Alex Cruz, de 33 anos, acredita que o resultado das eleições foi justoMarcos Porto / Agência O DIA

Rio - Mais igualdade, melhorias na saúde e na economia, além de inclusão social, são os principais desejos de cariocas e fluminenses para o próximo presidente do Brasil, após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no último domingo (30), no segundo turno das eleições. Pelas ruas da cidade do Rio, muitos acordaram nesta segunda-feira (31) com uma sensação de renovação, outros, no entanto, frustrados e decepcionados com o resultado. Na capital, Jair Bolsonaro (PL) venceu Lula (PT), com 1.929.209 dos votos, correspondendo a 52,66% dos votos válidos. No estado, Bolsonaro ganhou em 72 das 92 cidades.


O professor Alex Cruz, de 33 anos, que trabalhou como mesário no segundo turno, acredita que o resultado foi justo. A pauta que ele quer ver em destaque no próximo governo é a saúde. "A prioridade tem que ser a saúde, que anda muito defasada. Queremos mais médicos e mais acesso a exames e consultas", disse. Além disso, sua expectativa é que tenha mais igualdade na sociedade. "Quero mais igualdade de condições no acesso à educação e nas questões sociais. Também é necessário uma melhor inclusão para os mais desfavorecidos", completou.

Já para o motorista Marcelo Silva, 46, o resultado não foi nada agradável. De acordo com ele, o pleito foi "totalmente fraudulento". "Pela movimentação de campanha e pela presença das ruas, um dos candidatos arrastava multidão, enquanto o outro não", declarou. Marcelo destacou que a prioridade do novo governo é o combate à corrupção. "A corrupção trava tudo que o cidadão necessita. O novo presidente precisa atuar diretamente nessa questão. O povo precisa mudar a mentalidade para o país melhorar", concluiu.

A cidade de Niterói está na lista das cidades em que Lula venceu. Nela, o petista ganhou com 51,21% dos votos. Já Bolsonaro ficou com 48,79%. Os municípios do Rio de Janeiro com o maior índice de votos em Jair Bolsonaro foram São José do Vale do Rio Preto, com 78,15%; São Pedro da Aldeia, com 72,13%; Iguaba Grande, com 68,08%; Teresópolis, com 67,93% e Araruama, 67,76%.

Lula, por sua vez, teve o maior percentual de votos nas cidades de Rio das Flores, com 64,90%; Lajé do Muriaé (59,50%); Comendador Levy Gasparian (58, 88%); Valença (57,36%) e Carmo, com 54,63%.

Dona de uma barraca de cachorro-quente na Cinelândia, no Centro do Rio, Rejane Santos, 47, votou no município de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e demonstrou confiança no processo eleitoral e afirmou que tem esperanças de um novo governo que atenda às necessidades da população. "O novo presidente precisa garantir educação, saúde e segurança para o povo", disse. "Se os governantes fizerem a parte deles, nós, trabalhadores, faremos a nossa", finalizou.

Segundo o Tribunal Regional Eleitoral (TRE), mais de 32 milhões de eleitores no Brasil não compareceram às urnas no segundo turno. O nível de abstenção, de 20,9%, é o mais alto desde as eleições de 1998, quando 21,5% do eleitorado não votou.

O taxista Marques Teixeira, 77, foi um dos que não foram votar. Apesar do voto em sua faixa etária não ser mais obrigatório, ele se considera um “descrente” na política. “Não adianta votar porque, no final, nós não vamos poder cobrar eles mesmo", respondeu. A perspectiva do taxista com o futuro também não é boa. “Está faltando tudo. Os políticos prometem tudo e não fazem nada. Não vai ser dessa vez que vai ser diferente.”

O técnico de informática André Santana, 33, é um dos otimistas com o novo governo. Para ele, não há motivos de dúvidas no processo eleitoral. “Desde 1994 que as eleições são decididas nas urnas eletrônicas. Elas sempre ajudaram a eleger governantes de todas as áreas”, afirmou. André destacou que o maior desafio do novo governo é administrar o congresso, que ele considerou como “desfavorável”. Sua maior preocupação é com a economia. “É preciso urgentemente de uma política de revalorização da nossa moeda. Com o Real forte, o povo tem mais poder de compra e anima a economia. Acredito que vão chamar o Henrique Meirelles de novo", acrescentou.

Em contrapartida, nem todos estão felizes. Para a advogada Joyce Gaspar, 66, moradora da Barra, o sentimento é de pessimismo. “Não estou triste por mim, mas sim pelos meus netos. Eu já fiz a minha parte, espero que façam a deles", afirmou. Ela declarou nunca ter votado em Lula e apesar de criticar o “jeito grosseiro” do atual presidente, Jair Bolsonaro (PL), acredita que houve fraude nas eleições. “O STF impediu qualquer tipo de crítica ao Lula. Por que só de um lado pode falar e o outro não?, questionou. De acordo com Joyce, não há perspectiva de melhora diante do atual cenário. Ela ainda alerta para a possibilidade do vice, Geraldo Alckmin (PSB), assumir a presidência. “Não creio em melhora com esse governo e não duvido do vice (Alckmin) armar uma situação para assumir a presidência, igual ao (ex-vice-presidente Michel) Temer”, concluiu.
O aposentado Marcílio Santana, 63 anos, morador de Olaria, é um dos otimistas com o futuro do país. Segundo ele, na primeira gestão do presidente Lula, em 2002, foi quando ele obteve as maiores conquistas.
"Eu consegui financiar meu apartamento, comprei um carro e tive a garantia da minha aposentadoria. Isso tudo foi muito importante para mim", disse. "Eu conquistei, e vi grande parte da população vivendo com dignidade", completou. De acordo com Marcílio, a prioridade do novo governo deve ser a saúde. "Nós somos um país que está envelhecendo e, com isso, é importante que os dispositivos de saúde consigam atender bem essa classe, que já contribuiu muito com a nação", concluiu.
A professora de balé Flavia Leal, 35 anos, moradora do Recreio, na Zona Oeste, é mãe de dois meninos e torce que o novo governante olhe para o futuro. De acordo com ela, investir em educação para as crianças ajuda a criar um país melhor. "Espero que tenhamos um país mais unido, justo e equilibrado para meus filhos e para a juventude como um todo", afirmou.