Lula chora em discurso de transição Reprodução/Redes Sociais
"Não sejam violentos com quem pensa diferente, vamos respeitar quem não pensa como nós. Não peço para ninguém gostar de mim, mas para respeitar o resultado eleitoral", pediu o petista.
Lula disse que o País tem "um vencedor e um perdedor", destacando que "uma derrota é apenas um incentivo para me preparar melhor para outra disputa eleitoral". Para ele, o presidente Jair Bolsonaro "tem dívida com povo". "Peça desculpas pelas mentiras", completou.
Lula fez na quarta um giro por Brasília e esteve com os presidentes da Câmara e do Senado, Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), respectivamente.
Também passou pelo STF, onde encontrou com 10 dos 11 ministros da Corte - apenas Luís Roberto Barroso não esteve presente porque participa da COP 27, no Egito.
Ainda teve mais um encontro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), onde conversou com o presidente da Corte, Alexandre de Moraes.
"Moraes teve comportamento exemplar, ele foi de muita coragem e dignidade", completou o presidente eleito.
Ele voltou a dizer que o chefe do Executivo "não deve se intrometer" nas eleições internas da Câmara e no Senado.
Na tentativa de formar sua governabilidade, Lula também reforçou que não vai negociar com o Centrão, mas com parlamentares eleitos. "Governo terá diálogo com o Congresso e governadores, independentemente de partidos", disse o presidente eleito, para quem o governo não pode achar que projetos do Executivo estão perfeitos, a ponto de dispensarem colaborações. Vai conversar com todos, Parlamento, movimentos sociais e sindicais.
"É preciso conversar com movimentos sociais e sindicais", afirmou o petista. "Vou andar todos os Estados e não vai ter motociata, vai ter abraço e conversa".
"Por que as pessoas são levadas a sofrerem por conta de garantir a tal da estabilidade fiscal desse País? Por que toda hora as pessoas falam que é preciso cortar gastos, que é preciso fazer superávit, que é preciso fazer teto de gastos? Por que as mesmas pessoas que discutem teto de gastos com seriedade não discutem a questão social neste País?", questionou, em discurso no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB).
Como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo, ganhou força na equipe de transição a opção de retirar as despesas do Auxílio Brasil do teto de forma permanente, o que desagradou o mercado. Para o setor financeiro, a saída que vem sendo negociada pela equipe de transição, que também teria de ser feita via PEC, pode deteriorar a trajetória de sustentabilidade da dívida pública.
Os investidores reagiram automaticamente ao discurso desta quinta-feira, 10. Às 11h55, durante a fala de Lula, o Ibovespa, principal índice da B3, caía 2,63%, aos 110.596,89 pontos, após ceder 3,42%, na mínima aos 109.696,71 pontos.
Segundo o petista, é preciso mudar a forma de encarar determinados gastos que são feitos pelo poder público. "É preciso mudar alguns conceitos. Muitas coisas que são consideradas como gastos neste País, precisam passar a ser encaradas como investimento. Não é possível que se tenha cortado dinheiro da farmácia popular em nome de que é preciso cumprir a meta fiscal, cumprir a regra de ouro", disse Lula.
Críticos à expansão sem controle das despesas afirmam que a responsabilidade fiscal é o que permite mas gastos para o social ao se economizar com a conta de juros da dívida.
O presidente eleito lembrou que, durante seus dois mandatos, entre 2003 e 2010, o Brasil respeitou as metas fiscais, os índices de inflação e deixou o País com superávit, em vez de dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Lula reafirmou, como fez na campanha eleitoral, que o país tem que retomar a credibilidade, a estabilidade e a previsibilidade. "A sociedade não pode ser pega de surpresa", disse o petista.
Em sua primeira visita ao local onde se instalou a equipe de transição, Lula disse que os bancos públicos, como o BNDES, também precisam voltar a olhar para os temas sociais e que os financiamentos promovidos hoje por essas instituições devem ser readequados.
Lula disse que a Petrobras não será fatiada e que o Banco do Brasil e a Caixa não serão privatizados.
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