Paulo Dantas foi afastado do cargo pelo STJReprodução

O governador de Alagoas, Paulo Dantas (MDB), se manifestou nas redes sociais após ser alvo de uma operação da Polícia Federal que investiga supostos desvios de dinheiro público. Na publicação, Dantas chamou a ação "grotesca" afirmando que a mesma tentou manchar a sua reeleição ao governo do estado. O candidato ainda classificou a operação como uma "encenação" da PF para tentar derrubar sua candidatura. Ele foi afastado do cargo a pedido do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

"Uma ala da PF, sob pretexto de investigar acusações de 2017, pediu à Justiça o meu afastamento do cargo, a poucos dias do 2º turno, e estando com 20 pontos à frente", escreveu.

"Tudo não passa de encenação, teatro. E essa tentativa é muito fácil de ser desconstruída, pois foi anunciada por adversários — o que evidencia a manipulação da operação policial", afirmou o governador.

O governador foi um dos alvos de uma operação da Polícia Federal deflagrada na terça-feira (11). A ação do Ministério Público Federal (MPF) investiga supostos casos de desvio de dinheiro público na Assembleia Legislativa do estado.

Na operação, apelidada de Edema, foram cumpridos 31 mandados de busca e apreensão, inclusive na Assembleia Legislativa de Alagoas, no Palácio do Governo do Estado, e na casa de Dantas e de parentes. A ação apura supostos desvios públicos desde 2019.

Entre as ações contra o candidato à reeleição está o bloqueio de bens, que chega a R$ 54 milhões e, segundo as investigações, os principais beneficiários eram o governador e a esposa, a prefeita da cidade de Batalha, Marina Thereza Dantas. A irmã de Dantas também está sendo investigada. O processo corre em sigilo e centenas de imóveis já foram apreendidos.
De acordo com o MPF, a quantia que teria sido desviada foi utilizada, em parte, para pagamento de despesas pessoais, pagamento de advogados, transferências a familiares e compra de bens.
Na ação, R$ 100 mil em espécie foram apreendidos na casa de Dantas, além de mais R$ 14 mil com ele em um hotel em São Paulo e R$ 150 mil na casa de um cunhado.
A Justiça também determinou o sequestro de bens e valores dos envolvidos na quantia desviada. Eles são investigados suspeitos de organização criminosa, peculato e lavagem de dinheiro.
O governador, a princípio, vai ficar afastado do posto por 180 dias. Na decisão, o STJ determinou que Dantas e os outros investigados — que não tiveram os nomes divulgados — não mantenham contato entre si e não frequentem os órgãos envolvidos na ação.
Dantas foi alvo de buscas de pessoas em um hotel em São Paulo, onde está hospedado. Na ocasião, a Polícia Federal apreendeu, além do dinheiro, o celular dele.
Pai acusa o próprio filho
O ex-deputado estadual por Alagoas, Luiz Dantas, acusou o próprio filho, Paulo Dantas, de corrupção durante sua gestão no estado . A declaração faz parte de uma peça publicitária de Rodrigo Cunha (União Brasil), principal adversário de Paulo na disputa pelo Palácio República dos Palmares.
Na peça, o ex-parlamentar acusou o filho de participar de um esquema de chancela de documentos e que os municípios de Batalha e Major Izidoro foram prejudicados pelo atual governador. Luiz Dantas ainda se disse surpreso com a atuação do governo e acusou Paulo Dantas de traição.
Paulo Dantas assumiu o governo de Alagoas após a saída de Renan Filho (MDB) para se candidatar ao Senado. O vice de Filho, Luciano Barbosa (MDB), deixou o cargo após ser eleito prefeito de Arapiraca.
Dantas concorre no segundo turno das eleições 2022 contra o candidato do União Brasil, Rodrigo Cunha, ao governo de Alagoas . A disputa será no dia 30 deste mês. Na primeira rodada de votação, Dantas ficou à frente, com 708.984 votos (46,64%) e Cunha, teve 407.220 votos (26,79%).