A queda drástica na imunização infantil é um dos problemas a ser enfrentado pelo próximo presidente da RepúblicaDivulgação Ascom PMN - Foto: Bruno Eduardo Alves

Nos últimos anos, o mundo enfrentou uma enorme crise devido à pandemia da Covid-19. Somente o Brasil registrou mais de 687 mil mortes até a última segunda-feira (24), de acordo com o Ministério da Saúde. A pandemia causou uma crise no governo federal: Dois ministros foram trocados em um curto espaço de tempo, alguns estados tiveram seus representantes investigados por desvios de verba na Saúde, como aqui no Rio de Janeiro, e uma CPI foi instaurada para investigar supostas irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin.
Com a Covid-19, veio também a crise na economia: estabelecimentos comerciais fecharam, pessoas perderam os empregos e a grande maioria dos autônomos, como os vendedores ambulantes, deixaram de trabalhar com medo de levar a doença para dentro de suas casas.
Outra problemática que o país tem enfrentado é a queda drástica na imunização infantil. O número vem diminuindo de forma acelerada e é o menor nos últimos 30 anos. De acordo com o Ministério da Saúde, menos de 59% da população estava imunizada no ano passado. Em 2019, o número de vacinados era de 79%. A consequência é o reaparecimento de algumas doenças que já tinham sumido há anos, como é o caso do Sarampo e da Poliomielite.
Em 2021, uma pesquisa do Instituto Ipsos revelou que entre dez brasileiros, nove não têm condições de arcar financeiramente com serviços de saúde de qualidade. No total, são 90% dos entrevistados com idade entre 16 e 74 anos. Dentre as principais queixas estão o valor do tratamento, a distância dos postos de saúde e a dificuldade em agendar o atendimento.
Diante deste cenário, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), considerada referência mundial na área da saúde, em março deste ano divulgou uma carta aos presidenciáveis e também à sociedade com ‘propostas institucionais’ que visam garantir um futuro com “desenvolvimento sustentável, equidade, saúde e democracia”. Em defesa do Sistema Único de Saúde (SUS) e pela democracia, a Fiocruz apresenta nesta carta dez orientações estratégicas para o desenvolvimento do Brasil, como o fortalecimento do SUS, a priorização da Tecnologia, Ciência e Inovação, a promoção do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (Ceis) e uma agenda com ações integradas para “enfrentar a emergência climática e ambiental” até 2030.
Com tantos desafios pela frente, confira as propostas de governo dos candidatos à presidência da República, Jair Messias Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para a área.
Propostas de Lula para a Saúde
A principal aposta do governo de Lula é o ‘fortalecimento’ do Sistema Único de Saúde (SUS), com uma política de saúde integral e inclusiva para toda população, em especial à primeira-infância e também à mulher, com foco na prevenção de doenças e atendimento voltado para cada fase da vida feminina.
O petista visa retomar os programas sociais Mais Médicos, Farmácia Popular e também o programa nacional de vacinação. O candidato pretende, ainda, promover o atendimento a pessoas que ficaram com sequelas da Covid-19.
Outra proposta do ex-presidente para a área é a formação de profissionais de saúde e a reconstrução do Complexo Econômico e Industrial da Saúde (CIS), que consiste em uma parceria do Estado com indústrias de medicamentos, vacinas e outros insumos de base química, bem como próteses, órteses e equipamentos eletrônicos.
Propostas de Bolsonaro para a Saúde
Para o próximo triênio, se reeleito, Bolsonaro tem como foco a atenção primária da saúde, como medida de prevenção de doenças. O governo pretende ouvir nutricionistas para um plano de ‘segurança alimentar’, compatível com cada região e cultura do país. Outra proposta é a prática de exercícios físicos.
O presidente também pretende tornar o SUS mais eficiente e de acordo com às necessidades da população, promovendo uma gestão de ações articuladas entre os setores público e privado.
Com o propósito de atender a toda população, constam no projeto de governo de Bolsonaro programas como Médicos Pelo Brasil, Rede de Atenção Materna e Infantil (RAMI), Centros de Atenção Psicossocial (Caps), o Programa de Saúde Bucal, o Programa Nacional de Apoio à Atenção da Saúde da Pessoa com Deficiência (Pronas/PCD), a Estratégia da Saúde da Família e o Conecte SUS.
Já para garantir a atenção domiciliar, Bolsonaro prevê a continuação dos programas como o Farmácia Popular, o Programa Nacional de Imunizações e o ‘Saúde, na Escuta’, que visa oferecer suporte, prestar atendimento e ouvir as sugestões dos profissionais da área que participam do programa Médicos pelo Brasil. Bolsonaro também prevê a contratação de agentes comunitários de saúde já no próximo ano.
Os serviços voltados para o envelhecimento da população é outra proposta do atual presidente, que deseja desenvolver um trabalho com outras iniciativas e serviços, estimulando o envelhecimento saudável e a autonomia do idoso. Nos próximos quatro anos, o objetivo é fortalecer o Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica, o Pronon, que tem por objetivo aumentar a oferta de serviços médicos e oferecer assistência para pessoas com doenças oncológicas.
Se reeleito, o presidente deseja, ainda, democratizar os serviços de saúde e, por meio de recursos tecnológicos, fortalecer o programa da Saúde Digital, que consiste em disponibilizar as informações dos pacientes, como por exemplo as consultas anteriores e o estado de saúde, para que tanto os cidadãos, os profissionais e os gestores públicos tenham acesso e possam cuidar da melhor forma possível de cada um.