waguinho, enfim declarou seu apoio à candidatura do petista. E já marcou um evento no próximo dia 11, em Heliópolis.
O comunicado era um dos mais esperados por Lula e seus aliados no Rio, que não têm bases sólidas na Baixada Fluminense. Além de grande força política — que rendeu à sua esposa, Daniela do Waguinho, mais de 200 mil votos e fez dela a deputada federal mais votada no Rio —, Waguinho é um forte interlocutor no meio evangélico.
Ao longo desta semana, o prefeito mais cobiçado da Baixada Fluminense chegou a se aproximar de Lula, participando de um almoço para o ex-presidente a convite de André Ceciliano (PT), presidente da Assembleia Legislativa do Rio. Mas recuou após receber duras críticas do deputado ultrabolsonarista Otoni de Paula (MDB) e um convite do senador Flávio Bolsonaro (PL) para ir a Brasília.
No entanto, Waguinho acabou pendendo novamente para o lado de Lula, após encontro com o candidato na última quinta (6), no hotel Gran Mercure, em São Paulo. Acompanhado da esposa, ambos foram recebidos com honrarias de chefe de Estado. Outro motivo que pesou na escolha do prefeito foi uma racha em seu partido, que estipulou que os correligionários estariam livres para declarar apoio em quem desejassem.
Confira abaixo a nota oficial emitida à imprensa nesta segunda.
"Na condição de presidente estadual do União Brasil do Rio de Janeiro, parabenizo o processo democrático que culminou, de forma pacífica, na ida de Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro para o 2º turno das eleições presidenciais. Sendo assim, a nossa decisão foi de liberar os membros do partido para votarem de acordo com as suas próprias escolhas.

Como presidente de partido e prefeito, tenho a responsabilidade de ouvir as propostas dos dois lados, vislumbrando o melhor cenário para o Estado do Rio de Janeiro e, em especial, para a Baixada Fluminense. Deixo claro que sou aliado ao governador Cláudio Castro, que muito tem contribuído como gestor estadual, assim como respeito o presidente Jair Bolsonaro e o senador Flávio Bolsonaro.

Porém, faço aqui a minha declaração de voto: no segundo turno da eleição presidencial, que irá ocorrer no dia 30 de outubro, votarei em Luiz Inácio Lula da Silva, por sua história de luta pela democracia e inclusão social, pois acredito ser este o caminho mais apropriado, neste momento, para o nosso país.

Aproveito, para convidar a todos para, nesta terça-feira (11), às 18h, participarem conosco do ato de apoio ao presidente Lula, em Belford Roxo. O evento será na Rua João Alves Faria, SN, Campo do Heliópolis. A presença de vocês é muito importante."
Estratégia diferente
Na corrida presidencial, a equipe que cuida de campanha do ex-presidente Lula no estado do Rio está traçando uma estratégia diferente para aumentar a aceitação do petista os fluminenses. E a nova palavra de ordem é “fortalecimento”.
A coordenação da campanha espera contar com alguns nomes de peso em articulações que acontecerão em um nível mais geográfico, com base em um mapeamento das regiões do estado e dos candidatos mais bem votados em cada localidade.
Neste sentido, políticos como Alessandro Molon e Marcelo Freixo, do PSB, e Chico Alencar, do Psol, irão atuar na Zona Sul do Rio, onde obtiveram uma votação mais expressiva. Outros, como Lindbergh Farias (PT) e Renata Souza (PSOL), atuarão em comunidades – ambos obtiveram um grande número de votos  em localidades como Rocinha, Vidigal, Maré e Rio das Pedras.
Do outro lado da ponte, a mobilização fica com Rodrigo Neves (PDT), Talíria Petrone (PSOL) e os petistas Washington Quaquá, Dimas Gadelha e o prefeito de Maricá, Fabiano Horta, para tentar angariar votos na região de Niterói e São Gonçalo — além de buscar reverter o resultado na única cidade fluminense sob comando do PT, que deu mais votos a Jair Bolsonaro (PL).
Mudança de tom na capital
Na capital do estado, sob a batuta de Eduardo Paes (PSD), a ordem será dar uma guinada no discurso. O tom de defesa da democracia usado no primeiro turno será substituído pelo foco nos problemas do dia a dia dos cariocas e de toda a população fluminense.
Neste ponto, assuntos como saneamento básico, obras de infraestrutura e déficit habitacional serão levantados pelos apoiadores de Lula, lembrando melhorias implementadas graças a iniciativas como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o Minha Casa Minha Vida. A campanha também passa por argumentar que, embora Bolsonaro tenha se lançado na política no Rio, sua administração não teria beneficiado o estado.
O imbróglio que envolve o Galeão também entrará na roda. A licitação do principal aeroporto do Rio, da forma como foi proposta originalmente pelo governo federal, causou grande polêmica. As classes política e empresarial se mobilizaram de forma contrária, argumentando que o modelo transformaria o Santos Dumont em um concorrente, quando na verdade deveria funcionar como um aeroporto de apoio. 
Nos últimos dias, o prefeito do Rio tem se reunido com André Ceciliano para definir estratégias de atuação na Zona Oeste da cidade e na Baixada Fluminense. Os dois têm procurado diretamente a classe política para ampliar os apoios e a estrutura de campanha, defendendo que os políticos do grupo voltem aos seus redutos não só para agradecer pelos votos recebidos — como para trabalhar por Lula, com caminhadas, panfletagens, eventos e carreatas.
A deputada estadual reeleita Lucinha (PSDB) vai atuar em Santa Cruz e Campo Grande. Eduardo Cavaliere (PSD), eleito pela primeira vez como deputado estadual, pedirá votos para Lula nas zonas Oeste e Norte, e em Jacarepaguá. O deputado federal Pedro Paulo (PSD), forte na Zona Norte e também em Jacarepaguá, vai somar esforços para alavancar a candidatura do ex-presidente. E, embora não tenha sido eleito deputado federal, Aquiles Barreto é o nome indicado para ajudar na Região dos Lagos e no interior do estado.
A função do médico e ex-secretário municipal de Saúde Daniel Soranz será diferente. Com um eleitorado de viés mais temático, o candidato com o maior número de votos do PSD vai focar no discurso: sua missão será trabalhar o convencimento de eleitores pelo viés da defesa do Sistema Único de Saúde (SUS).
Com isso, o que se espera é virar a eleição presidencial na cidade, onde o candidato do PL venceu com uma diferença de 127 mil votos.