Josep Maria BartomeuAFP

O Barcelona corre risco de ser rebaixado no Campeonato Espanhol. O portal "SER", da Catalunha, revelou que o clube catalão violou os estatutos da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) por ter pago R$ 7,6 milhões à empresa de Enríquez Negreira, ex-vice-presidente do comitê de arbitragem da Espanha. 
Ao todo, foram feitos 33 pagamentos à empresa DASNIL 95 SL, com valores entre R$ 168 mil e R$ 506 mil. Os pagamentos foram realizados até 2018, ano em que Enríquez Negreira deixou o cargo de vice-presidente do comitê de arbitragem. 
A empresa do ex-árbitro recebeu aproximadamente R$ 2,9 milhões em 2016, R$ 3 milhões em 2017 e R$ 1,7 milhões em 2018. Em depoimento ao Ministério Público, Enríquez Negreira e seu filho afirmaram que nunca houve tratamento favorável ao Barcelona. 
No depoimento, Enríquez Negreira explicou que os pagamentos foram feitos para realizar um trabalho que consistia em explicar aos atletas as regras de comportamento com a arbitragem. Porém, ele nunca declarou qualquer documento comprovativo de prestação de serviço ao clube. 
Apesar de existir apenas uma suspeita de imperícia, o Barcelona pode sofrer uma grave punição, já que violou o estatuto da federação. O artigo 14 do Real Decreto da Disciplina Desportiva, publicado no Boletim Oficial da Espanha em 1993, diz que "ações destinadas a predeterminar, por preço, intimidação ou simples acordos, o resultado de uma partida ou competição" podem levar a perda de categoria ou rebaixamento.
Em defesa, o ex-presidente do Barcelona, Josep Maria Bartomeu, garantiu que os pagamentos terminaram devido a "uma política de corte de despesas". Inicialmente, a federação espanhola não intervirá no caso e aguarda mais investigações do Ministério Público. 
Presidente da La Liga descarta sanções
O presidente de La Liga, Javier Tebas, se manifestou nesta quinta-feira (16) sobre o escândalo envolvendo o Barcelona. O mandatário da liga espanhola descartou sanções esportivas ao clube catalão, mas admitiu uma insatisfação com serviços prestados pelo ex-vice-presidente do comitê de arbitragem ao Barça. 
"Não é possível que existam sanções disciplinares. Se passaram cinco anos e esse tipo de sanção prescreve após três anos de terem sido produzidos. A nível esportivo não é possível, mas pode haver sim a nível penal. Agora está o Ministério Público investigando os feitos que podem ser um delito entre particulares", disse.
"Nós, de La Liga, vamos esperar e vamos respeitar a investigação que vai fazer o Ministério Público. Caso decidam fazer a denúncia, tomaremos decisões e compareceremos pessoalmente. Se não houver reclamação, será arquivada", completou Tebas.