Com críticas ao STF, Bolsonaro diz que Exército descarta segurança das urnas
Em entrevista, presidente insinuou haver parcialidade da Corte ao anular processos contra Lula e ressaltou a participação das Forças Armadas no pleito eleitoral
Jair Bolsonaro (PL) criticou anulação de processos contra Lula e insinuou parcialidade em decisões do TSE - Reprodução: Redes sociais
Jair Bolsonaro (PL) criticou anulação de processos contra Lula e insinuou parcialidade em decisões do TSEReprodução: Redes sociais
O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou o Supremo Tribunal Federal (STF) e o processo eleitoral em entrevista a um podcast conservador dos Estados Unidos nesta terça-feira (25). Segundo Bolsonaro, as Forças Armadas não atestaram a confiança nas urnas eletrônicas no primeiro turno das eleições.
Durante a entrevista, o presidente da República disse ser “impossível dar um selo de credibilidade” ao processo eleitoral brasileiro, mas não apresentou provas das acusações. A fala contradiz o Ministério da Defesa, que nunca declarou haver problemas no sistema eleitoral.
"Temos uma eleição pela frente e o que nos traz certa confiança é que as Forças Armadas foram convidadas a integrar uma comissão de transparência eleitoral. E elas têm feito um papel atuante e muito bom nesse sentido. Contudo, eles me dizem que é impossível dar um selo de credibilidade, tendo em vista ainda as muitas vulnerabilidades que o sistema apresenta", disse.
Antes mesmo das eleições, Bolsonaro e seus apoiadores suspeitam da credibilidade das urnas eletrônicas e até tentaram pautar a volta do voto impresso no Congresso Nacional. Nas semanas anteriores do primeiro turno, o presidente solicitou a participação das Forças Armadas na fiscalização do processo eleitoral, pedido que foi prontamente atendido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Entretanto, o TSE solicitou a entrega do relatório feito pelo Exército sobre a confiabilidade das urnas e Bolsonaro disse que isso não era atribuição das Forças Armadas. O Ministério da Defesa negou uma auditoria nas urnas, disse que o processo de fiscalização considera dados entregues pela Justiça Eleitoral e p rometeu a entrega do documento após o segundo turno.
"Olha, as Forças Armadas não fazem auditoria. Lançaram equivocadamente. A Comissão de Transparência Eleitoral não tem essa atribuição. Furada, fake news", disse Bolsonaro, na última semana.
Ataques ao STF
Ao podcast, Bolsonaro voltou a atacar o Supremo Tribunal Federal (STF) e associou os ministros da corte ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu adversário no segundo turno. O candidato do PL criticou a decisão do ministro Edson Fachin em anular os processos contra Lula no âmbito da Operação Lava-Jato, o que liberou o petista a concorrer ao pleito deste ano.
Jair Bolsonaro ainda afirmou que Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é composto por membros indicados por Lula e insinuou a parcialidade em decisões da corte eleitoral. É fato que a maioria dos ministros foi indicado por Lula, com exceção dos ministros Alexandre de Moraes, Sérgio Silveira Banhos e Carlos Bastide Horbach, entre os membros efetivos. Moraes foi indicado a cadeira do STF por Michel Temer, enquanto Banhos e Horbach são juristas indicados por Bolsonaro.
Entre os juízes substitutos, Bolsonaro indicou André Mendonça e Kássio Nunes Marques, provenientes do STF, além de Maria Cláudia Bucchianeri. Lula indicou os ministros Dias Toffoli, Maria Isabel Gallotti e Paulo de Tarso Sanseverino.
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